Capítulo XXIII

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Uma Casa De Palha, Uma De Madeira E Uma De Tijolos

Sentindo um cheirinho maravilhoso de sopa, resolvo bater à porta de tijolos e, eu achava que já havia visto de tudo, mas, quando um porco cuja altura, sobre duas patas, chegava até quase os meus seios, de boina, calças marrons e uma camisa branca, cobertos por um avental escrito O COZINHEIRO DA MAMÃE abre a porta, sei que este mundo ainda está cheio de surpresas.

- Oi! Tudo bem? Desculpe te incomodar, meu nome é Amara e eu preciso muito de um lugar para passar a noite, pode me ajudar? - o porco sorri para mim, roncando em seguida.

- Ah, mas é claro! - diz, simpático, e sua voz gentil me faz relaxar. - Vai ser minha primeira visitante! - solta uma risadinha alegre que quase me faz rir junto.

Ele me dá espaço e, quando entro, percebo que a casa é um pouco mais baixa do que imaginei, quase batendo a cabeça no teto.

Bom, ela não foi feita para alguém do seu tamanho, gênio!

Assim que bate a porta, o porquinho passa correndo por mim e levanta a tampa de uma panela no fogão a lenha. O cheiro atiça minhas lombrigas!

- O que tem aí? - pergunto.

- Sopa de legumes! Um pouco de mandioquinha, batata, cenoura, lentilhas, e muitos temperos, que são meu segredo de chefe e eu jamais lhe contaria quais são! - sorri, soltando um ronquinho em segunda, numa risadinha e rio de volta. A simpatia dele é contagiante. - Ora, não fique ai de pé! Puxe uma cadeira e fique a vontade! - abaixo a cabeça para passar pelo degrau no teto que dividia a pequena sala com três sofázinhos de madeira, de assentos acolchoados alaranjados, um tapete de palha trançada e uma mesinha de centro, de madeira lisa, com pedrinhas coloridas empilhadas sobre ela, como decoração, adentro a cozinha, puxo uma das cadeiras largas e baixinhas também de madeira lisa, parecidas com as da casa de Mirela, que morava com a avô, que era amante de móveis antigos. A mesa estava coberta por uma toalha branca, assim como as paredes da casa. Instantaneamente, perguntei algo que sempre quis saber:

- Senhor... - espero que me diga seu nome.

- Jair.

- Jair! - jamais imaginei um nome tão forte. - Quanto tempo levou para construir essa casa?

Nunca prestei muita atenção a esse detalhe.

- Ora, foram três dias de muito trabalho duro, até que ela estivesse pronta, mais dois para mobiliar e agora, está quase perfeita. - olhei em volta, procurando algo de errado.

- O que falta?

- A porquinha da minha vida. - ele ri e ronca, colocando na mesa um prato cheio de sopa para mim, e uma cestinha cheia de pães caseiros.

Tento não permitir que minha mente volte a vagar para Henrique, como fora por todo o dia e, agradeço à Jair, que se vira para por o próprio prato, no entanto, mal tenho tempo de mergulhar a colher na sopa antes de ouvir batidas frenéticas na porta.

O porquinho corre para abri-la e bufa ao fazê-lo.

- De novo? Vocês não tem comida em suas casas fáceis? - parece irritado.

- Ah, Jair, o cheirinho está tão bom, lembra o cheiro da comida dá mamãe. - uma voz rouca respondeu.

- Não resistimos! - uma voz mais jovem, completa.

Me viro para a sala, e observo as figuras que adentram a casa após um suspiro cansado de Jair.

Um porquinho mais alto que Jair é o primeiro, usando um macacão jeans, com uma camisa social bege de mangas curtas por baixo, tinha uma expressão levemente arrogante, o que me fez não gostar dele logo de cara, atrás dele vinha um porquinho baixinho, vestindo uma regata e bermuda, com uma expressão relaxada e distraída no rosto rechonchudo. Pela primeira vez, notei que nenhum deles usava sapatos, andando com seus cascos livres no chão.

Princesa, não! - Invadindo Os Contos De Fadas (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora