Capítulo I

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Como Não Reagir A Uma Decepção


2016, Brasil.

Ainda me lembro de quando era pequena e ouvia muitas histórias iniciadas com um "Era Uma Vez", além de assistir à diversos filmes terminados em "Felizes Para Sempre". Aquilo me fez sonhar tanto, imaginando como os garotos deveriam ser perfeitos e maravilhosos cavalheiros em armaduras brilhantes.

Eu queria um príncipe num cavalo branco, galante, doce, gentil, em resumo, o meu extremo oposto, mas, aos dezesseis,  aceitei ter como namorado apenas um cara normal, legal, algumas vezes fofo, e outras bem chato, implicante e genioso, e me apaixonei mesmo assim, negando o ditado de que os opostos se atraem, já que sou exatamente assim. Porém, agora, até mesmo essa ilusão teve fim, ontem ele terminou comigo e, cara, foram tantas frases feitas, sem contar que, hoje em dia, parece que virou moda não ter coragem de abrir a boca para uma conversa cara a cara e terminar com a namorada via torpedos!

O.k.! Quero ver você contar para a sua mãe que o gato dela morreu, assim!

Infelizmente, o pior é saber que esse é o meu valor para ele, alguns clicks, mas, olhe pelo lado bom, Amara, ao menos ele gastou alguns centavos com você, afinal, custa alguma coisa mandar torpedos, mesmo que digam:

“– Olha, não é você, sou eu que não consigo mais.” E “Acabou! Não suporto mais essa baboseira de príncipe encantado e não aguento mais você, ‘princesa’."

Eu fiquei mais chocada com aquilo do que deveria, não entendia como alguém que parecia me amar, que era quase sempre gentil e atencioso, - se eu não contar as discussões diárias, sendo ele um tanto mimado e eu facilmente irritadiça, - de repente, me odiava tanto, por eu, simplesmente, sonhar, talvez eu falasse demais sobre minhas alusões amorosas e crushs literários, mas eu não queria que ele fosse um deles, talvez apenas que se inspirasse um pouquinho, quem sabe. É pedir demais?

Rumpf. – bufo. – Como pude me apaixonar por alguém tão imbecil? – penso, mas não digo nada.

Mesmo que aquele fosse o pior momento da minha vida, já era tarde da noite, então, fui dormir, estranhamente, sem uma crise de choro. Eu estava fria quanto a todo o ocorrido, imaginando que fosse apenas um surto passageiro da parte dele, afinal, brigas entre nós não eram algo incomum, principalmente as geradas pelos meus sonhos impossíveis, que eu não conseguia evitar comentar aqui e ali, quando ele era desagradável.

Naquela noite, tive um sonho estranho, em flashes, onde vi um lindo salão de baile, cheio de pessoas, um jardim com rosas brancas e vermelhas, olhos verdes e acordei, assustada, com a imagem de um lobo enorme, de pelagem negra, pulando em minha direção.

Graças aos céus, isso ajudou a anestesiar qualquer emoção, sobre o término, que desejasse vir a tona, além disso, tinha certeza que resolveríamos tudo pessoalmente. Fiquei feliz com isso, até chegar na escola, onde percebi que cometi o grande erro de namorar Yuri, sendo ele um daqueles garotos metidos a garanhões populares e, adivinhe só, ele simplesmente espalhou para todos os alunos, com prints manipulados, que eu havia terminado com ele, do nada, sem mais nem menos, que nunca o amei, e todo um blá blá blá cínico que jamais esperei dele.

Ou seja, para todos, ele é um santo imaculado que eu, a mortal infestada de pecado, que o corrompeu e jogou fora. Oh, como eu sou cruel! Interessante como nessa história ele sai ganhando e eu perdendo, mas, o pior, é que todas as garotas tolas e loucamente apaixonadas pelo loiro alto, com olhos de cachorro que caiu do caminhão da mudança, estão o bajulando, com pena do coitadinho, enquanto cresce em seus corações um ódio terrível por mim, e os garotos obtusos, preferindo, é claro, acreditar na versão de alguém do seu sexo, me olham como se eu não valesse nada.

Princesa, não! - Invadindo Os Contos De Fadas (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora