Capítulo Três - Uma grande mudança.

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Como o enterro foi em uma segunda, Mariana não fora a escola. Assim que chegaram em casa, seus avós foram muito cautelosos ao falarem com ela, pois sabiam que isso seria muito difícil.

– Mariana, minha querida, seu avô e eu estávamos conversando e achamos melhor se você fosse morar com a gente na casa de campo. – disse sua avó com lágrimas nos olhos.

Mariana disse:

– Vovó o que a senhora está dizendo? Não posso. Não posso me mudar daqui. Apesar de saber que muitos dos que dizem serem meus amigos, não estão nem ai comigo, aqui está minha vida toda. Minha escola, minha melhor amiga, aqui é meu lar. Eu cresci aqui, não posso deixar tudo para trás.

– Mas é por isso mesmo que estamos propondo que vá morar conosco minha neta. Se você ficar aqui nesta casa, vai sofrer muito. E nunca que eu e sua avó deixaríamos você aqui sozinha com a Pandora. – disse seu avô com um nó na garganta.

– Mas então porque vocês não vêm morar aqui comigo? Não me sentiria tão só, e poderia continuar com minha vida de antes. Ou mais parecida com a que eu tinha antes dos meus pais morrerem em um acidente estúpido de carro. – Mariana disse com raiva.

– Oh Mari, por favor, não fique com raiva. Sei que é difícil para você. É difícil para todos nós. Perdemos nossa filha, nosso neto e nosso genro também. Mas precisamos nos manter fortes agora, porque senão tudo vai desabar. – disse a vovó agora chorando muito.

– Por favor, vovó, não chore. Desculpe-me, e me desculpe também vovô. Não queria que vocês tivessem essa responsabilidade por mim. Não queria que me vissem triste assim. Sei o quanto estão sofrendo. E eu sinto muito... Eu só não sei o que fazer. – disse Mariana caindo ao chão.

– Mari, eu entendo que você queira ficar aqui. – disse sua avó entre soluços. – Mas não podemos deixa-la aqui, entende? Você é menor de idade e sempre vamos querer cuidar de você, e claro, da Pandora também... Ainda mais agora. E eu e seu avô mudaríamos para cá se não fosse pelo trabalho de seu avô, pelos nossos animais do campo, e também por tudo o que sentiríamos se nos mudássemos para cá. É muito difícil deixar tudo lá para trás e vir morar aqui com a lembrança da nossa família... Não sei se daríamos conta de morar nesta casa, rodeados de lembranças, e acho que nem você aguentaria minha querida, você entende não é? Sempre que quiser pode receber sua amiga e quantos amigos quiserem ir lá em casa, pode dar festas também, só queremos que você continue com sua vida, por mais difícil que seja, precisamos que você fique bem para ficarmos também.

– Mas o vovô não precisa trabalhar, meus pais deixaram muito dinheiro. – disse uma Mariana desconcertada.

– Mas esse dinheiro é seu minha neta, e eu trabalho também por que eu gosto do que faço. Esse dinheiro é para seu futuro. – disse vovô. – Colocaremos a casa á venda, e amanhã mesmo, faremos a mudança.

Mariana não acreditava naquilo. Além de perder seus pais e seu irmão, ela teria que deixar a casa que viveu e a escola que frequentou a vida inteira. Sabia que a Gabriela estaria sempre por perto e que ainda poderia voltar a sua cidade quando quisesse, afinal, a casa de campo não era tão longe. Ela sentiria falta de tudo, mas tinha consciência que era necessário ir embora com seus avós e deixar aquela vida para trás. Por fim, Mariana disse:

– Tudo bem, vou começar a arrumar as minhas coisas!

E virando as costas para seus avós, subiu para seu quarto e recomeçou a chorar.

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