Capítulo XII

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Um Sapo Verde, Gordo E Gosmento

Eu passei a noite inteira chorando e gritando, pedindo que me ouvissem, mas ninguém me atendia, simplesmente me largaram naquele buraco escuro à pão e água, e nem mesmo as fadas que sabiam que eu dizia a verdade haviam intervindo por mim, com toda certeza por medo deste rei surdo e desequilibrado.

Se eu fosse a Tália, nunca pisaria nesse lugar, vai que com ela, que é filha, o infeliz faz pior.

Cansada de tanto implorar, desisto, ajoelho-me no chão, agarrada as grades e soluço de tanto chorar.

- Ei, princesa, não chore. - ouço uma voz sussurrar atrás de mim e me assusto ao me virar e avistar um sapo verde e gosmento entre as barras de ferro da janela.

- Eu não sou uma princesa, senhor. - digo, ignorando todo o meu nojo por criaturas que tenham muco sobre a pele.

- Ora, e o que faz com essas vestes? - questiona.

E lá vamos nós de novo!

- Sou uma enviada da floresta, e acabei no lugar da princesa deste castelo, mas eles não acreditam em mim, acham que sou uma bruxa e lhe fiz mal. Veja, eu vim de outro mundo, passei as últimas três semanas presa a maldição dessa princesa, que manteve meu corpo adormecido, e quando finalmente acordei e tive esperanças de voltar para casa, eles arrancaram isso de mim, sem pena alguma. - sequei as lágrimas que molhavam meu rosto. - Eu só quero voltar para casa. - soluço.

- Ó, não chore, eu vou ajudá-la. - o encaro, me lembrando bem de sua história e prevendo o que ele pediria como pagamento. - Mas vou querer algo em troca.

- Um beijo, não é? - pergunto e ele parece assustado. - Não se assuste, eu conheço sua história, desde pequena, você é um príncipe amaldiçoado, a espera do beijo de uma princesa para voltar a sua forma humana. - ele parecia ainda mais temeroso. - Me perdoe, eu não sou realmente uma princesa, senhor, mas, se me ajudar, prometo que encontrará uma verdadeira. - ele parecia curioso. - Num dos castelos vizinhos, vive um príncipe chamado Lucio, ele é meu amigo e poderá depor ao meu favor, e se eu lhe pedir, ele também pode ajudá-lo a conseguir encontrar uma princesa disposta a ajudá-lo.

O sapo ficou pensativo por um momento, me analisando, decidindo se poderia ou não confiar em mim.

- Está certo, eu o procurarei, senhorita. Aguarde o meu retorno. - ele pula janela a fora e corro para a mesma, apenas para vê-lo se afastar lentamente do castelo, pedindo a Deus que ele encontrasse Lucio o mais rápido possível.

Passou-se um dia, e outro, e a cada um eu sentia meu corpo mais fraco, sentindo os efeitos da má alimentação, ou talvez sendo vítima de alguma doença desse moquifo, ou talvez até do cansaço, já que não conseguia pregar os olhos, com medo de novamente não abri-los.

Ao fim da tarde do terceiro dia, eu mal tinha energia para me levantar e olhar pela janela por mais que alguns poucos minutos.

Pensava se o sapo voltaria antes que eu definhasse até a morte, quando ouvi uma voz conhecida me chamar pela janela.

- Senhorita? - eu podia ver sua sombra a luz da lua, mas não era mais um sapo, e sim um homem.

Usei todas as minhas forças para ficar de pé e olhá-lo melhor.

- Cara, você quebrou a maldição! - exclamo, com a voz falha.

Princesa, não! - Invadindo Os Contos De Fadas (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora