Cortem O Pé De Feijão!
- Que se dane ela! Meu Deus! Você está sangrando muito! - meus olhos estavam inundados pelas lágrimas, e minhas mãos tremiam visivelmente ao aproxima-las dos rasgos profundos feitos por aquele monstro, no braço de Henrique. - Isso é culpa minha. - sussurro, observando o sangue vertendo de sua carne viva para as folhas e a terra abaixo dele.- Ei! - ele chama a minha atenção. - Não diga isso, eu escolhi ajuda-la e não será um mero arranhão que me fará desistir. - meu rosto fica ainda mais molhado pelas lágrimas.
- Se fosse só um arranhão eu não estaria surtando! - falo alto, histérica.
- Eu vou ficar bem, só precisa me ajudar à chegar até os anões, eles conseguirão tratar este ferimento. - assinto e, cuidadosamente, o ergo do chão, servindo-lhe de apoio.
- Espera, não é melhor a gente estancar isso como fazem nos filmes? - pergunto, ao ver o sangue escorrer por seu braço e respingar na terra, fazendo uma trilha.
- O que seria... - recupera o fôlego, parecendo cansado. - um filme?
O ajudo a sentar-se no chão enquanto corto um pedaço do vestido, com a ajuda da kataná, para enfaixar seu "arranhão" sangrento.
- Quando você melhorar, eu te explico. - pisco para seus olhos entreabertos e ele me devolve um sorriso débil, que faz com que eu volte a me sentir a pior pessoa do universo por ter causado isso a alguém que me ajudou desde o instante em que me conheceu.
Voltamos a caminhar lentamente na direção que, segundo Henrique, fica a mina e logo estou praticante arrastando-o, fraco e a beira de um desmaio. Olho em volta, sentindo-me perdida, até que avisto um menino caminhando com uma vaca rajada ao seu lado, há uns vinte metros de distância de nós e grito:
- Ei! Menino! Me ajude aqui, por favor! - ele se vira e arregala os olhos ao nos avistar, correndo em nossa direção.
- O que aconteceu com vocês, moça?
- Você não acreditaria se eu dissesse. - solto um gemido. - Será que pode nos ajudar? Tem uma cidade por aqui ou algo do tipo? - ele me olha com estranheza, e penso se cidade já era um termo usado por eles. - Uma vila? Algum lugar em que possam cuidar dele? - completo e a confusão se vai.
- Eu moro aqui perto, mamãe deve conseguir ajudá-lo. - o menino magricela, de cabelos ondulados e semblante alegre, oferece apoio a Henrique no lado oposto ao meu, tomando cuidado com sua ferida e caminhamos o mais rápido possível por uma trilha de flores alaranjadas. Quando será que vou dar de cara com as flores brancas? - Vamos, Princesa! - chama, quando passamos pela vaca, que passa a nos acompanhar.
Após alguns minutos, alcançamos uma casa de madeira, muito bela, parecendo recém reformada, com um belo jardim e uma horta a sua volta, além de uma planta enorme que empinava-se atrás da mesma, cujo tronco verde, tão largo quanto a própria casa, erguia-se até as nuvens, sem que seu topo pudesse ser visto.
- Desculpe, como se chama? - perguntei ao garoto, enquanto subíamos as escadas da varanda, já imaginando a resposta.
- João, e você? - devolve, inocente.
Cara, tanta gente para aparecer no meu caminho, e dou de cara logo com esse garotinho de mãos leves. Que isso valha a pena!
- Amara. - respondo, com um suspiro.
Assim que alcançamos o topo da escada, uma mulher magra, com o rosto enrugado e castigado por prováveis anos de trabalho pesado sob o sol, de pele cor de areia, cabelos cacheados, bochechas coradas e olhos caídos, abre a porta de supetão.
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Princesa, não! - Invadindo Os Contos De Fadas (Em Revisão)
FantasyAmara, uma garota de dezesseis anos, com total aversão a palavra "princesa", só tinha um problema na vida: descobrir como se vingar de seu ex-namorado mentiroso, que estava acabando com sua imagem pela escola inteira, mas, certas vinganças não são b...