ANTOLOGIA DE PARK E BYUN | ChanBaek

4 - Já sei namorar

Baseado na música dos Tribalistas.

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Park Chanyeol estava sentado com os amigos na calçada da própria casa, ao lado da minha. Ele era meu vizinho desde que éramos crianças e quando éramos mais jovens, ele passava praticamente a tarde toda cuidando de mim enquanto minha mãe trabalhava. Talvez isso tivesse feito com que ele mantivesse apenas um único julgamento sobre minha personalidade.
Sentei-me ao lado de Chanyeol. Ele suspirou fundo e me olhou. Sabia que algo estava errado.
― Semana passada ― comecei a puxar papo  ―, você disse que eu sou infantil e eu resolvi listar cinco motivos para que tire essa ideia maluca da cabeça.
Ele sorriu. Odiei que estivesse zombando da minha seriedade. Estávamos lidando com um assunto importante.
― Certo! Essa eu quero ver. ― Girou a atenção apenas para mim.
Como ele ousava me desafiar assim?
― Número um: eu já sei fazer o meu próprio café.
Ele riu.
― Faça-me o favor! Hoje em dia com a internet, qualquer um aprende rapidinho.
Droga! Eu tinha sido pego.
― Segundo: Esses dias eu fui ao banco e paguei as contas da minha mãe.
Ele revirou os olhos, pois sabia da verdade.
― Tudo bem que ela estava comigo ― admiti. ― Mas, qual é?! Eu fiquei sozinho na fila, foi algo muito adulto, sim!
Ele me encarou, desacreditando nas minhas palavras.
― E terceiro ― continuei ―, eu adotei um cachorro.
― Sua mãe está sempre alimentando ele, não tente me enganar.
Eu tinha me esquecido que Chanyeol vivia visitando a minha casa. Era de se esperar que ele tivesse uma cúmplice. Ou seja, a minha mãe.
― Inferno!
Ele riu.
― Tudo bem, vamos para o próximo! Quarto: eu choro no banho e até já chorei dentro do ônibus.
― Você só canta no banho e mal anda de ônibus, seu mentiroso!
― Droga! ― Fiz uma careta. ― Mas presta atenção no próximo. Quinto: toda vez que alguém me pergunta se eu estou bem, sendo que eu não estou, sabe o que eu respondo?
― O que?
― Que sim. Viu? ― Fiz um suspense. ― Não é incrível?
― Claro! ― respondeu cheio de ironia ― Você é muito adulto, Baekhyun.
Levantei-me como um soldado injustiçado. Meu ego estava ferido.
― Você é um babaca, Chanyeol! Eu não sou uma criança. Fiz dezoito anos semana passada e você continua dizendo isso.
― Tá aí, fazendo birra e ainda quer que eu mude de opinião?! ― Ele se levantou e ficou de frente para o meu corpo, agachado para ficar da minha altura enquanto me encarava. ― Nem beijar de língua você sabe ainda.
Aquele maldito sorrisinho.
Pisei no pé dele com toda a força do meu ser. Ele deu um gemido de dor e eu saí pisando firme de volta para a minha casa.
― Tá vendo? ― Ele gritou de longe conforme eu caminhava para longe. ― Que marmanjo resolve esse tipo de coisa, pisando no pé de alguém? Adultos resolvem as coisas no diálogo.
― Foda-se o diálogo! ― Virei-me, o apontando. ― Crianças não falam palavrão, Chanyeol.
Ele revirou os olhos.
― Eu vou contar pra sua mãe que anda falando essas coisas.
Eu precisava resolver aquilo, as palavras de Chanyeol ultimamente estavam me tirando o sono.
Voltei até ele, fiquei alguns centímetros de tocá-lo e o encarei, sério.
― Conta também que você me viu beijando um idiota.
― O que? ― Quando o sorriso morreu, talvez houvesse notado que eu estivesse falando a verdade. ― Baekhyun, você disse que só iria beijar alguém que realmente gostasse. Não acredito que fez isso. Foi só um selinho, não foi?
Balancei a cabeça em negativo.
― Foi de língua.
Ele estava com a expressão pasma. Eu coloquei a mão na cintura, satisfeito que tivesse o atingido de alguma forma.
― As coisas mudam, Chanyeol.
― Quem foi que te beijou? Me diz que é uma boa garota e não irá magoar o coração desse bebê?
Bufei alto, impaciente. Capturei o rosto dele com as mãos. A plateia ― vulgo amigos dele ― estavam confusos com toda aquela situação.
Fechei meus olhos, aproximei meu rosto do dele e pressionei meus lábios nos de Chanyeol. A maciez me conquistou e quando a coragem estava ganha, eu continuei o beijando, experimentando como era ter nossas línguas se sentindo.
Me afastei, desacreditado. O que eu tinha acabado de fazer?
Chanyeol estava com os olhos bem abertos e o corpo imóvel.
― Quem é o adulto agora?
― Baekhyun... 
O pobrezinho estava gago. Caminhei em passos firmes como um vencedor e depois de fechar a porta da sala da minha casa, eu me joguei no sofá. Meu rosto estava vermelho e um sentimento quentinho residia na minha barriga. O sorriso aberto forçava minhas bochechas sem permissão. Eu estava a ponto de explodir de felicidade, e pedacinhos de amor riam dentro da minha orelha.
Meu celular vibrou. Era Chanyeol. Eu atendi e ele me lançou:
― E namorar, você sabe?

Fim.