0.6 || Peço que não a toque

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O sol tocava sua pele a transformando em uma obra feita para ser observada, admirada, amada. A ideia de tocá-la se transformava em magia quando se passava por sua mente. Era tão linda que tinha vontade de guardá-la dentro de si, onde pudesse ver de perto seu coração que passava por reparos. Era apaixonado por cada detalhe que a tornava única. A forma de ajeitar os cabelos, o brilho claro dos seus olhos verdes. O suave levantar do olhar e a maneira como sorri.

Patrick passava pela sua sala de estar, na sacada podia ver Ellen sentada em uma de suas cadeiras de laser, diante dela Amelie brincava com suas peças coloridas de lego. Era essa a imagem com a qual sua mente relutava ao tentar se manter em órbita.

Haviam se passado alguns dias, a relação de Patrick e Ellen continuava como antes. Fato o qual não lhe incomodava, ele entendia que as coisas não se alterariam catastroficamente de um dia para o outro. Além do mais, passavam por uma situação difícil onde sair do apartamento era uma missão quase que impossível, a mídia caía encima deles sem se importar como. Todos queriam saber o que afinal se passava na vida deles.

Ele atravessou a porta de vidro recebendo um sopro do ar fresco, o clima estava perfeito. Ele acarinhou os cabelos da garota quando passou por ela, e sentou-se próximo a Ellen deixando ao seu lado um copo de suco natural. Ela sorriu agradecida.

- Papai olha. -Amelie estendeu os braços gloriosa com o que acabará de construir- É um parque. -Disse feliz

- Uall! -Ele ficou boquiaberto, era tão... complexo e lindo.

- Aqui ficam os banquinhos... -Ela apontava para cada peça perfeitamente alocada- Aqui o jardim... bom não tinham flores de verdade então eu e mamãe usemos todas as peças rosas. Tem balanços e outros brinquedos por aqui... Aqui tem árvores, muitas. -Ela riu admirando-as

- Ficou muito bom Mely! Nossa! -Ele suspirou abismado, Ellen riu e admirou também a obra da filha, tocando e perguntando sobre.

De repente um peso enorme caiu sobre seus ombros, ele a mantinha em segurança, mas estava tirando dela o desejo de sentir-se livre. O parque não passava de uma ideia da sua imaginação mais o fato de fazê-la ter criado flores de mentira porque simplesmente, não tinham uma de verdade o entristeceu.

- Precisamos fazer alguma coisa. -Disse ao entrar

- A respeito de? -Ellen questionou

- Não a trouxemos para mantê-la em cativeiro. Trouxemos para ela se sentir feliz.

- Ela está feliz, temos feito muitas coisas divertidas aqui. -Disse

- Precisamos fazer lá fora. -Apontou

- Patrick... -Ellen estremeceu

- Está na hora Ellen, estamos prontos. Ela está pronta. -Disse, ela o olhou no fundo dos olhos, queria saber se ele dizia a verdade. Ela pensava o mesmo, mais a ideia ainda a apavorava.

- Filha! -Ela chamou sem tirar os olhos dele- Venha até aqui por favor.

- Sim mamãe. -Ela disse

- Você vai sentar aqui... -Patrick a levantou no colo e colocou-a sobre a bancada- E vai nos dizer onde quer passear. -Ele sorriu

- Podemos passear? -Ela perguntou sorridente

- Podemos. -Ellen confirmou feliz com a reação da filha.

- Bom, eu queria muito ir até o parque. -Disse tímida. - O dia está agradável e... não há muito sol. -Arranjou argumentos para receber a aprovação dos pais.

- Eu acho uma ótima ideia! -Patrick declarou

- Ebaa! -Ela saltou para abraça-los- Mas há uma coisa sobre o que precisamos conversar, não é? -Ele olhou para Ellen

Um motivo para nósOnde histórias criam vida. Descubra agora