Capítulo 2

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Breslin.
Melinda Breslin não era chamada de prodígio irlandês sem motivos. A carreira da mulher era surpreendente e sua atuação, impecável. Ela se envolvia em diversos projetos ao mesmo tempo, sem deixar nenhum de seus trabalhos perderem a qualidade, pelo simples fato de que ela só trabalhava com personagens pelos quais se apaixonava. Nenhum dos papéis que havia interpretado desde que fizera 15 anos, havia sido escolhido pela remuneração ou possível sucesso do filme. Antes disso, seus papéis haviam sido escolhidos por seus pais, que por algum motivo que Melinda desconhecia, haviam tido alguma sensatez e jamais haviam escolhido papéis estúpidos para ela. Ela não era o tipo de atriz que trabalhava em qualquer coisa, pois sentia a necessidade de se conectar a personagem que interpretaria, e por este motivo, tinha tanto reconhecimento em Hollywood e era tão aclamada pelos fãs, atores e diretores com quem trabalhara. 
E até então, nunca havia sofrido críticas em sua carreira, pois nunca havia dado motivos para a indústria cinematográfica duvidar de seu talento. E por este motivo, Melinda estava extremamente irritada com todas as críticas que vinha sofrendo desde que teve seu nome divulgado como parte do cast principal de Spider-Man 2. 
A mídia estava em cima de Melinda, desde o anúncio. Seguiam seus passos fora de casa, monitoravam suas redes sociais e de pessoas próximas a ela... Tudo porque Melinda Breslin, aparentemente, não aceitaria um papel em um filme como Spider-Man se não estivesse namorando Tom Holland. 
Era óbvio que ela não dava a mínima para as especulações sobre sua vida pessoal. Ela não era o tipo de atriz que vivia em função da imagem de sua vida particular e sequer dava-se ao trabalho de desmentir os rumores que surgiam sobre ela. Mas aí os tabloides desvalorizarem uma personagem e uma franquia inteira, sendo que Melinda jamais escolheria papéis com os quais ela não se identificasse, apenas porque o filme tinha uma demanda popular, era demais para ela aguentar. Isso a deixava muito irritada, porque sentia que estavam duvidando de sua capacidade de separar sua vida pessoal e seu trabalho. Como se estivessem desvalorizando toda a sua carreira, pela qual ela se empenhava tanto. Insinuando que ela estivesse jogando "tudo" fora por causa de um cara. Como se ela não visse valor na personagem que interpretaria e tivesse sido levada pela opinião de outras pessoas. Como se não tivesse senso próprio de julgamento. Melinda estava odiando aquelas especulações.
E a série de tweets que ela havia postado mais cedo naquele dia apenas comprovava o quão irritada ela estava. 
Melinda bufou, ao ler mais um comentario debochado em resposta aos seus tweets. Bloqueou o celular, jogando o aparelho em cima do sofá e deitando no móvel, fechando os olhos e respirando fundo, antes de iniciar uma contagem numérica mentalmente. Aquela era sua terapia quando não tinha tempo de ir para a academia e utilizar o saco de areia para praticar alguns murros. 
- Deixar a irritação tomar conta de você não vai ajudar em nada. – Cassy comentou, se jogando ao lado da amiga no sofá, com um pote de pasta de amendoim em mãos. A fotógrafa era vizinha e melhor amiga de Melinda a quase dez anos. As duas eram muito próximas, visto que mantinham distância de seus respectivos familiares e sempre estavam presentes para ajudar uma a outra. 
- Eu sei. – Melinda suspirou. – Mas odeio que julguem meus trabalhos.
- Aquele filme com a Sofia Coppola, em que a mídia caiu em cima de você, te criticando porque o papel era uma "droga" e você só tinha aceitado porque a diretora seria a Sofia, aconteceu a mesma coisa, Melie. – Lembrou. - E você calou a boca deles, porque a personagem foi incrível. 
- O problema não é o mesmo. – Melinda murmurou, ainda de olhos fechados e controlando a respiração. – De lá para cá, eu provei que escolho meus trabalhos com atenção. Mas agora, eles estão atribuindo minha escolha ao Holland! – Ela exclamou, indignada, fitando a amiga com irritação. – Eu jamais deixaria um homem interferir em minha carreira! 
- Eu sei. E seus fãs também. – Cassy comentou. – Não é o suficiente? 
Melinda não respondeu de imediato, desviando o olhar para o teto de seu apartamento. 
- Você se apaixonou pelo papel assim que o Jon te enviou a proposta. – Cassy ponderou. – E ele nem achou que você daria atenção. Vai mesmo deixar a mídia arruinar isso? Gwen Stacy é seu sonho nerd. – Riu fraco. - Não deixe que eles destruam isso. 
Breslin fitou a amiga por longos minutos, absorvendo suas palavras. Acabou suspirando, acenando com a cabeça em concordância. - Você tem razão. Não posso deixar esses ratos destruírem o amor que construí pela personagem. 
- E em todo caso, é só se manter longe do Holland que eles vão esquecer disso. – Cassy encorajou, fazendo Melinda sorrir culpada e a morena lhe lançar um olhar duvidoso. – O que foi, Breslin? 
- Sobre me manter longe do Holland, não tenho muita certeza quanto a isso. – Confessou. Cassy puxou a amiga pelas mãos e a fez se sentar ao seu lado, extremamente agitada. 
- O que você não me contou, infeliz? 
- Contei tudo. – Melinda deu de ombros. – Mas você sabe que eu criei uma crush nele desde a aparição em Civil War. 
- Ok! – Cassy exclamou. – Você também tem crush no Justin Bieber e nem por isso atacou o homem quando se encontraram na Inglaterra. 
- Ele namorava na época. – Melinda se defendeu. – Em outra circunstância, eu teria flertado. 
- Ah, entendi. – Cassy riu, soltando as mãos da amiga, em um suspiro aliviado. – Você só quer flertar com o Holland, é isto? 
- Bem... – Melinda novamente sorriu culpada e Cassy lhe lançou um olhar assassino. 
- Breslin! – Exclamou, parecendo ultrajada. – O que você tem em mente? Namorar? 
- Não, é claro que não! – Melinda riu, como se a simples menção a um compromisso fosse absurda. – Mas eu adoraria um fuck buddy, principalmente, se fosse ele. 
Cassy encarou a melhor amiga com descrença. Colocou a mão direita na testa da garota, testando sua temperatura e Melinda revirou os olhos, afastando a mão da amiga com um tapa. 
- Você quer fodas casuais com Tom Holland? – Cassy indagou, ainda descrente. – O seu parceiro de cena? O garoto que nem parece que fode, de tão fofo que é? Aquele que solta spoilers dos filmes em que trabalha e fica de bochechas coradas nas entrevistas? 
- É. – Breslin concordou, com um aceno de cabeça. 
Cassy se jogou de costas no sofá, suspirando alto para logo começar a gargalhar. – Cara, você é maluca. Você falou com ele o que, duas vezes? 
- Três, na verdade. Combinamos nosso primeiro ensaio, aí ele precisou desmarcar e conversamos novamente para achar uma boa data. 
- Nossa, que incrível. – A morena debochou. – E só falando com ele pelo celular você sentiu vontade de abrir as pernas? 
- Vá a merda. – Melinda xingou. Trocaram um rápido olhar e ambas caíram na risada. – Mas falando sério... Acho que seria divertido. 
- E exatamente porque você tem essa ideia? – A outra questionou, curiosa. – Ele não é exatamente o seu tipo. 
- Eu não tenho um tipo! – Melinda retrucou, recebendo outro olhar de descrença. Era difícil ter uma amiga que a conhecia melhor que ela mesma. 
- Claro que tem. – Cassy revirou os olhos. – E eles normalmente têm corpos malhados, sorrisos sacanas e personalidades de cafajestes. 
- Talvez eu tenha um pouco de tipo sim. – A loira cedeu, fazendo pouco caso. 
- Holland só preenche um dos requisitos. – Cassy lembrou e Melinda soube que ela se referia ao corpo do rapaz. – Fora isso, ele é um filhotinho. 
- Seria divertido exatamente por isso. – Melinda riu. – Eu vou falar sacanagem e ele vai corar e fugir. Ou então, vai corar e me deixar amarrar ele na minha cama, o que vai ser ainda mais divertido. Tem como isso ser ruim? – Ela indagou e Cassy estalou os lábios, dando-se por vencida. 
- Tem razão. – Cedeu por fim. – Mas não esqueça: perto da cama e longe do coração. 
- Você sabe que eu não esqueço disso nunca. – Breslin revirou os olhos, colocando-se em pé em um salto. 
- Eu sei. Mas você também só sai com canalhas. – Cassy comentou. – Holland é diferente. 
- Nada vai mudar, Cassy. Vamos transar bastante e cada um seguirá seu rumo após a divulgação do filme. – E sorrindo, se dirigiu para seu quarto. 
Tinha que encontrar Tom em uma cafeteria dali a duas horas e não poderia se atrasar, já que o rapaz tinha conseguido uma brecha única em sua agenda para que eles pudessem conversar e então, marcar os dias para os ensaios.

Never be the Same [Tom Holland]Onde histórias criam vida. Descubra agora