❤ Capítulo 10

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A professora de matemática, que daria as duas últimas aulas, faltou e fomos dispensados mais cedo

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A professora de matemática, que daria as duas últimas aulas, faltou e fomos dispensados mais cedo. Não vejo a hora de estudar em uma escola melhor. Por aqui, qualquer coisa é motivo para nos mandar para casa. Desse jeito, não consigo a tão sonhada bolsa da faculdade.

Encosto na parede do corredor, esperando Pedro sair do banheiro. Pelo menos, vamos aproveitar o tempo vago antes do trabalho para terminar uma maquete da aula de física. Pego um prendedor na lateral da mochila e faço um rabo de cavalo. Hoje está um calor infernal.

— Oi, Joana. — Davi, um garoto popular do terceiro ano, para na minha frente.

— Oi, tudo bem? — Sorrio, educada.

De uns tempos para cá, ele não pode me ver que vem logo puxando assunto. Jéssica acha que está afim de mim. Não sei como. Tem tantas meninas mais bonitas na escola, ele é dois anos mais velho.

Eu até considero-o muito lindo, no entanto, não consigo me sentir atraída. Isso porque ando morrendo de vontade de experimentar coisas novas, como o beijo. Sei lá, não rolou um clima. Assim como com todos os meninos daqui. Nenhum parece certo.

Será que tenho algum problema?

— Melhor agora — diz, jogando a franja para trás. Isso, com certeza, foi uma cantada. Fico em silêncio. — Você vai fazer alguma coisa? Também estou com aula vaga.

— Preciso terminar um trabalho com Pedro — respondo, sem graça, colocando a mochila na frente do corpo.

— Ahh que pena. — Aproxima-me ainda mais, quase roçando sua perna na minha. — Desde a festa do Lucas, estou louco para ficar um tempo a sós com você. Estava linda. Como sempre.

— Obrigada — agradeço, retraída. Deus, eu devo estar vermelha como um pimentão.

— Não precisa ficar sem graça. — Davi tenta colocar a mão no meu rosto, porém, uma voz grave e séria chega aos nossos ouvidos.

— Vamos, Joana?

— Sim, claro! — Agradeço em pensamento pelo meu amigo sempre chegar na hora certa. Estava incomodada já. — Até mais, Davi! — Afasto-me rapidamente dele, indo para trás de Pedro.

Reparo no seu rosto e ele parece furioso. Seus olhos estão apertados e as mãos cerradas ao lado do corpo. Fita o garoto mais velho, que ainda continua parado, como se quisesse esquartejá-lo e jogá-lo para os leões.

Vendo que não vai se mexer, pego seu braço e o empurro para a portaria do colégio, deixando um aceno e um sorriso amarelo para Davi.

Isso foi estranho.

— Por que você está bravo? — questiono, quando já estamos do lado de fora.

Pedro não disse nada no caminho até aqui.

— O que aquele metido a gostosão do pedaço queria? — vocifera, encarando-me pela primeira vez.

— Saber o que ia fazer agora.

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