Capítulo 12 - Piolhos

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Benjamim foi o primeiro a recobrar os sentidos na cadeia. Ele estava acorrentado pelas mãos e pelos pés, mesma situação dos demais soldados, com exceção de Walter.

A cadeia parecia ser muita antiga e era iluminada por tochas. Benjamim estava na mesma cela que Walter, Richard, Augusto e Brian.

Os outros soldados estavam presos em cadeias ao lado e acordaram um pouco depois de Benjamim. Eles tentaram sem sucesso se libertar das correntes, porém, Benjamim permaneceu imóvel e indagou a Walter.

— Por que você está sem correntes?

— Com certeza ele é amigo do deus da bacia.

— É magia Richard. — Augusto corrigiu o seu primo e Walter se defendeu.

— Estou tão surpreso como vocês, mas não devem ter me acorrentado porque não represento perigo nenhum, afinal vocês são soldados e ainda estão com as espadas.

Brian concordou com Walter.

— É verdade, nossos escudos ficaram lá fora, mas ainda estamos com nossas espadas.

— Apenas os escolhidos de Deus podem erguer as espadas e os escudos, eles devem ter tentado, mas não conseguiram retirar as espadas da gente — afirmou Benjamim.

— Que estranho, não podem erguer as espadas, mas podem nos carregar com elas, vai entender. — falou Brian, que junto aos seus amigos tentou se libertar das correntes sem sucesso.

Benjamim, sem esforço nenhum, quebrou as correntes que o prendia e levantou-se para libertar os seus amigos que estavam presos. O líder dos valentes orientou que eles saíssem de dois em dois para não chamar muito a atenção.

Quando eles deram os primeiros passos para sair do lugar onde estavam um forte nevoeiro cobriu o lugar e o deus da magia ressurgiu.

— Aonde pensam que vão, já falei que vocês não vão sair daqui, mas já que não querem ficar na cadeia, vou deixar um presente para vocês.

O deus da magia bateu as mãos fazendo com que um pó surgisse e se espalhasse por todo o lugar. Ele desapareceu e não deu chance para os soldados o pegarem.

O pó lançado ao ar espalhou-se e caiu sobre os valentes que não sentiram nada de diferente. Com Benjamim à frente, eles chegaram ao lado de fora da prisão e avistaram os escudos dourados que estavam próximos da fonte de água.

Ao dar os primeiros passos sob a luz do sol, Brian sentiu uma coceira terrível na cabeça e o mesmo ocorreu com os demais. O único que não sentia nada era Walter. Augusto olhou a cabeça de Brian e verificou que ele estava cheio de piolhos. Eles voltaram para a sombra e a coceira passou.

Os valentes discutiram o que deviam fazer e Brian, o que mais sofria com os piolhos teve uma ideia.

— A água do chafariz que bebemos ao chegar. Acho que se molharmos a cabeça com ela não livraremos dos piolhos.

— Mas corremos o risco de desmaiarmos de novo. — alertou Nicolas.

— Nós perdemos os sentidos porque bebemos a água, agora vamos apenas molhar a cabeça.

Eles correram até a fonte e Brian se preparou para molhar a cabeça quando Benjamim o parou.

— Eu vou primeiro, espere. — Benjamim tampou a boca e o nariz, e mergulhou a cabeça na água.

A coceira passou e os valentes também molharam as suas cabeças na fonte tomando o cuidado de não beber a água, mas Daniel cometeu um erro e engoliu um pouco da água ficando um pouco tonto.

Os soldados pegaram seus escudos dourados de volta e estavam saindo de Siquém quando Daniel, afetado pela água, caiu ao solo quase desacordado. Benjamim deu uma bronca nele por não tomar cuidado e resolveu esperar até que ele se recuperasse. Naquele momento, o deus da magia reapareceu.

— Ainda não vão embora meus queridos, agora vocês vão conhecer os habitantes de Siquém, eles estão loucos para conhecê-los.

O chão tremeu e os valentes fizeram um círculo de proteção em volta de Daniel erguendo os seus escudos. Walter ficou junto a Daniel.

Os autores do barulho eram centenas de homens que não tinham pele, eram apenas caveiras vestidas como se tivessem vivido milhares de anos atrás. Eles estavam armados com paus e pedras e avançaram contra os soldados que se protegeram com seus escudos.

Walter aproveitou-se que Daniel estava no chão e cochichou ao seu ouvido.

— Seus amigos tiveram que ficar aqui por sua causa. Agora você depende deles para continuar na busca, aliás, você sempre dependeu muito dos outros para tudo. Você é fraco e sempre precisa de pessoas como Richard para lhe incentivar a voltar para a igreja.

O valente, ainda muito fraco tentou se levantar sem sucesso e o homem sem fé, ficando com os olhos negros como a noite, o fitou bem de perto. Daniel caiu desacordado tendo uma visão enquanto seus amigos lutavam contra um exército de caveiras.

Esquadrão dos Valentes Vol.2: Em busca das espadas de prataOnde histórias criam vida. Descubra agora