Desde o começo - From the Very Start

Bom dia, Segunda.

Segunda-feira.

Sabe, muita gente não gosta da segunda-feira. Eu adoro! Deve ser porque eu gosto muito do meu trabalho, e isso me mantém tão ocupada que eu não consigo ver o tempo passar. Pode ser pelo fato de eu ter muita sorte em trabalhar com o que eu amo: fotografia.

Eu já estou no estúdio de fotografia desde quando meu curso acabou. Foi tudo muito corrido, mas eu consegui esse emprego e foi por isso que acabei ficando em Toronto, ao invés de voltar ao Brasil, embora tivesse muitos outros motivos pra ter ficado: Minha amiga Sharon com o bebê dela chegando, o Kevin precisando da minha ajuda depois da Alana ter abandonado ele após o acidente que deixou ele na cadeira de rodas, e claro, o Shawn.

Quem não gostou muito de eu ter estendido minha temporada no Canadá foi minha mãe, é claro, mas eu explico isso depois...

Sai de casa correndo (como sempre, atrasada!) e no lobby eu encontro o meu primeiro sorriso do dia: Tony!

-Bom dia, madame. - dizia ele, todas as manhãs com um sorriso doce e acenando em minha direção.

-Já fazem alguns meses que eu moro aqui, Tony, e você ainda insiste em me chamar assim. - eu falo, entregando à ele um pote de cookies que eu fiz na noite passada, típico habito de domingo.

-Força do hábito. Muito obrigada! Deve estar uma delícia!- ele agradece gentilmente.

Eu precisava mesmo correr, já eram quase 9 horas e eu não queria me atrasar. Eu abria o estúdio pois o Marco, meu chefe, confiou à mim as chaves. É o que ele diz, mas eu sei que ele queria uma boa oportunidade pra chegar só depois do meio dia.

O estúdio ficava mais ou menos quinze minutos caminhando dali, e eu gostava de caminhar até lá e aproveitar o tempo enquanto ainda era outono, e a manhã estava linda. Mas assim que cheguei, tive uma surpresa... 

-Marco! Desculpa te ligar tão cedo, é que você precisa vir aqui... Acho que fomos assaltados.. Não sei exatamente, está tudo revirado! Tudo quebrado...

-Calma, respira... Eu chego aí em 10 minutos... 

- Devo ligar pra polícia?- eu não sabia o que fazer, minhas mãos tremiam.. estava tudo no chão!

-Não, deixa que eu chego aí e vejo o que fazemos. Acho melhor você fechar a porta e esperar na cafeteria em frente, é mais seguro.

Fiz o que o Marco disse. O que poderia ser? Como alguém pode assaltar um estúdio de fotografia? Nós não mexíamos com dinheiro lá, e só haviam duas câmeras fotográficas lá, e será que alguém iria arriscar tudo por isso ou por meia duzia de equipamentos de luz e fotografia?

Assim que ele chegou, arrumamos tudo, explicamos aos policiais o que aconteceu e eles confiscaram as câmeras de segurança e disseram que iriam checar tudo e nos posicionar sobre qualquer novidade.

Quando me dei conta , já eram 13h . Meu estômago começou a avisar que era hora de almoçar.

-Tess, hoje não temos nada marcado, então acho melhor fecharmos . Já está tudo arrumado aqui, então vai pra casa, e amanhã eu venho abrir, ok?

Eu fiquei aliviada, pois aquilo realmente me assustou.

-Marco, você acha que pode ter sido alguém que, você sabe... Vem me mandando aquelas mensagens ? - eu perguntei.

- Eu não sei, não sumiu nada aqui. Quem quer que tenha sido , estava procurando alguma coisa e não achou. Mas não quero que você esquente a cabeça com isso.

Peguei minhas coisas e voltei pra casa. Algumas coisas aconteceram nos últimos meses e isso me fez questionar o ocorrido no estúdio essa manhã. Mas fiquei aliviada em poder voltar pra casa e não me preocupar com isso, pelo menos naquele dia.

Coloquei as chaves na bancada e fui direto pro meu quarto, que ainda estava com as cortinas fechadas, tudo escuro , e minha cama ainda exatamente como deixei de manhã ao sair do trabalho: edredom espalhado, travesseiros jogados no chão e alguns ainda na cama, e ele... Ele ainda estava todo largado na cama, sem nem ter me visto chegar... Ele ainda dormia.