Esquadrão dos Valentes Vol.2: Em busca das espadas de prata

Capítulo 19 - Inferno

Os valentes foram levados para a parte de trás do castelo onde havia uma grande arena de gladiadores. Walter acompanhava os valentes de longe e ouviu a rainha propor um desafio.

— Eu tenho os melhores lutadores aqui no meu castelo e gostaria que um de vocês desafiasse o meu campeão.

Augusto recusou.

— Não podemos lutar assim, sem motivo, apenas para sua diversão.

— Acho que posso providenciar um motivo.

A rainha estalou os dedos e um alçapão se abriu abaixo dos soldados fazendo com que eles caíssem em uma jaula cercada de leões ferozes.

A monarca argumentou que os soltaria se um deles lutasse contra o seu campeão e Augusto se ofereceu para lutar, mas foi descartado pelos seus amigos que não queriam abrir mão da sua liderança, então o escolhido foi Edson, que era faixa preta em alguns tipos de luta.

Com um estalar de dedos, a rainha do ar tirou Edson da cela e o trouxe para a arena. Ela também transportou os valentes para a arquibancada, junto com centenas de súdito daquele reino.

O público gritou muito ao ver o campeão da rainha entrar na arena. Ele tinha dois metros de altura e vestia roupas de gladiador.

A rainha deu o sinal para o combate ser iniciado e o gladiador correu para cima de Edson que se esquivou dos seus poderosos golpes.

O gigante tentou dar um murro no soldado e ficou com a sua mão presa na madeira que cercava a arena. Edson aproveitou-se e aplicou diversos golpes no grandalhão para delírio dos seus amigos que torciam muito do lado de fora.

Edson estava com a luta praticamente ganha quando viu no canto da arena um jovem sentado com óculos escuros e uma bengala branca. Era o rapaz que ele tinha deixado cego em uma luta clandestina. Foi após aquele triste evento que ele abandonou as lutas e passou a ir à igreja entregando sua alma a Deus.

Ao ver o jovem cego Edson se distraiu e foi atingido pelo gigante que o pegou pelo braço e o ergueu para jogá-lo no chão. Os valentes invadiram a arena para ajudar Edson e irritaram a rainha do ar.

— Eu falei que era um contra um, agora vocês vão ter que enfrentar todos os meus campeões!

Os valentes travaram batalha contra vários guerreiros da rainha do ar enquanto Edson, quase inconsciente em um dos cantos da arena, viu o homem sem fé se aproximar e provocar-lhe uma visão.

Na sua visão, o tempo havia avançado dez anos para Edson. O valente morava sozinho em uma grande e luxuosa mansão em Avelar, capital do estado. Em um dos cômodos da enorme casa havia inúmeros troféus nas paredes porque ele havia se tornado um lutador e era um supercampeão.

Edson enriqueceu muito, porém, a fama e o sucesso o fizeram abandonar a vida cristã. Seu namoro com Nicole, uma jovem da igreja fracassou porque ela não aceitou ter um namorado que não servia a Deus.

Naquele momento de sua vida ele era o esportista mais bem pago do país e sempre aparecia nos jornais e na TV. A sua casa contava com inúmeros empregados e ele tinha uma grande comissão técnica que o treinava.

Naquela manhã, antes de iniciar uma sessão de treinamento, Edson recebeu uma ligação de Brian, que havia se tornado pastor. Brian, com muito pesar, avisou que o pastor Anderson havia falecido naquela madrugada.

Edson recebeu a notícia com profunda tristeza e ouviu um conselho de seu amigo.

— Edson, apesar de estamos muito tristes com a partida do nosso pastor, o que mais me preocupa é você meu amigo. A bíblia diz que o amanhã pertence ao Senhor e você anda muito afastado dos caminhos de Deus.

Um pouco constrangido e gaguejando, Edson respondeu.

— É verdade meu amigo, eu realmente tenho dedicado minha vida apenas a minha carreira, mas pretendo me dedicar mais a Deus quando me aposentar.

— Tudo bem Edson, mas lembre-se que o futuro pertence ao Senhor. Você virá para o funeral do nosso pastor?

— Não posso. Tenho luta daqui um mês valendo o título e tenho que me preparar. Sinto muito.

Brian entendeu o motivo, mas antes de desligar fez um pedido ao seu antigo amigo.

— Edson, hoje, antes de dormir leia o capítulo 16 do evangelho de Lucas sobre a parábola do homem rico e do mendigo Lázaro.

— Certo, vou ler sim, vou até marcar no meu celular para não esquecer.

Edson se despediu do seu amigo e voltou a treinar na academia que tinha em sua mansão.

À noite, após um dia exaustivo de treinamento, Edson foi dormir e procurou uma bíblia para ler.

Ele demorou a encontrar sua antiga bíblia e ao abri-la caíram duas fotos. Uma foto dele com o esquadrão dos valentes na época da primeira apresentação do grupo na igreja e outra em que ele estava junto com sua ex-namorada na igreja de Peniel.

Ele ficou um bom tempo olhando as fotos imaginando como seria sua vida se tivesse permanecido na igreja e casado com Nicole, hoje, ele poderia ser pai e ter uma família.

Finalmente, ele leu a passagem que falava do homem rico e do mendigo Lázaro. A palavra mexeu muito com ele e o lutador, preocupado, demorou a cair no sono.

Ao levantar-se de manhã, Edson colocou a mão no peito e sofreu um ataque cardíaco fulminante. Seus empregados tentaram socorrê-lo, mas não houve tempo.

Edson imediatamente abriu os olhos e viu que estava em um lugar horrível, onde havia muito calor e gritos de horror. Ele percebeu que estava no inferno assim como o rico da parábola. Ele olhou para o alto e viu o pastor Anderson em um lugar muito bonito e agradável.

— Pastor, por favor, me tire daqui! — suplicou Edson.

— Não posso meu filho, quem está aí não pode vir para cá e quem está aqui não pode ir aí!

— Mas pastor, minha família toda virá para cá também, eles não são salvos, isso não é justo!

— Você fez sua escolha meu filho, e eles também farão a escolha deles! Você tinha a salvação na palma de sua mão e a desperdiçou!

As chamas aumentaram e Edson gritou.

— Socorro! Eu não quero ficar aqui! Socorro pastor!

Infelizmente os valentes perderiam mais um soldado, mas em breve teriam o retorno de Benjamim, que estava muito diferente.