11 - A maior palavra do mundo (!femme)

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Baekhyun costuma ser aquela que sonha em ganhar o mundo com palavras. Garota boba, acha que consegue tirar dos dicionários o segredo para enfrentá-lo!

Baekhyun tem cabelos rosados, mas é o tom dos lábios que me conquista de verdade. Baekhyun certa vez veio com um papo de que queria ser escritora, que queria capturar pessoas, amarrá-las bem forte em personagens e arremessá-las em histórias que em sua vida jamais aconteceria. Ela tinha um lápis na mão e toda tarde sentada ao meu lado, inventava novos universos. Ela descia o olhar para o papel e se perdia ali, mas incrivelmente voltava a me fitar nos olhos porque sabia que seria em mim onde encontraria a realidade.

Baekhyun percebia quando eu passava uma cor nova de batom, sabia quando minha roupa era nova e dizia que eu ficava muito bem de vestido ou de bermuda. Baekhyun e eu éramos inseparáveis, as mensagens eram constantes, crescemos á base dos poemas de Emily Dickinson e as letras de U2. Até que bateu, bateu o coração forte demais enquanto eu a admirava de longe, se ajeitando para o primeiro encontro. Forcei meu melhor sorriso e a alimentei com o meu melhor conselho, quando na verdade, por dentro, eu estava em pura oscilação. 

E ela se foi, foi tão linda que eu achei que nunca havia chorado tanto, mas tudo bem, o drama me fez companhia naquela noite enquanto eu me embebedava com declarações guardadas a tanto tempo.

No outro dia, eu acordei achando que havia passado um furacão no meu quarto, quando na verdade, o nome daquele sentimento era outro. Eu corri o mais rápido que pude para debaixo da nossa árvore e lá estava ela, chorando porque o tal do sentimento que ela sentia não era correspondido e o encontro não passava de uma aposta suja para conquistá-la e jogá-la fora como lixo. 

Me ajoelhei e a abracei, consolando a parte mais preciosa do meu dia. Eu costumava sugar as tristezas dos outros, no fundo, talvez fosse uma forma de também criar personagens dentro de mim, certo?

A semana inteira, a levei em todos os lugares divertidos que conhecia, mentindo para mim que, de fato, eu achava que diversão se resumia a gastar o nosso dinheiro e nossos gritos em montanhas-russas e rodas-gigantes, mas quando chegava à noite e ela se despedia de mim na porta de sua casa, eu só desejava subir os três degraus e beijá-la lentamente. Porque, bem, encontre outra coisa que faça o seu coração acelerar mais do que os segundos anteriores ao de tocar os lábios de uma pessoa que ama e depois venha me julgar.

Baekhyun tinha um dicionário no colo, foi o presente de seu último e vigésimo aniversário que eu dei para ela. Ela tentava elaborar um texto que tínhamos como dever de casa.

– Baekhyun, qual a maior palavra do mundo?

– É a palavra de 182 letras que registraram no Guiness Book. Algo como Lopadotemamachoselachogaleokranioleipsanodrimhypotirmmatosilphioparaomelitokatakechymenokichlepicossyphophattoperisteralektryonoptekephalliokigklopeleioagoiosiraiobaphetraganopterygon.

Como ela havia decorado e conseguia dizer aquilo sem perder o fôlego?

– Não! – Sorri. – A maior palavra do mundo é "Euteamo".

Baekhyun sorriu e bateu seu ombro contra o meu, aparentemente sentindo-se enganada. Eu também sorri, sabendo que ela sempre foi pé no chão, presa por livros didáticos e perdida em músicas nos fones de ouvidos, enquanto eu era páginas de diário, palavras informais, poesias rabiscadas no banheiro e discos riscados.

– E pra quem vai dar a sua maior palavra do mundo, Chanyeol?

Eu abaixei o olhar um pouco tímida.

– Isso é um segredo.

– Ei! Melhores amigas não podem ter segredos.

– Como não? Acha que eu te conto tudo?

– Pois deveria! – A voz havia saído irritada dessa vez.

Baekhyun se levantou de uma só vez, bateu uma das mãos atrás de si para tirar os resquícios de grama do vestido e com a outra, segurou os livros para que não caíssem. Ela me olhou com aquela expressão de emburrada que costumava fazer quando eu não dividia um pedaço de bolo com ela ou simplesmente dizia um "não" para qualquer pergunta que me fizesse. Saiu em passos firmes com um bico adorável. E eu a acompanhei de longe, com as mãos dentro dos bolsos da minha antiga calça jeans enquanto o pouco de cabelo solto atrapalhava minha visão. 

Distante, eu a chamei, até tentei algumas vezes fazer uma piadinha ou outra, até que escapuliu e parecia não ter volta. A maior palavra do mundo foi dita. E eu me senti tão pequena.

– Baekhyun, eu te amo.

Ela parou os passos, travou no lugar, parou de correr de mim como sempre fazia em meus pesadelos porque em meus sonhos, ela continuava fazendo morada comigo. 

Incrivelmente, ela não era como um filme irritante de segunda-feira, pois poderia vir a se repetir incontáveis vezes em meu dia que eu jamais enjoaria de assisti-la.

– Eu quero te dar a minha maior palavra do mundo – a lancei.

Baekhyun se virou e deu aquele largo sorriso, aquele que merecia a minha maior atenção, a minha admiração em excesso, minha loucura em demasia e todos os sinônimos de beleza ambulante. Ela deu aquele sorriso que me desmontava dos pés á cabeça, me montava e me tonteava só por existir. O maior sorriso que eu conhecia.

– Eu também te Lopadotemamachose...

– Baekhyun! – Interrompi a piada e ela sorriu. – Posso subir os três degraus?

Ela observou a distância dos nossos pés, sem entender a metáfora. Mas ainda assim, respondeu:

– Você demorou. 

A maior palavra até podia estar presente em todos os livros didáticos do mundo. No entanto, as mais lindas, estavam presentes nos lábios de Byun Baekhyun.

ANTOLOGIA DE PARK E BYUN  | ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora