19 - Mais amor, por favor!

31 6 0
                                    

– Qual é o seu pedido, senhor?

E Park Chanyeol idealiza em sua imaginação, tudo aquilo que gostaria de dizer a Baekhyun, o garçom vestido sempre de preto e de calça jeans, com o nome costurado a mão no lado esquerdo do peito.

Mais amor, por favor! 

Respira, claramente atordoado com o que estava lhe entalando a garganta há dias. 

Pare de forçar esse sorriso que eu sei que ele se tornou costumeiro e nem é tão bonito quanto o seu verdadeiro, nessa necessidade tola de repuxar o canto da boca e mostrar os dentes brancos unicamente para parecer simpatia a cada cliente que entra por aquela porta. Quantos por dia, mais de trinta? Você mente tudo isso? Sua cabeça deve estar doendo, doendo de tanta peça teatral em pleno dia. Está mesmo feliz com seu trabalho? Porque eu já te peguei chorando no banheiro e você nem me notou. Não me viu ter piedade por estar trancado feito passarinho em uma gaiola onde se debate contra paredes farpadas. Quero mais amor, por favor! Amor a sua própria vida, Baekhyun.

– Uma xícara de capucchino, por favor.

– Algo para acompanhar, senhor?

Me passa seu número, vamos conversar. Deixe-me entender como está seu passo, em que direção pretende levá-lo porque agora eu noto que nem do lugar consegue sair. Deixa eu te dar uma carona para a sua casa ou te levar para assistir o entardecer de onde preferir. Eu prometo te acompanhar, é só me pedir. Mas sem essa voz suave que inventou, pois eu sei que ela também é fruto do seu trabalho. Como é o som da sua risada? Será que é tão gostosa quanto os seus bolos caseiros? E os teus beijos, são tão acalorados como os croissants quentinhos que toda segunda-feira prepara? E o teu especial da casa? O que me garante que não irei cair de amores por este?

– Sem acompanhamentos.

Baekhyun suspira pesado ao notar o silêncio.

– Temos torta de limão.

Chanyeol continua concentrado em seu laptop.

– Talvez um pedaço, mas pequeno.

Baekhyun se sente satisfeito.

– Anotado! – Baekhyun sorri, esconde o bloquinho por debaixo do guardanapo de pano em seu braço e sai em passos ligeiros, pronto para levar o pedido até a cozinha e prepará-lo.

Minutos depois, volta e nota que Park Chanyeol está admirando a rua pela janela, absorto em algo que o garçom não compreende.

– Aqui está, senhor! – Coloca cuidadosamente a xícara em frente ao cliente e logo depois o prato com o pedaço de torta cortado minuciosamente, ao lado do café. Seus dedos tremem em nervosismo. – Bom apetite.

– Espere!

Baekhyun estava de costas, pronto para se retirar quando ouviu o rapaz evitar que continuasse a seguir de volta para a cozinha.

– Por que sempre pergunta o meu nome?

Baekhyun engole seco, vira-se temendo dar sinais de apreensão, mas continua intacto em sua encenação.

– Ordens da casa para nos aproximarmos do cliente, senhor.

– Pare de me chamar de senhor, somos conhecidos. Nos conhecemos no ensino médio e estudamos juntos durante dois anos, não se lembra? Sei que isso já faz oito anos, mas não se force a tanto.

Byun Baekhyun pisca sem jeito. Claro que ele se lembra, o retardo mental poderia ter o atingido em relação a algumas lições matemáticas daquela época, mas não tinha como esquecer a boca que beijou durante onze meses.

ANTOLOGIA DE PARK E BYUN  | ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora