Capítulo 6

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Breslin.

Melinda Breslin desceu de seu carro com um largo sorriso no rosto. Puxou os óculos, que antes estavam no topo de sua cabeça, para baixo e escondeu seus olhos sagazes atrás das lentes escuras. O short jeans valorizava suas pernas e a camiseta sem mangas deixava o top rendado que ela usava a mostra. As botas de cano curto e saltos medianos apenas a deixavam com um visual ainda mais arrasador, lhe dando uma sensação de poder ainda maior do que ela já sentia normalmente. Acionou o alarme do carro e acenou para os seguranças, se afastando do estacionamento a passos largos.
Atravessou o set de gravações de Spider-Man: Far from Home em poucos minutos, parando uma única vez para pegar um copo de café na cozinha e seguindo para seu camarim. Gravaria algumas cenas naquele dia e precisava trocar de roupa. Antes que pudesse chegar ao seu objetivo, foi puxada por Jane, a assistente de Jon Watts, para o set em que Tom e Jacob gravavam as suas cenas.
- Mas porque? Essas cenas eu não faço com eles. – Melinda murmurou, após bebericar seu café.
- Eu sei. – Jane respondeu. – Mas Jon quer que você acompanhe a maioria das cenas para compreender as mudanças que Peter vai sofrer.
- Tudo bem. – Foi o que a loira disse, seguindo lado a lado com Jane até o estúdio A. Entraram silenciosamente e Jane seguiu para perto de Jon, enquanto Melinda ocupava uma das cadeiras vazias, mais afastada da produção.
A cena em questão era um diálogo entre Peter e Ned. O teioso conversava com o melhor amigo a respeito de tudo que havia acontecido com os Vingadores e Ned o auxiliava a voltar aos trilhos, pois apesar do luto que Peter enfrentava, a vizinhança precisava de seu amigão. A cena foi cortada com Peter vestindo o uniforme clássico do Homem-Aranha e saindo pela janela de seu quarto, enquanto Ned prometia encobri-lo para tia May, mesmo que a mulher já soubesse a respeito da vida dupla do sobrinho. Jon cortou a cena com um grito, aplaudindo animadamente junto do restante da equipe.
Melinda, por sua vez, engoliu as últimas gotas de seu café e jogou o copo no lixo, antes de se levantar e seguir até Jon com passos rápidos. Tom foi o primeiro a notá-la e logo um brilho diferente tomou conta das irises do rapaz. Melinda sorriu para ele, cumprimentando Jon em seguida.
- Que bom que conseguiu ver a cena, Melinda! – Jon comentou. – Tom vai gravar mais algumas cenas na rua e então gravamos com vocês dois e Jacob, ok? – Ele informou e Melinda assentiu com a cabeça.
- Posso ir trocar de roupa agora ou quer que eu veja a cena de Tom? – Ela questionou, de forma profissional. Gostava de diretores que incluíam todo o elenco nas gravações. Isso facilitava o entendimento do contexto geral e deixava os atores mais confortáveis para interpretarem seus personagens.
- Estamos terminando de ajustar o cenário, mas gostaria que assistisse a cena. – Jon sorriu para Melinda, antes de se afastar.
O restante da equipe seguiu o diretor e logo Jacob, o único remanescente, forjou a desculpa mais esfarrapada do mundo e sumiu pelos corredores. Tom revirou os olhos, enquanto Melinda ria.
- Ainda não me acostumei com você não fugindo de mim. – Ela murmurou por fim, seguindo ao lado de Tom para o corredor que os levaria para fora do estúdio A.
- E eu não me acostumei com a falta de piadinhas. – O rapaz retrucou, lembrando Melinda do tempo que ela havia dado nas provocações.
Fazia quase uma semana desde a entrevista deles para o Jimmy Fallon, onde muitas coisas haviam ficado subentendidas entre eles. E muitas outras coisas, haviam ficado claras como cristal.
Melinda sabia que Tom esperava que ela o atacasse no dia seguinte a entrevista e que ela investisse naquela conquista. Melinda não o fez e viu nos olhos dele a decepção quando ela o cumprimentou normalmente e não soltou nenhuma gracinha ou vê-lo no uniforme de Peter Parker, no dia posterior a entrevista. Tampouco havia feito comentários com teor sexual ou tentado beijá-lo novamente. E saber que ele estava decepcionado com as atitudes dela e ainda por cima, que ele esperava por aquilo porque a queria, fazia Melinda sentir-se exultante. Mas ao afirmar que talvez ele quisesse virar aquele jogo em seu benefício, Melinda havia recuado para reorganizar suas jogadas. Se Tom queria brincar, ela seria a primeira a agir. Se ele queria provocá-la em retorno, ela esperaria para ver do que o garoto era capaz. Ele havia cedido e isso a fazia querer tirar as próprias roupas e arrancar as calças dele para fora de seu corpo. Mas ela não faria aquilo. O faria ceder primeiro. Era esse o seu plano.
Antes sua intenção era apenas conquistar Holland e conseguir o que tanto queria: sexo. Mas ao entrar naquele jogo, Tom havia mudado as regras. Para Melinda, ele queria provocá-la de volta, para tentar assumir um pouco do controle que Breslin havia tomado desde o início daquela relação estranha. Em nada ela desconfiava que as intenções de Tom eram bem diferentes daquelas. Ele não estava entrando naquilo para fazê-la ceder por meio de suas provocações. Ele pretendia conquistar o "mais" que ela afirmava que ele não teria, dentro do próprio jogo dela. Tom não almejava um relacionamento sério, mas tampouco não se contentaria com fodas casuais. Mas tão obtusa quanto Melinda era no que se dizia respeito a relacionamentos, para ela aquilo era apenas uma disputa para saber quem daria o primeiro passo em direção a cama. Se ela o provocasse o suficiente, seria Tom que a jogaria contra a parede primeiro. Se ele se esforçasse, talvez fosse ela quem o abordaria no camarim e usaria os braços da poltrona para suspender seu peso enquanto rebolava no colo dele. Independente de quem começaria, eles tinham apenas um fim. E ela mal podia esperar por aquilo.
- Sentiu falta, foi? – Melinda indagou, divertida. – Vou começar a achar que você gosta dos meus comentários safados.
Tom não respondeu e Melinda riu, antes de puxá-lo pelo braço, obrigando o rapaz a entrar junto com ela em um vão entre duas pilastras, que ela encontrara por acidente na semana anterior. Não tinham muito espaço naquele buraco, mas Melinda não se importou. Ninguém os veria e ela não pretendia fazer nada muito exagerado. Cerca de cinco centímetros os separavam e então Melinda os eliminou, passando seus braços entorno do pescoço de Holland e sentindo os braços dele envolverem sua cintura com certa força. Sorriu largamente, com malícia, antes de acariciar a bochecha do rapaz, com a ponta do nariz.
- Sabe Tom, estou curiosa. – Ela murmurou, em um tom de voz baixo.
- É? – A falta de controle era óbvia na voz do rapaz, mas Melinda o parabenizou internamente por tentar se manter inteiro. – Com o que?
- Você disse que talvez estivesse tentando virar o jogo. – Melinda deu de ombros. – Mas até agora não fez nada.
- Você também não. – Tom retrucou e a loira riu.
- É, tem razão. – Suspirou. – Talvez eu devesse começar a agir então.
E com um último sorriso malicioso, Melinda grudou seus lábios no maxilar de Tom, depositando um beijo e uma mordida na pele do rapaz, que suspirou e afundou seus dedos na cintura da loira. Ela moveu os lábios pelo pescoço de Holland, até chegar a sua orelha e mordeu o lóbulo, voltando a beijar seu pescoço com suavidade. Tom deu alguns passos para frente, obrigando Melinda a se encostar na parede e prendendo o corpo da garota com o seu. Desceu uma das mãos até as coxas dela, erguendo a perna dela até sua cintura e afundando seus dedos em sua pele, de forma a extravasar os sentimentos que a boca dela lhe provocavam.
- Assim está bom? – Ela questionou, afastando a boca da pele de Tom, que gemeu a contragosto e procurou por mais contato entre seus corpos.
- Ainda não. – Ele resmungou, finalmente entrando no jogo. Com uma mão ocupada em manter a coxa esquerda de Melinda grudada em sua cintura, usou a outra mão para acariciar a pele da loira por dentro da camiseta, subindo por sua cintura e alcançando seu seio por cima do top. – Assim está melhor. – Tom sorriu, os olhos grudados na expressão satisfeita de Melinda ao senti-lo acariciar seu mamilo com suavidade.
- Você quer mesmo começar com isso, Holland? – Ela questionou, descendo uma das mãos que repousava na nuca dele para os ombros do rapaz, usando suas unhas para deixar algumas marcas. – Porque se for começar, eu só vou parar quando nós dois estivermos tão suados e cansados que não seremos capazes de sair daqui por algumas horas, até que nossas vozes voltem ao normal.
Apesar das bochechas coradas, Tom se obrigou a olhar nos olhos de Melinda ao dizer: - Talvez devamos começar de uma vez.
Com o corpo fervendo, Melinda aproximou seus lábios dos de Tom, apenas para bufar em irritação quando alguém chamou pelo rapaz ao longe. Tom se afastou alguns centímetros, apenas por precaução. Eles não poderiam serem pegos naquela situação por ninguém que não fosse Harrison.
- Mas que porra. – Ela grunhiu. – Será que sempre vai ter alguém pra atrapalhar esse bendito beijo? – Reclamou, irritada por não ter a chance de provar aqueles lábios de uma vez por todas.
Mas o olhar que Tom lhe lançou antes de se afastar daquele vão e sumir pelo corredor apenas lhe confirmou que eles teriam sim, a chance de se beijarem. E não iria demorar muito mais tempo.

Never be the Same [Tom Holland]Onde histórias criam vida. Descubra agora