Capítulo 9: Pan de Muerto

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Ao chegar na delegacia, mesmo assustado, Rafael parecia mais concentrado. Suas mãos não suavam. Talvez realmente fosse o remédio, mas esperava que não fosse nenhum placebo idiota. Seu melhor palpite era acreditar que estava sob efeito de algo que o ajudaria e que manteria sua sanidade em perfeitas condições, ao menos enquanto decidia visitar ou não Sigma mais uma vez.

Ao entrar pela porta, engoliu em seco e foi direto para sua escrivaninha, não olhando para os lados em nenhum instante, para evitar qualquer pessoa que fosse o incomodar. Sua atenção era agora no frasco com os comprimidos que tanto protegia nas mãos. Ficaria com eles e faria de seu uso caso fosse necessário.

Passou a organizar os papéis, escrever no computador, coisas que normalmente fazia, até que Santos parou em sua frente, cerca de uma hora desde sua chegada

- Preciso de ajuda pra pegar algumas coisas no depósito.

- Só um instante que eu já vou com você.

- Eu preciso agora, Rafael.

A entonação denunciou a ele o que ela queria. Levantou no mesmo instante para ajudar a parceira, sabendo que estariam seguros lá embaixo. Não demorou para que os dois fossem caminhando juntos e Rafael, percebendo que estavam sozinhos, agarrou seu quadril e a levou para dentro do depósito.

Não perderam tempo se despindo. Aproveitaram o tempo para transar com suas roupas ali mesmo. Santos vestia uma camisa e uma saia social, acompanhada por uma meia-calça de tirar o fôlego de qualquer homem. Rafael, por outro lado, usava as mesmas roupas surradas e desbotadas de sempre, com exceção do casaco de couro preto. Ele sim estava em perfeitas condições.

- Você não quer que eu use uma camisinha? – Ele disse antes de começar, agarrado as suas nádegas.

- Só me avise antes de gozar e você tira antes. Eu preciso muito disso. – Ela dizia sedenta.

Rafael não precisou dizer mais nada. Aproveitou cada instante a seguir já que se encontrava sob efeito do medicamento. Estava forte, conciso e orgulhoso. Era um homem viril e poderoso, que não precisava ouvir nada a não ser ele mesmo. Claro, isso até não perceber que ejaculara dentro da parceira.

Santos travara os passos. Estava calada e virou-se ainda sem dizer nenhuma palavra. Seus olhos estavam repletos de medo e fúria. Rafael não teve tempo de dizer uma palavra sequer, antes que a moça arrumasse seu traje e saísse abruptamente, voltando somente para dar um tapa em seu rosto. O jovem Holmes se calou, quieto e nervoso, pavoroso pela própria atitude. O efeito do comprimido parecia diminuir, só dando tempo de cobrir o que estava nu com a roupa. Ele saiu rapidamente do depósito, mas o que via era um campo aberto com árvores médias e um coelho branco com uma cartola.

- Você está adiantado dessa vez, Alice. – O coelho tossia. Parecia velho e cansado e o olhava com uma expressão fúnebre no rosto. – O que acha de ser mãe, querida? Talvez faça um trabalho bom tendo um garotinho. O que acha de Sherlock? É, é um bom nome. – O coelho pensava consigo mesmo dessa vez.

- Por que falou o nome da mamãe? – Rafael perguntava assustado. – Ela não está por aqui, está?

- Acho que não. Deve estar se livrando do aborto que você é. – O coelho agora o observava fixamente.

As árvores aos poucos iam ficando vermelhas e sujas de sangue e Rafael sentia seu próprio corpo cortar-se. Ele agarrou a própria cabeça, mas antes de gritar, lembrara do remédio no bolso do casaco. Tirou-o das vestes o mais rápido possível e agarrou um comprimido, enfiando na guela o mais rápido possível. Rafael tossiu, mas antes que pudesse soltar um gemido, tudo a sua volta tornou-se normal e ele assustou-se.

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