34 | O fim

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Klaus on

Deitado no meio do círculo traçado no chão, olho para cima, sentindo a tensão no ar ao meu redor. O ritual estava prestes a começar. Meus olhos encontram os de Mel, e, por um segundo, o mundo parece parar. Ela me lança um olhar confiante e pisca, uma piscadela cúmplice que me faz sorrir involuntariamente. Se eu voltar vivo disso, penso comigo mesmo, eu caso com essa mulher na hora.

— Eu e Freya começamos, e vocês seguem logo em seguida — Mel instrui, enquanto todos se preparam. Eles dão as mãos, formando um círculo firme ao meu redor.

Meus olhos começam a se fechar enquanto a energia do feitiço me envolve. O ambiente ao meu redor se dissolve, e logo me sinto sendo puxado para o outro lado.

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Acordo em um lugar que parece uma versão distorcida de Nova Orleans. O vento é incessante, carregando consigo gritos abafados que ecoam de todos os lados. Olho ao redor, tentando entender onde estou. Não há vida, só um vazio opressor.

— Olha, olha quem veio me visitar — ouço a voz de Esther atrás de mim, cortante e doce ao mesmo tempo.

Viro-me lentamente, já prevendo o que está por vir.

— Sentiu saudade, mamãe? — pergunto, minha voz carregada de sarcasmo, enquanto minha raiva cresce.

— Você não faz ideia, meu filho — ela sorri, aquela expressão calma e calculada, como se tivesse tudo sob controle.

— Que pena — murmuro, antes de me lançar contra ela, minha mão envolvendo seu pescoço com força. — Porque eu não senti nada.

Seu corpo vacila por um segundo, mas, então, ela desaparece debaixo de meus dedos como uma sombra.

— Não é tão fácil assim, Klaus — sua voz ecoa, agora invisível.

Frustrado, começo a andar por essa versão estranha e desolada de Nova Orleans, chamando por ela. Cada segundo que passa, sinto o tempo se esgotar. Pelas minhas contas, já devo ter ultrapassado o limite de 10 minutos.

De repente, sinto uma dor ardente nas costas, como se mil agulhas estivessem cravando em minha pele. Grito, caindo de joelhos.

— Você vai dormir um pouquinho — a voz de Esther sussurra ao meu ouvido, antes de tudo escurecer.

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Quando acordo, estou jogado no chão frio. Minha cabeça lateja de dor, mas logo vejo Esther em pé, em frente a uma mesa, observando-me com um olhar que mistura impaciência e desprezo.

— Klaus, tudo seria tão mais fácil se você e seus irmãos simplesmente me obedecessem. — Ela suspira, como se lamentasse por todos os problemas que causamos.

— Infelizmente, não vivemos nesse mundo perfeito, Esther — respondo, me levantando com esforço. Meu corpo dói, mas a adrenalina me mantém firme. Corro em direção a ela, minha mão já dentro da blusa, tirando a estaca que trouxe comigo. Num movimento rápido, finco a ponta no seu peito.

Antes que eu pudesse empurrá-la com mais força, ouço a voz de Mel me chamando através do véu que nos separa.

— Klaus, agora!

Sem perder tempo, enfio a estaca no coração de Esther, vendo seus olhos se arregalarem de choque e dor. Ela começa a gritar, sua voz rasgando o ar.

— Vocês... vão... pagar... por isso! — Ela grita, sua forma se desintegrando lentamente, até desaparecer completamente.

A energia ao meu redor colapsa, e antes que eu perceba, estou sendo sugado de volta para o meu corpo.

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Acordo de repente no meu quarto. O som dos gritos ainda ecoa em minha mente, mas tudo está em silêncio agora. Tento me levantar, mas a dor de cabeça me impede de me mover rápido.

— Mas o que... — começo a falar, confuso, até que a porta se abre bruscamente.

Mel entra no quarto, seus olhos brilhando de alívio.

— Pensei que não fosse mais acordar — ela diz, sentando-se ao meu lado na cama, sem conseguir esconder o sorriso.

— Quanto tempo fiquei apagado? — pergunto, esfregando as têmporas.

— Um dia inteiro — responde ela, ainda me observando com aquele olhar que diz que está feliz que eu esteja vivo.

— Deu certo? — questiono, mesmo sabendo a resposta.

— Deu. Esther foi completamente eliminada do mundo sobrenatural. — Ela confirma, seu sorriso ficando ainda maior.

Sorrio de volta, sentindo o alívio finalmente me atingir. As dores e tensões do corpo se dissipam um pouco, sabendo que nossa maior ameaça se foi.

— Isso merece uma comemoração — digo, puxando-a para mais perto.

Ela ri levemente, e aquele som é uma das poucas coisas que me faz esquecer o caos ao nosso redor.

— Eu te amo — as palavras escapam antes que eu possa pensar. É a verdade, uma que eu mantive guardada por tempo demais.

Mel parece surpresa, mas seus olhos se enchem de lágrimas, e ela sorri com o coração aberto.

— Eu também amo você — responde, e é tudo o que preciso ouvir.

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1 ano depois...

Querido filho,

Escrevo essa carta para te parabenizar pelos seus 15 anos. Meu menino está crescendo, e eu nem estou aí para acompanhar todos os momentos. Sei que isso é difícil de entender agora, mas espero que um dia você compreenda. A Escola Salvatore é o melhor lugar para você e Hope, longe dos problemas que nos cercam aqui.

Ainda assim, sinto sua falta todos os dias. Seu pai, tios, e todos nós aqui também sentimos. Freya está no processo de adoção dos gêmeos, Lívia e Peter. Fui visitá-los e, honestamente, eles são a coisa mais fofa. Acho que Freya vai ser uma mãe incrível.

Conversei com o Ric, e ele autorizou que Josie viesse com vocês no fim de semana. Sei o quanto você gosta dela, e estou ansiosa para ter todos de volta por um tempo.

Espero que você não nos odeie por termos te afastado. Sabemos que não é fácil carregar o sobrenome Mikaelson, e a escola vai te ajudar a lidar com isso. Meu maior desejo é que você seja feliz, que viva uma vida plena, com amores épicos e conquistas que sejam apenas suas. Já cometemos erros demais, e quero que você, meu pequeno homem, siga um caminho diferente.

Você e Hope são a maior alegria das nossas vidas. Eu sempre sonhei em ser mãe, e achei que nunca seria possível, mas você provou que o impossível pode ser real. Eu te amo mais do que posso expressar, e estarei sempre aqui para você, quando precisar.

Always and forever, my little man.

— Mel

De Volta A Família MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora