❤ Capítulo 5

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Jogo as chaves do carro e a bolsa no aparador da sala

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Jogo as chaves do carro e a bolsa no aparador da sala. Seguro meu rosto com as mãos para o lado direito, depois para o esquerdo, forçando estralar até me sentir mais relaxado. Tiro os sapatos no caminho até a cozinha.

Porra, estou acabado!

Esta semana foi uma tortura só. A bendita "pista importante" que o detetive disse no e-mail não saiu da minha cabeça. Com dificuldade de concentração, o trabalho que, normalmente, é prazeroso se tornou um martírio. Por sorte, me dei bem em todas as audiências. Inclusive, naquela que estava me atormentando.

Abro a geladeira e avalio se tem alguma coisa para comer. Sem ovos, sem leite, sem frutas. Pelo amor de Deus! Preciso deixar dinheiro urgente para Lourdes fazer compras. Pego uma garrafa de água, a única opção fácil, e tomo no gargalo mesmo.

Se Priscila visse isso ia me matar duplamente. Primeiro, por causa da falta de alimentos, depois por não pegar um copo. Sorrio, e volto o recipiente para geladeira.

Foi difícil inventar desculpas para não estar com ela nesses últimos dias. Eu odeio não ter controle da minha mente e, de forma alguma, me permito pensar em Joana quando estamos juntos.

Não posso voltar a fazer isso.

Coloquei limites rígidos a mim mesmo logo que começamos a namorar. Se estou com Priscila, eu preciso aproveitar Priscila. Deixar meu coração senti-la.

Eu fiquei quatro anos sem me relacionar com ninguém, nem sequer um beijo, depois que Joana desapareceu. Não senti falta, muito menos, vontade. No dia do meu aniversário de 19 anos, estava tão bêbado que levei uma garota para um motel de beira de estrada.

Foi a pior decisão que já tomei. Algo que piorou minha obsessão em níveis inimagináveis.

Eu comecei a vê-la em cada toque que eu dava na menina. Ouvia sua voz, sentia seu cheiro. Eu, inclusive, chamei-a várias vezes, acreditando ser real o delírio. Minha mente, traiçoeira, ansiava por Joana.

Passei a ficar com uma mulher atrás da outra, desesperadamente, tentando sentir aquilo de novo. Funcionou na primeira, na segunda, na vigésima vez. Depois o vazio que me preenchia, ao abrir os olhos e ver que não era ela, começou a acabar com minha alma e meu físico.

Eu, que tanto abomino cigarro, passei a fumar e a beber, sem pensar no amanhã. Cheguei ao ponto de entrar em coma alcoólico. Só consegui sair dessa por causa do Léo.

Meu irmão mais novo, que estava no início da adolescência, passando a pior fase da sua vida, na época mais conturbada da nossa família, me pediu no hospital para não deixar ele para trás.

Léo me implorou para não morrer, porque ele precisava de mim. Eu era o único exemplo de homem que ele tinha, não poderia falhar também. Foi aí que, motivado pela obrigação de ser alguém que meu irmão tivesse orgulho, procurei um psicólogo da rede pública de saúde.

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