Capítulo 36

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Eu não aguentava mais ficar nessa floresta, correndo a todo momento, e sentindo medo a cada segundo.

Não aguentava mais não dormir direito, não comer direito, e não beber água.

Não aguentava mais ter que ficar correndo, com a perna toda fodida, e com o corpo todo latejando de dor.

Eu queria a minha casa..

Não fazia ideia de como sair daqui, eu não fazia a menor ideia de qual direção seguir para achar uma estrada.

E não fazia a menor ideia do iria encontrar naquela estrada, porque.. com certeza, ele tinha colocado pessoas lá, para ficar nos esperando caso encontrássemos a "saída".

Quando eu abri os olhos assustada, o Zack se aproximou rapidamente.

— Calma.. - ele disse sentando de frente para mim.

Eu vasculhei o local com os olhos, e não havia ninguém.

— Cadê todo mundo?. - eu perguntei.

— Não foram muito longe, mas depois do que aconteceu ontem, saíram para procurar comida, e água. - ele respondeu.

— E a Jessie?. - eu perguntei.

— Está com o Jeff. - ele respondeu. — Está todo mundo bem, eu juro. - ele disse.

— E você ficou para me vigiar?. - eu perguntei sorrindo.

— Apesar de você ser uma babaca, eu não quero te perder. - ele disse, e eu sorri revirando os olhos. — Preciso ver sua perna, para ver se está infeccionada. - ele disse me encarando.

E ela estava latejando e doendo tanto, que só de pensar em ter alguém tocando, eu já sentia meus olhos encherem de lágrimas, e um grito se formar na minha garganta.

Mas ele precisava ver, eu precisava ver, porque se estivesse infeccionada, eu corria o risco de perder a perna.

Fiquei encarando ele por alguns segundos.

— Não pode gritar, porque não sabemos se estão perto o bastante para te escutar, então.. quando doer, morde meu ombro. - ele disse enquanto soltava o botão da minha calça.

Zack deslizou minha calça pelo meu corpo lentamente, e eu levantei a bunda, para que a calça passasse por ela.

Ele continuou puxando ela levemente, e quando chegou perto da ferida, eu escondi meu rosto em seu pescoço, e segurei seus pulsos, apertando com força enquanto ele continuou abaixando a minha calça.

— Shiu.. pronto, eu já tirei. - ele disse soltando seus pulsos da minha mão.

— Sinto muito. - sussurrei encarando ele, enquanto ele soltava o nó que havia feito com a camisa na minha perna.

— Pelo que, exatamente?. - ele perguntou.

— Por te fazer correr por essa floresta sem fim. - sussurrei.

— Eu estaria pior se estivesse em casa, e não tivesse notícias de você. - ele disse me encarando.

— Se a gente morrer.. - ele me interrompeu.

— Não está infeccionada, isso é muito bom. - ele sorriu.

— Se a gente morrer.. - ele me interrompeu de novo.

— Não vamos morrer. - ele disse colocando a blusa em volta da minha perna de novo.

— Se a gente morrer, quero que saiba que.. conhecer você, foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido. Embora a gente tenha conhecido se drogando em um bar. - eu disse sorrindo, e ele riu balançando a cabeça em negativo.

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