Crônicas

O que a sua mão direita fez, a esquerda não precisa saber

Um jovem rapaz que tinha seus sonhos e objetivos conseguiu um emprego, porém não era garantido, mas ele ia todos os dias e dava o seu máximo para garantir aquela vaga que estava preenchendo temporariamente.

Numa segunda-feira, ele acordou cansado e pensando no seu maior objetivo que era guardar dinheiro e conseguir pagar uma viagem para o Peru, então levantou e se preparou para mais um dia cansativo. O rapaz quase perdeu a van que o levava para o trabalho todos os dias, porém o motorista viu um homem correndo e acenando, então parou e o esperou. O expediente foi puxado, muitas coisas para fazer durante o dia, mas logo bateu às 17 horas e assim chegou o fim do expediente, o rapaz saiu do trabalho às pressas, pois às 18:15 ele teria que estar no ponto de ônibus que o levaria para a faculdade. Ele pegou a van e desceu no centro, olhou o relógio que ainda marcava 17:45, então teria tempo para comer um lanche no mercado, chegando lá ele sentiu muita sede e foi ver quanto tinha de dinheiro, nesse momento o pobre rapaz viu apenas 2 reais em suas mãos, então ele pensou entre comer ou beber algo, se concentrou e viu que sentia mais sede do que fome, logo, comprou uma garrafa d'água que custou 1 real. Enquanto ele saia do mercado, saciando a sua sede, um pequeno índio veio em sua direção e perguntou se ele gostaria de comprar algo que tinha feito, mas o rapaz não tinha dinheiro, o que ele tinha era apenas 1 real do troco da água, então o garoto perguntou se ele não tinha sequer uma moeda, o rapaz olhou nos olhos do menino e pensou que ele talvez estivesse com mais fome ou sede do que ele, então pegou a moeda, que era o último trocado que tinha, e deu para o indiozinho, junto com água que havia dado apenas 2 goles, o menino retribuiu com um sorriso e disse "obrigado".

O rapaz voltou ao seu caminho para o ponto de ônibus da faculdade e pensou que poderia ter colocado aquela moeda no cofre que estava juntando dinheiro com a namorada para fazer a viagem, então expulsou esse pensamento, porque talvez aquela moeda de 1 real seria de melhor uso para aquela criança, que estava nas ruas vendendo produtos artesanais, do que para ele, que estava em um emprego provisório e tinha esperanças de que iria conseguir ser efetivado. Uma boa ação sempre traz coisas boas, mesmo que demore; o rapaz entrou no ônibus e dormiu durante a viagem para a faculdade.

1 mês depois o homem estava pegando a mesma van de sempre, às 9 horas da manhã, porém agora ele usava o uniforme da empresa, agora ele tinha uma vaga e conseguia colocar uma boa quantia de dinheiro no cofre para a sua tão esperada viagem. Um dia ele mudou o caminho que sempre pegava para ir ao ponto de ônibus da faculdade e viu o pequeno índio com a sua família jantando em uma casa simples e ficou feliz por aquilo, feliz por saber que de alguma forma um dia ele ajudou aquela família, mesmo que com pouco. Dali em diante, ele percebeu que a lei do retorno era real.