Capítulo II

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Acampamentos E Florestas Encantadas

Finalmente, uma semana se passou e estávamos na sexta-feira, dia 9 de dezembro, o primeiro dia em que acordei feliz desde que tudo aconteceu.

Hoje as coisas começam a mudar!

Às nove da manhã, tomamos o ônibus a caminho da escola. Minha mãe não tem carro, vamos a todos os lugares de ônibus e, por mais que eu tenha insistido que posso ir sozinha, como sempre vou à escola, ela insistiu em vir comigo, era seu dia de folga e ela sempre fazia o possível para aproveitar o tempo comigo, hoje não foi diferente, o que me deixa feliz. Eu realmente não quero ficar sozinha agora e dona Helena é minha grande família, somos só nós duas, então, ter ela comigo me faz sentir como se o mundo pudesse desmoronar e nada me atingiria.

- Você pegou tudo mesmo? - pergunta, me olhando com alarde. - Camisetas, blusas de frio, escova de dentes, sabonete, toalha, calcinhas? - olho em volta, me perguntando se alguém ouvira a última palavra e dou um tapa em minha testa, rindo.

- Claro, mãe. Como eu ia esquecer logo isso?
- Ah, eu já esqueci numa viagem. Você não sabe o perrengue que foi, usar a calcinha um dia, lavar, passar um dia sem nenhuma enquanto ela seca, depois usá-la no outro. Foi terrível! - ela faz uma expressão de nojo.

- Por que você não comprou outras? - pergunto rindo.

- Minha filha, eu estava no meio do mato, no interior do interior, onde até a comida é colhida na hora. Pra arrumar uma calcinha, só se eu fizesse ela de folha de bananeira ou couro de vaca. - ri alto e ela me acompanhou, sem parar até que descemos no ponto de ônibus próximo à escola e caminharmos até ela.

- Oi, Dona Helena! - dizem meus amigos em uníssono ao verem minha mãe.

- Tirem o "dona" crianças, porque sou solteira, jovem e ainda faço sucesso! - rimos, mas ela dizia mesmo a verdade, minha mãe ainda tem seus trinta e seis anos, está levemente acima do peso, mas tem um corpo chamativo e um sorriso que esbanja simpatia. Podemos partilhar os mesmos olhos e cabelos castanho-escuros e a pele negra, mas ela é uma versão mais que melhorada de mim.

- Meninada, está na hora! - grita nosso professor responsável, Paulo, alto, magricela e sorridente. Todos se despedem de minha mãe, e eu, fico por último.

- Ei, pegou uns docinhos para acalmar os nervos? - levanta a sobrancelha.

- Itens críticos foram os primeiros à ir para a mochila, capitã! Chocolates, paçocas e balas de gelatina estão a postos! - sorrio e ela espelha meu gesto, mas parece nervosa.

- Ai, filha, estou com uma sensação estranha, acho que você não deveria ir. - suspira, segurando meus ombros, me encarando com alarde.

- Que isso, mãe! Eu fui ano passado e deu tudo certo. - olhei para trás, vendo que a fila de pessoas entrando no ônibus estava diminuindo. - Eu tenho que ir. - aquela frase dizia mais do que uma necessidade fútil de diversão, eu tinha uma vingança à concretizar, precisava agir.

- Certo, deve ser só medo de mãe coruja. - ela afirma e me abraça. - Tome cuidado, pimentinha, me ligue quando chegar lá e depois todos os dias, O.k.? - assinto e ela me puxa para um abraço. - Eu te amo, minha princesinha.

-- Eu também te amo, mãe. - suspiro em seu ombro, aquelas palavras me pareceram tão importantes naquele momento, algo me dizia que eu tinha que dizer isso agora, o quanto a amava, como se talvez fosse minha única chance em muito tempo. - Você é a melhor mãe do mundo. - seguro uma lágrima, mas vejo os olhos de minha mãe cheios delas.

Princesa, não! - Invadindo Os Contos De Fadas (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora