Corações Congelados
Menos de uma hora depois, sinto um frio congelante chicotear minhas bochechas, a grama da floresta é coberta por neve e as árvores viram trocos cadavéricos. Não há dúvidas de que chegamos, principalmente, quando avisto um gigantesco castelo de gelo.
Tento fazer com que os cavalos acelerem, começando a tremer de tanto frio. Ao chegar a frente da estrutura, que não possuía muros ou fossos, como se não precisem temer a nada que vem de fora, as portas se abrem e entro ainda montada em Rupert, descendo da cela apenas do lado de dentro, onde a temperatura não era tão desagradável, mas ainda fria o suficiente para me arrancar tremores. Os cavalos parecem entender que devem me aguardar ali e sigo adiante, pelo corredores estranhamente iluminados, sendo que não havia ali fonte alguma de luz.
De repente, ao virar em um grande corredor, a visto uma raposinha branca sentada ao fim dele. Paro, a observando, colocando lentamente a mão esquerda sobre o cabo da Kataná. Ela acompanha o movimento de minha mão e volta a me encarar, paciente, até que se levanta e avança à direita. Sigo-a, mantendo uma distância segura, através dos infinitos corredores congelados, até que ela senta-se diante de uma porta dupla.
Paro a alguns metros de distância, esperando que ela diga algo, como os outros animais, no entanto, ela apenas me encara, sustento seu olhar até ouvir um grito do outro lado da porta, de uma voz conhecida.
Corro para dentro da sala, sem pensar duas vezes, e dou de cara com Henrique, meu príncipe de olhos verdes, amarrado, de joelhos no chão, com os braços cheios de cortes, como se houvessem sido chicoteados, ao ouvir a porta ser aberta bruscamente por mim, ele me olha assustado.
Me ajoelho a sua frente, segurando seu rosto.
- Não. - ele diz com os olhos cheios de lágrimas.
- O quê?
- Você não pode ficar aqui, minha amada. Vá embora! - suplica, com as lágrimas correndo agora por sua face. - Ela não pode ter você!
Começo a chorar junto a ele, como se sua dor refletisse em mim. O abraço e desamarro suas mãos.
- Calma, meu amor, - sussurro em sua orelha. - vamos dar um jeito nisso, desamarre seus pés e permaneça na mesma posição para que ela não perceba. - ele não emite resposta, apenas apóia a cabeça em meu ombro e respira fundo. Solto-o com muito custo.
Avisto Lorenzo, Lucio e Erick, a Fera, como estátuas de gelo, no fundo da sala.
As lágrimas voltam a verter de meus olhos.
- Gostou? - uma voz feminina ecoa na sala circular. Me viro para encarar a mulher de olhos, cabelos e pele brancos e opacos, lábios levemente azulados, vestido preto, que era uma das únicas cores a destoar no ambiente, e que segurava um chicote nas mãos. Cerro os punhos, tentando conter a raiva que me dominava ao imaginá-la usando aquilo para torturar Henrique.
Ao seu lado, está certo duende dourado, com um olhar preocupado, dizendo apenas com o movimento dos lábios: "se acalme".
Notando nossa interação silenciosa, ela toca a cabeça de Rumpelstiltskin e, num piscar de olhos, seu corpo se transforma em gelo transparente e ele passa a ser mais um item decorativo.
- Como eu imaginava, vocês são amiguinhos, ou eram. - ri. - Neste caso, deve saber exatamente quem eu sou, e como apresentações não são necessárias, me diga, querida, gostou? - ela senta-se em seu trono.
- Não, seu gosto pra decoração é minimalista demais para mim. - digo, usando a arma com a qual nasci: o deboche, tentando ao máximo não demonstrar o quanto ver aquilo mexera comigo, e tentando conter todos os meus sentimentos, a qualquer custo.
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Princesa, não! - Invadindo Os Contos De Fadas (Em Revisão)
FantasyAmara, uma garota de dezesseis anos, com total aversão a palavra "princesa", só tinha um problema na vida: descobrir como se vingar de seu ex-namorado mentiroso, que estava acabando com sua imagem pela escola inteira, mas, certas vinganças não são b...