Rafael parecia distante durante aquele fim de semana. Não checou seus e-mails, não usou o telefone e tão pouco passara um tempo com Morpheus. Sua única preocupação era Santos. A dona de um busto extremamente belo o cobiçava e o mandava voltar pra cama e, confuso, ele retornava.
O que dizer de alguém que nunca fora amado? Rafael perdia-se nos braços daquela que dava a única coisa que ele precisava: carinho. Santos era uma senhorita curiosa, falava nos momentos certos sobre assuntos específicos. Por outro lado, Rafael se via falando sobre qualquer tema que fosse interessante para si, mas muitas vezes era abafado por glúteos em seu rosto.
Passou a acreditar que amar fosse algo como aquilo e aceitou os gracejos e todas as transas que tinham em tão pouco tempo. Tornava a pensar que seria normal todas aquelas proezas e assentiu, aceitando quaisquer que fossem as consequências.
Até que o fim de semana se esvaía, sendo entregue a mais uma semana de trabalho.
O dia havia começado frio, com neblina e um vento gélido. Rafael beijara a testa de Santos concreto a ser o que um casal faria. Eles eram um casal, certo?
Ela retribuiu com um olhar distante, mirando a janela do quarto, observando a paisagem dos prédios e obras da cidade. Beijou-o na boca, e se pôs de pé, pronta para vestir uma roupa e partir. Tomaram um café simples juntos e cada um se resumiu a ir para deu destino. Rafael teria aula logo, logo e se apressou com passos rápidos, recusando a carona de sua parceira.
Seus passos agora iam rápidos, certo que estava levemente atrasado. A medida que ia andando, um pensamento feria a dignidade, agora objetificando uma teoria. O que pensariam assim que vissem o novo casal na delegacia? Somos um casal, não somos?
A mente cheia, o corte na cabeça e a dúvida incessante tornavam o destino mais longo do que nunca. Rafael pensava consigo mesmo quem poderia incomodá-lo caso fosse percebido e a resposta parecia clara como água.
Russo.
Sujeito alto, forte, era um poço de ossos quebrados com as lutas ilegais que fazia antes de tomar rumo na vida. Aquilo fora um dia seu ganha pão, tinha uma vida de rei, segundo os rumores é claro, mas usava anabolizantes que acabaram, no fim, lhe fazendo perder um rim. Era o que falavam, mas ainda havia as más línguas que diziam que na verdade, aquele rim fora perdido em uma aposta no ringue e, sem dinheiro para dar ao mafioso, fora levado pra banheira de gelo.
Mas agora, Russo era um novo homem. O homem de quase dois metros de pura audácia, cabelos loiros e barba cheia queria algo novo. Trazia no peito um distintivo, olhava pros lados com orgulho e usava o uniforme cinza como se fosse o manto de um culto.
Russo agora era policial, estava dentro da Delegacia, logo, era justo e honrado. É, deveria ser isso. Seus métodos não eram dos melhores para se obter informação e quase sempre era levado para recolher informações de bandidos fazendo o papel de policial mal. O problema é que não tinha outro policial que o acompanhasse pra fazer o bom, então quase sempre acabava com alguém com o braço quebrado ou o nariz sangrando.
Oldman diversas vezes mandou comunicados a ele ou o tirava de algum caso, mas no fim, ele sempre voltava e sempre fazia a mesma coisa.
E era esse cara que Rafael sabia que tinha uma queda por Santos. Os dois não tinham nada oficial, mas suspeitava-se quando Russo parava para observar a bunda da parceira. Era o típico cara que precisava dormir com as colegas de trabalho, porque se não, quem iria fazer isso?
Antes que desse conta, já estava de frente pro prédio da faculdade, agora preocupado em entrar e pegar um elevador. Sua longa jornada de alguns quarteirões lhe daria algo para pensar e se preocupar. Na lembrança, várias insinuações do cafajeste colocavam-no para suar frio e admitir que seria teria que aguenta-lo agora o deixava preocupado.
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Tem alguma coisa no Escuro?
Mystery / ThrillerDono de uma mente nociva e repleta de questionamentos, Rafael se levanta mais um dia para continuar em seu estágio no departamento de polícia. Sua roupa desgrenhada e sem muito brilho revelam que sua personalidade é de alguém descuidado e a beira da...