Capítulo 5 - Retorno

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— Apesar de odiar esta igreja eu quero ajudar sim Cezar, principalmente porque vocês estão lutando contra o meu tio e eu o odeio também, por mim ele já estaria morto e no inferno.

Anderson se assustou com as palavras de Walter.

— Não fale assim filho, não podemos desejar a morte de alguém. Esse tipo de sentimento é ruim, só traz sofrimento e amargura.

— Arthur com certeza foi o responsável pela morte do meu pai. Por isso vou ajudá-los, odeio esta igreja, mas odeio ainda mais o meu tio.

Walter levantou-se, mas antes que saísse o pastor o parou.

— Filho, você mudou muito, mas Deus não mudou, Ele é o mesmo, volte aos caminhos do Senhor.

Walter respondeu de forma muita fria.

— Pastor, esse caminho não me interessa mais, agora, eu sigo o meu próprio destino.

— Não fale assim meu filho, tenha fé em Deus?

Pela segunda vez Walter deu uma resposta que deixou o pastor Anderson chocado.

— Eu nunca tive fé pastor, sou um homem sem fé e estou muito bem assim.

Walter saiu da igreja e Cezar, assustado com o comportamento dele, comentou.

— Tinha tanta coisa para falar com ele, mas ele nem me deu chance, mas e então pastor, o que vamos fazer?

—Dentro de duas semanas teremos um feriado prolongado. Acredito que todos os soldados do esquadrão estarão aqui para visitar as suas famílias, vamos reuni-los e buscar aquelas espadas.

Cezar concordou e disse que pediria para Benjamim avisar aos seus amigos. O professor, antes de sair disse ao seu pastor.

— Que grande coincidência Walter vir nos oferecer ajuda para buscar as espadas bem no momento em que o senhor decide que devemos ter mais dois esquadrões.

— É muito estranho mesmo, mas vamos ter fé de que tudo dará certo.

No dia seguinte, Cezar estava na escola quando recebeu uma ligação de sua esposa pedindo para que ele fosse ao hospital com urgência. Era um problema com um dos seus filhos. Cezar chegou rápido ao hospital de Peniel e encontrou-se com Janet, que estava bem nervosa.

— A Alice caiu do skate e quebrou o braço.

Cezar foi apressadamente ver sua filha e ao vê-la com o braço quebrado comentou muito admirado.

— Ela quebrou o mesmo braço que eu quebrei quando tinha a idade dela, que coincidência não.

Cezar deu um grande sorriso e Janet, muito irritada, falou pausadamente.

— Eu tive que sair do meu trabalho, para vir aqui neste hospital, socorrer a nossa filha, que eu já tinha proibido de andar de skate váaaaarias vezes, e ainda tenho que ouvir você se orgulhar dela quebrar o braço!

— Não foi isso que eu quis dizer amor.

— A partir de hoje essa menina não anda mais de skate, não joga futebol e não luta judô! A partir de agora ela vai fazer somente as coisas normais que uma menina faz!

— Bom, não dá pra ela fazer nada disso com o braço quebrado mesmo. — comentou Cezar.

— E nem lavar a louça.

Janet ficou ainda mais irritada com o comentário de Alice e foi embora trabalhar sem se despedir. Cezar levou sua filha para casa e orou junto com ela agradecendo a Deus por nada mais grave ter ocorrido.

Mais tarde, Janet, agora mais calma, chegou e jantou com a sua família. Ela percebeu que Cezar estava preocupado.

— Você está pensativo amor, aconteceu alguma coisa?

— Sim e você não vai acreditar, lembra-se do Walter, filho do falecido pastor Alexander, ele voltou para cá depois de tantos anos.

— Nossa! Que surpresa mesmo, vocês eram inseparáveis, chegou a conversar com ele?

— Bem pouco, mas ele está muito diferente, bem sombrio, não lembra em nada aquele jovem cheio de alegria e irreverente que era meu amigo.

— Como assim?

Cezar contou todo o ocorrido para a sua esposa que ficou receosa de saber que o seu filho mais velho e seus amigos teriam que atravessar toda a floresta do medo. Cezar a tranquilizou lembrando-a que ele mesmo já tinha feito aquele percurso algumas vezes e que não havia perigo.

Cíntia ouviu a conversa e perguntou para o seu pai.

— Como o senhor se sentiu ao rever seu melhor amigo depois de tantos anos?

— Um pouco decepcionado, queria conversar, mas ele apenas falou a respeito das espadas de prata e foi embora. Nem parecia o grande amigo que estava sempre por perto, éramos como irmãos. A gente se divertia muito junto.

— Se divertiam até demais. — comentou Janet com um ar de reprovação.

— E vocês se reconheceram mesmo depois de tanto tempo? — perguntou Cíntia.

— Mesmo estando diferente, tanto na aparência quanto no comportamento, eu jamais me esqueceria dele.

Várias lembranças voltaram à mente de Cezar e ele lembrou-se de uma foto que havia tirado com Walter quando os dois faziam parte do esquadrão.

Janet lembrou-se que ela também estava na foto que ainda tinha o mestre Saito, o pastor Anderson e o pastor Alexander. Cezar lamentava ter perdido a foto e que ninguém tinha uma cópia. 

Janet lembrou ao seu marido que no dia seguinte, depois de quatro meses longe, Benjamim retornaria para passar o fim de semana com a família.

À noite, quando todos já estavam deitados, a campainha da casa tocou, para a surpresa de Cezar era Benjamim, que retornou um dia antes do esperado porque conseguiu dispensa de algumas aulas.

Ele deu um longo abraço em seus pais, em suas irmãs e ao ver Alice com o braço quebrado perguntou.

— O que aconteceu cabeção?

— Caí do skate.

— Quando eu tinha a sua idade eu também quebrei este mesmo braço jogando bola. — recordou-se Benjamim.

— É de família, seu pai também quebrou o mesmo braço quando tinha a idade da Alice.

— Não é não mãe. Eu não quebrei e nem pretendo quebrar. — respondeu Cíntia.

— Mas que pena. Eu queria treinar um pouco com você cabeção, pra ver se está lutando melhor.

— Você deu sorte, eu ia dar um pau em você.

Alice provocou risos nos seus familiares e Benjamim prometeu que daria uma chance a ela em outra ocasião.

Benjamim pegou as suas bagagens e as levou para o seu quarto se esparramando na cama. Ele contou as novidades sobre o curso que fazia e seu pai perguntou se ele tinha entrado em contato com os outros soldados.

O soldado imbatível respondeu que sim, mas fez um questionamento que deixou o seu pai muito incomodado.

Esquadrão dos Valentes Vol.2: Em busca das espadas de prataOnde histórias criam vida. Descubra agora