Capítulo Doze - Saudade e discussões.

30 3 0
                                    

Nos primeiros três meses de universidade, Matheus cumpriu o que prometera, e ia todos os sábados visitar Mari e seus avós, e aos seus pais também. Eles aproveitavam o tempo como se não houvesse amanhã. Fizeram amor mais algumas vezes, na cachoeira mesmo ou na casa de campo quando os avós de Mari davam uma saidinha. E mesmo triste porque chegará abril, o mês que sua família faleceu no acidente, ela tentava ser feliz ao máximo e aproveitar a vida, pois sabia que era isso que seus pais iriam querer.

Sentia saudade de ver Matt de semana, mas, se contentava com os sábados, e, aos domingos, quando ele voltava para o campus logo cedo, ela passava o dia todo com a Gabriela. Por mais cansada que Gabi estava de Mariana falar do Matheus, ela entendia, pois sabia que sua amiga nunca tinha amado assim antes, e que o amor deles era puro. Mas no final de abril, Gabriela percebeu que sua melhor amiga estava triste e decidiu perguntar o motivo:

– Mari, o que está acontecendo? Notei que você está estranha, um pouco triste... Quer desabafar amiga?

– Não é nada demais, talvez só coisa da minha cabeça, mas ontem o Matheus estava tão distante comigo sabe? Foi até seco... E fiquei pensando se ele já não enjoou de mim. Se a vida na universidade está tão boa que eu tenha ficado em segundo plano. – respondeu Mariana tristonha.

– Ahh amiga. Talvez ele só esteja cansado. Ele estuda a semana inteira e todo fim de semana vem te ver. Tentou perguntar para ele?

– Não. Fiquei com medo da resposta. Agora só sábado que vem para perguntar né?

– Nada disso! Liga pra ele agora e pergunta tudo que quiser. – disse Gabriela, já discando o número de Matheus.

Depois de três toques Matt atendeu: - Alô? Mari, o que foi?

– Oi amor... Liguei pra saber se está tudo bem entre a gente. – disse Mariana apreensiva.

– Huum, está. Porque não estaria?

– Ontem quando estava aqui, você não parecia estar aqui. Parecia distante, e seco. Te fiz alguma coisa?

– Não. Só estou cansado... Passo a semana inteira estudando, e todo sábado têm que ir pra ai. Eu só queria que você percebesse todo o esforço que estou fazendo e perguntasse como está indo a faculdade. Mas toda vez que vou você nem pergunta dos meus estudos e nem pergunta se estou descansando o suficiente. Sei que você gosta de me ver, e acredite amor, eu também adoro te ver, mas preciso descansar mais e você não percebe. – respondeu Matt chateado.

– Me desculpa se não pergunto dos seus estudos e nem percebo que você está cansado, mas quando você prometeu que vinha me ver todos os fins de semana, não achei que seria um problema depois. Quando está aqui comigo, quero aproveitar ao seu lado, e não pergunto sobre a faculdade porque você passa a semana inteira ai, e quando vem pra cá, além de vir me ver, achava que era pra fugir um pouco da responsabilidade. – disse Mariana dando soluços de choro. – Eu só queria te fazer feliz. Isso é difícil para mim, não te ver mais todos os sábados, mas se você precisa descansar pode ficar ai no campus. E quando quiser, pode vir me ver.

– Amor, por favor, não chora tá? Você vai ficar chateada se for um sábado sim e outro não? – disse Matheus. Não queria que Mari chorasse e nem ficasse triste, mas precisava de um tempo pra ele. Era por ela que ele precisava fazer isso, para o futuro dos dois, só que ela não podia saber ainda. Quando foi para a universidade, ele concordou em trabalhar na sala de informática e biblioteca para ganhar um dinheiro á mais do que ele já tinha guardado. Não suportava ver ela triste, mas não podia dizer nada agora, pois seria uma surpresa.

Depois de alguns segundos em silêncio, Mariana respondeu: – Não vou chorar. Eu te entendo amor. Desculpa se não percebi antes que você precisava descansar, e por não perguntar sobre sua vida ai. Nos veremos então a cada duas semanas. Agora preciso desligar. A Gabriela está aqui e nós vamos à sorveteria.

– Tudo bem amor. Me desculpa por não poder ir sempre. Mas pode me ligar todos os dias iguais antes, e prometo que vou te recompensar. Eu amo você, muito mesmo. – disse Matt com toda sinceridade, e triste, pois sentiria saudades nessas semanas que não á veria.

– Eu amo você tanto Matt. Só, por favor, quando tiver um problema, fala pra mim. Não fica distante e seco mais não ok?

– Ok meu amor! – disse Matheus, desligando assim o celular, e pensando em como tudo iria ficar bem quando o que ele estivesse planejando desse certo.

Gabriela e Mariana foram então á sorveteria e levaram a Pandora. Só a companhia de sua melhor amiga e de sua cachorra para animá-la agora. Claro que ela ficou chateada, mas entende que ele precisava de um tempo e que não poderia fazer nada á respeito. O amor era isso, Mariana tinha compreendido. É ficar feliz pela pessoa que ama mesmo que você mesmo não esteja. Gabi ficou consolando-a, e as duas conversaram bastante, mas logo anoiteceu e Mari e Pandora voltaram para casa. Ela tinha que descansar, pois segunda recomeçava toda a sua rotina. As duas semanas seguintes passaram rápido, e Matheus foi sábado visita-la. A saudade era tão grande, que parecia que não se viam há meses. Beijaram-se e se amaram o sábado inteiro. Mariana decidiu perguntar sobre a vida de Matt na universidade e ficou feliz de o ver sorrindo enquanto contava tudo o que estava aprendendo sobre ser um técnico de TI.

Apesar de se verem a cada duas semanas, eles continuavam se dando muito bem. O relacionamento deles continuava maravilhoso, e tanto Mariana quanto Matheus se sentiam muito felizes. Matt estava cada dia mais satisfeito com suas aulas e seu trabalho, e quando chegou em junho, toda a turma da sala dele decidiu dar uma festa, pois entrariam de férias. A festa seria em um sábado, o problema é que seria no mesmo sábado que ele iria pra casa de Mari. Por mais que sairiam de férias, ele ainda teria que ficar no campus umas duas vezes na semana por causa do seu trabalho. Mas não sabia como dizer isso á ela sem estragar a surpresa. Como a festa foi combinada de última hora, ele estava torcendo para Mariana não brigar com ele. Ligou para avisá-la, se sentindo totalmente apreensivo, mas ela não atendeu, então, ele foi ajudar a galera a arrumar as coisas para a festa, pensando que depois que terminasse, iria tentar ligar novamente.

Mariana estava tomando banho, e quando saiu, foi verificar seu celular para ver se tinha mensagem de Matheus, para ver se já estaria chegando, e viu que tinha três ligações perdidas dele. Preocupada, ela retornou imediatamente, mas agora foi ele que não atendeu. Ela tentou ligar mais três vezes, e só chamou. Como ele iria entrar de férias, sabia que chegaria mais tarde, mas quando deram dezenove horas e ele não chegou e nem retornou suas ligações, ela entrou em desespero. Ligou mais uma vez, se não atendesse, ela ia dar um jeito de conseguir o telefone da universidade, porém, dessa vez, escutou uma voz do outro lado da linha, mas não era a do Matheus. Era uma voz de mulher que disse: – Celular do Maaaatt, Lauren falaaaandooo... – e começou a rir, na mesma hora Mariana percebeu que a garota estava bêbada. Então Mari perguntou: – Cadê o Matheus? E quem está falando? – já ficando nervosa.

– Maaatt estáaa se divertindoo, e agooora vou láa me divertir com ele... – e puf, desligou.

Mariana estava agora com muita raiva. Não podia acreditar que Matheus estava bebendo com uma garota qualquer, e nem tinha certeza de onde ele estava. Só que não era com ela, aonde deveria estar. Imediatamente, Mari telefonou para Gabriela, explicando tudo e pedindo se poderia leva-la a universidade, onde ela achava que ele estava, e como uma boa amiga, na mesma hora Gabi foi buscar Mari em casa e as duas partiram para a universidade.

RECOMEÇOS.Onde histórias criam vida. Descubra agora