Era 12 de Janeiro de 1987 e eu estava no meu quarto, sentado em frente a minha escrivaninha, escrevendo uma carta para a minha mãe. Enquanto passava o lápis pra lá e pra cá, deixando o carbono soltar as palavras que estavam presas na minha cabeça, pensei nas vezes em que nós víamos filmes, saímos e em todos os momentos juntos que tivemos.
Tudo que eu sei, aprendi com a minha mãe, mas já era hora de seguir e pôr em prática. Estava indo buscar algo para minha vida, minha independência e identidade. Não consiguia mais ficar ali, eu sintia que nasci para descobrir, para aprender e conhecer culturas e lugares diferentes, por isso eu fugi.
Não fugi, não entenda como isso, por que eu não estava preso, eu apenas entendi que precisava de mais, não queria permanecer no ciclo que eu estava vivendo.Escrevi para minha mãe não ficar triste, não se sentir mal, pedi por favor! Eu pensei muito antes de tomar essa decisão. Comprei minhas passagens para outro estado, de lá eu iria para outro e depois para outro país e assim iria descobrindo o mundo e entendendo a vida. Não deixaria de mandar cartas, não deixaria de ama-la, até por que acho que é impossível deixar um amor incondicional. Ela me criou sozinha e estava na hora de eu me criar sozinho.
Terminei a carta pela manhã, antes que ela acordasse, já tinha as malas prontas e estava pronto para seguir. Rezei para que meus irmãos cuidassem dela como eu cuidaria e que ela lembrasse que sempre estaria com ela em pensamento, não importava o quão longe estivesse, porque eu a amo incondicionalmente assim como sei que ela me ama.
Sou o filho caçula e nunca deixarei de ser o filhote da coruja que é a minha mãe, e voarei alto pra conseguir ganhar o mundo.
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Crônicas
Short StoryCrônicas para trazer uma reflexão de que sempre tem algo bom no meio de tudo que acontece ao nosso redor.