Run

Capítulo 16

Eu acordei, e ainda estava usando o meu vestido da noite passada. A minha cabeça estava doendo, e o toque ensurdecedor do meu despertador estava piorando tudo.

Bati no meu celular, e ele caiu no chão parando de tocar na mesma hora.

Abri os olhos, e ela ainda estava dormindo do meu lado, com o braço sobre o meu pescoço.

É sábado, por que é que o meu celular estava tocando?!.

Me levantei devagar para que ela não acordasse, e fui para o banheiro.

Minha cabeça parecia que iria explodir. Entrei em baixo da água gelada de uma vez, molhando meu cabelo, e todo o meu corpo.

Estava congelando, e eu abracei meus braços, enquanto ela escorria pelo meu corpo.

Comecei a lembrar das coisas que a Amber e a Katie tinham me contado, sobre quando foram sequestradas. Eles tinham machucado elas, e tinham machucado tanto, que a Amber tem uma cicatriz na barriga.

Elas disseram que apanharam, e que passaram por coisas que não queriam comentar, e que também não desejavam nem para as suas inimigas, o que me deixou assustada.

Meus olhos encheram de lágrimas, e eu coloquei a mão na boca me virando de costas, e apoiando minha testa na parede.

Comecei a chorar, mas chorei em silêncio, com a mão na boca para que nenhum som escapasse.

Eu estava parecendo a Jessie, porque eu não estava conseguindo parar. Então eu continuei com tomando meu banho, lavei minha cabeça, e o meu corpo.

Respirei fundo mais de cinco vezes para fazer as lágrimas cessarem, e então, eu finalmente saí do banheiro.

Pedro estava sentado na minha cama, e eu dei um pequeno pulo por conta do susto, apertando a toalha.

— O que está fazendo no meu quarto?. - eu perguntei parada na porta do banheiro.

— Vim ver se estava tudo bem, Jessie disse que você se trancou no banheiro. - ele disse me encarando.

— Eu estava tomando banho. E agora que viu que eu estou bem, pode sair, por favor?. - eu perguntei desviando o olhar.

Ele se aproximou parando a minha frente, e eu recuei.

— Para. - eu disse enquanto ele continuava se aproximando. — Para, eu já disse para parar. - eu disse enquanto ele continuava se aproximando. — Pedro. - eu disse.

— O que?. - ele perguntou parando a minha frente.

— Por favor, não me faça machucar você. - eu disse baixo.

Ele riu, e se aproximou mais.

— Desde quando machuca as pessoas?. - ele perguntou.

Eu engoli seco, e respirei fundo levantando o olhar e encarando seus olhos.

— Desde quando as pessoas me intimidam, como você está fazendo agora. - eu disse baixo, e ele riu.

— Vamos a praia? Você quer ir?. - ele perguntou.

— Quero, eu, eu vou trocar de roupa, e já vou descer. - eu disse.

— Arrumei a Jessie para você, acha que eu mereço pelo menos um obrigado. - ele disse.

— Obrigada. - eu disse.

Ele saiu do quarto fechando a porta, e eu me sentei nos pés da cama, colocando as mãos no rosto, quando senti que iria chorar novamente.

As histórias que elas haviam contado não saíam da minha cabeça, e isso estava me deixando assustada, preocupada e com medo.

Mas eu não queria chorar, íamos para a praia, era dia de diversão em família, e eu queria participar.