31| Escolhas Difíceis

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A escuridão ao meu redor pulsava, e o ar parecia mais denso a cada palavra de Esther. Ela se aproximava devagar, seus olhos fixos nos meus, como uma caçadora prestes a atacar sua presa.

— Eu quero a Hope. Ela tem tudo para ser a bruxa mais poderosa de todas — Esther disse, sua voz fria e calculada. Havia uma fome no olhar dela, um desejo insaciável por poder.

Segurei o olhar dela com firmeza. A raiva pulsava em meu peito. Hope não era uma ferramenta para ser usada.

— Uma pena que eu não possa te ajudar — respondi, cruzando os braços, minha postura defensiva, mas sem mostrar medo. Eu sabia do que ela era capaz, mas jamais deixaria que Hope caísse em suas garras.

Esther esboçou um sorriso vazio, sem emoção.

— Seu filho... — ela começou, mudando o foco rapidamente para Dylan. — Ele não serve para mim, mas renderia um poder interessante. Poderia canalizar sua energia por décadas.

Minhas mãos se fecharam em punhos, o calor da raiva subindo por meu corpo. A ideia de Esther sequer mencionar Dylan me fez querer atacá-la ali mesmo, mas eu sabia que precisava manter a cabeça fria.

— Você quer fazer com Hope o mesmo que Dahlia fez com Freya? — perguntei, minha voz afiada. — Machucar sua própria neta por um pouco mais de poder? Vai se rebaixar a esse nível, Esther? Como pode se chamar de mãe?

Ela estreitou os olhos, seu semblante ficando mais tenso.

— Você não entende o que está em jogo aqui, Melanie — ela retrucou. — Eu preciso da menina. Há mais em risco do que você pode imaginar.

— Então me explica — respondi, desafiando-a. — Estou realmente curiosa para entender até onde vai sua hipocrisia.

Por um momento, Esther hesitou, como se estivesse ponderando até onde revelar. Então, sua expressão endureceu, mas havia algo de vulnerável em sua voz.

— Minha irmã, Dahlia, está atrás de mim. Eu prometi a ela todos os primogênitos da nossa família. Hope pertence a ela, Melanie. E agora Dahlia me ameaça. Se eu não entregar a menina, ela vai me destruir. — A voz de Esther tremeu levemente, revelando o desespero por trás de sua fachada de controle.

Meu estômago revirou. Dahlia. O nome dela era uma maldição, um eco de terror que atravessava gerações. Sabíamos que Dahlia era implacável, mas eu não esperava que ela ainda tivesse influência, mesmo depois de tantos anos.

— Eu não posso te ajudar, Esther — minha voz saiu firme, mesmo com o medo pulsando em minhas veias. — Você fez uma promessa que nunca deveria ter feito. Não pode simplesmente sacrificar sua própria neta para salvar a si mesma.

Esther deu um passo à frente, sua expressão agora tensa, quase raivosa.

— Você não entende. Ela vai me matar, Melanie. E, sinceramente, prefiro que Hope sofra a perder minha própria vida. Você tem ideia do que Dahlia é capaz?

— E é assim que você quer uma família unida, Esther? — gritei, sem mais conseguir conter minha indignação. — Na primeira oportunidade, você entrega sua neta como se ela fosse um objeto? Isso não é ser mãe!

Ela me olhou com uma mistura de desprezo e frustração.

— Vocês deviam ser como Finn — disse ela, o nome saindo como se fosse uma pregação. — Ele entendia o que era necessário. Ele tinha cabeça para entender a responsabilidade da nossa linhagem.

Eu ri, amarga, incapaz de acreditar no que estava ouvindo.

— Finn? Ele era seu fantoche, Esther. Um homem preso pela sua visão distorcida de família. Onde quer que ele esteja agora, está melhor longe de tudo isso.

Esther balançou a cabeça, impaciente. A raiva emanava de seu corpo como uma chama crescente.

— Melanie, tudo o que você sabe sobre magia, fui eu que te ensinei. Devia me agradecer por isso. Você só chegou até aqui por minha causa.

Soltei uma risada irônica.

— Agradecer? Claro, Esther. Agradeço pelas lições, mas a quantidade de mal que você causou já equilibra a balança. Na verdade, acho que ainda te devo muito sofrimento. — Olhei-a com um sorriso cínico, sem esconder o desprezo.

Esther estreitou os olhos, sua paciência finalmente se esgotando.

— Garota insuportável — rosnou ela. — Nunca gostei de você. Sua mãe era minha melhor amiga. Ela sabia o que era lealdade, sabia seguir as regras. Você deveria ser como ela.

Minha raiva ferveu. Minha mãe, sempre submissa a Esther e
meu pai, tinha sido a imagem do que eu nunca quis ser.

- Minha mãe?- minha voz saiu baixa, mas carregada de frustração. - Ela fazia tudo o que você mandava, como uma marionete. Eu nunca vou seguir o mesmo caminho. Nem eu, nem Hope.

A raiva de Esther se transformou em um sorriso frio. De
repente, senti uma dor aguda na cabeça, uma pressão tão forte
que me fez cambalear.

-Pare! - gritei, mas a dor aumentava. Tentei reagir, mas minha visão ficou turva, e o riso cruel de Esther foi a última coisa que ouvi antes de tudo ficar preto.

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Estava deitada no sofá, a luz do dia entrando suavemente pelas janelas. Meus sentidos voltavam aos poucos, e a dor ainda pulsava em minha cabeça como um tambor incessante. Tentei me mover devagar, sentindo o peso do cansaço em meu corpo.

- Mamãe! - A voz de Dylan soou do outro lado da sala, me
trazendo de volta à realidade. Ele veio correndo, seu rosto de 14 anos exibindo uma mistura de preocupação e raiva. - Ela... ela é do mal, mãe. Eu não gosto dela.

Sentei-me devagar, tentando acalmar minha mente e o coração acelerado. Olhei para Dylan, que agora já tinha a altura quase de Klaus, seu semblante muito mais sério do que um garoto de 14 anos deveria ter. Coloquei a mão em seu ombro, tentando tranquilizá-lo.

-O bem sempre vence, Dylan. Eu prometo. Vamos acabar com ela - disse, tentando soar firme, embora a incerteza estivesse me corroendo por dentro. Ele assentiu e cruzou os dedos com os meus, como fazíamos quando ele era mais novo, em uma promessa silenciosa.

- Você está melhor? - Hayley se aproximou e sentou-se ao
meu lado. A preocupação em seus olhos era evidente.

- Acho que sim. Ainda sinto dor de cabeça - murmurei,
massageando as têmporas. - O que aconteceu enquanto eu
estava... lá?

- Elijah e Klaus voltaram. Subiram direto e estão discutindo sobre o que fazer. - Hayley lançou um olhar para o andar de cima, claramente tensa com a situação. - Eles mal disseram uma palavra. Você sabe como eles são...

Suspirei, já prevendo o tipo de discussão que estaria
acontecendo. Klaus e Elijah sempre divergiam sobre o curso de ação em situações como essa. E quando envolvia Hope, o
desespero de Klaus era sempre imprevisível.

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Quando empurrei a porta, a cena não foi uma surpresa. Klaus estava de pé, as mãos fechadas em punhos ao lado do corpo,sua postura rígida e olhos faiscando de raiva. Elijah, ao
contrário, estava parado à frente dele, tentando manter a calma, mas seu rosto também mostrava a tensão.

-Vocês dois... não comecem - falei, cruzando os braços e
entrando no quarto. Já podia sentir a fúria crescendo no ar.

Elijah virou-se para mim, mas Klaus nem sequer desviou o
olhar. O ambiente estava carregado, e a tensão entre os irmãos
era quase palpável.

- Não temos mais tempo para esperar - Elijah disse,
finalmente quebrando o silêncio. - Dahlia está se aproximando, e Esther está ficando cada vez mais desesperada. Se não fizermos algo agora, Hope estará em perigo. Klaus cerrou os punhos, a fúria transparecendo em sua voz.

- Se Esther ou Dahlia puserem as mãos em qualquer um dos meus filhos, eu juro que destruirei tudo e todos que ficarem no meu caminho. - Sua voz estava carregada de uma raiva contida, como se ele estivesse à beira de uma explosão.

A gravidade da situação pairava sobre nós como uma sombra.Sabíamos que Dahlia e Esther eram ameaças implacáveis. Não podíamos nos dar ao luxo de erros.

De Volta A Família MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora