Qual a importância e quanto vale um sigilo médico?
Bom, o lema de Vegas também pode se aplicar nessa história:
O que acontece em um consultório, fica em um consultório.
Ou será se fica na cama? No carro? Nos corredores do Besiktas?
A obra está mar...
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Quaresma olhou mais uma vez para o conjunto de prédios em que estava estacionado, na qual era composto por lojas e restaurantes no térreo e apartamentos residenciais nos andares acima. Desviou sua atenção novamente para a tela aberta em seu celular, o ponto do GPS piscando, indicando que ali era o fim da linha.
Estava em um bairro conhecido do lado europeu da Turquia, porém Ricardo ainda se encontrava desconfiado com aquela situação. Batucava os dedos grossos no volante de sua BMW no ritmo do hip-hop português que preenchia os seus ouvidos, tentando sem sucesso algum distraí-lo da incerteza. Sentimento esse que nunca havia dado as caras desde que conhecerá Iara Volkan, pois sabia que ela era a sua presa e ele que era a sua incerteza.
O jogo virava.
Sempre.
Voltou a analisar a rua movimentada, apesar do horário, tentando assim encontrar qualquer indício de que Iara o tivesse sacaneado e mandado-lhe para alguma emboscada. Infelizmente, era aquela reação que tinha após vivenciar a última decepção com o sexo feminino, tendo todo cuidado e atenção para qualquer envolvimento que escolhesse seguir.
Ricardo, apesar de toda a pose de bad boy, quando se afeiçoava por uma mulher se tornava o cara mais romântico desse mundo. E não era à toa que tinha seis anos de casamento como testemunho. Mas quando seu coração ficava livre, qualquer perfume barato que permanecia impregnado em sua camisa era o suficiente para aliviar a tensão sexual que carregava 24 horas consigo.
O seu problema só começou quando Volkan se mostrou aos corredores do Besiktas, não sendo nem de longe qualquer uma e muito menos usando um perfume barato. Os traços e sua áurea misteriosa o atiçava de uma maneira que o deixava extasiado, excitado para decifrar o que ela tanto escondia por baixo daquelas roupas largas e naqueles olhos de águia.
Ainda estava surpreso, positivamente, com a mudança brusca do comportamento dela naquela tarde. Não tendo muito tempo para questionar ou aproveitar o aperto firme que ela passou a ter em volta de seu membro empolgado. Tampouco sabia também de onde havia saído tamanha coragem para encurralá-la, podendo realmente carregar um processo pesado nas costas por conta daquela atitude não pensada. Mas era aquilo que aquela psicóloga fazia com ele, manipulando-o como bem entendia, só para confirmar que era ela que o tinha em suas mãos.
Literalmente.
A curiosidade foi um dos motivos que o fez descer de seu automóvel, caminhando apressadamente até a porta do prédio que havia apenas um interfone para que pudesse se identificar. Apertou o número do apartamento que ela havia lhe passado, ouvindo apenas um chiado ressoar do outro lado da linha e logo depois a grande porta automática ser destrancada, fazendo-o empurrá-la para abrir e adentrar. Se deparando com uma pequena escadaria que lhe dava acesso ao hall, contendo dois elevadores que mostrava ser de estrutura antiga, mas bem conservados.
Aguardou pacientemente o elevador chegar ao andar, e entrou ao mesmo, encostando-se ao fundo. Retirou o gorro cinza que completava o seu look e passou a mão sobre a cabeça raspada, logo em seguida verificando o relógio que se encontrava em seu outro pulso, constatando estar 1 hora atrasado. Precisou rir da ironia da vida, pois quando se tratava de ir às sessões psiquiátricas com ela, chegava sempre antes ou em ponto. E agora estava ele ali, receoso com aquele convite suspeito e inesperado.