CAPÍTULO 18

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        O dia ainda não tinha amanhecido totalmente quando Teresa levantou-se, aproximou-se de Elvira, que estava estendida na outra cama, e disse: - Não consigo dormir. Temos de fugir daqui.
        - Se tentarmos isso, eles vão nos matar.
        - Não podemos ficar de braços cruzados. Precisamos tentar descobrir onde estamos e saber se eles vão ficar na casa o tempo todo.
        Ela caminhou até a porta e girou a maçaneta. Na mesma hora ouviu um ruído e uma voz gritou:
        - Não adianta. A porta não vai abrir.
        - Preciso de ajuda. Estou com uma dor de cabeça horrível e não consigo dormir. Você poderia arranjar-me um comprimido? Eu pago o que quiser.
        Depois de alguns minutos de silêncio, a chave girou e a porta abriu. Um homem que elas ainda não tinham visto, apareceu, e Teresa colocou a mão na testa, fingindo estar muito mal.
        - É meu turno de vigia. Não posso sair daqui.
        - Mas está doendo muito. Eu sofro de enxaqueca e quando fico nervosa ela ataca. Desta vez parece que vou ficar louca. Por favor, arranje-me um remédio.
        Ele olhou-a hesitante, depois disse:
        - Não posso sair daqui, mas vou ver se mando alguém arrumar isso.
        - Obrigada. Você não se arrependerá.
        Meia hora depois ele abriu a porta novamente, entrou e disse:
        - Aqui está o que eu consegui arranjar. Espero que a ajude.
        Teresa, fingindo mal-estar, apanhou o envelope de comprimidos e disse:
        - Espere um pouco.
        Apanhou a bolsa, tirou uma nota da carteira e deu-a a ele, que segurou o dinheiro e respondeu:
        - Não precisava.
        - Faço questão. Você foi muito bom para mim. Eu nunca esqueço de retribuir as pessoas que me ajudam.
        Ele fechou a porta de novo e Elvira perguntou:
        - O que você pensa em conseguir com isso?
        - Ganhar a confiança dele e descobrir o que desejamos saber.
        Ao meio-dia, um outro homem trouxe uma bandeja com o almoço. Pela embalagem em papel alumínio elas peeceberam que a comida havia sido comprada, mas não havia nada escrito.
        Teresa abriu e convidou:
        - Vamos comer, Elvira. Precisamos nos manter fortes. Tenho esperança de podermos escapar daqui.
        Depois que elas almoçaram, o homem que parecia comandar o grupo reapareceu, segurando uma pasta de couro.
        Perguntou se haviam almoçado bem, se a comida estava ao gosto delas e depois sentou, pedindo que elas também se sentassem em volta da mesa.
        Elas sentaram-se e esperaram. Ele começou, dirigindo-se a Teresa:
        - Vos vai escrever uma carta que eu vou lhe ditar.
        - Para quem e para quê? - indagou Teresa.
        - Para seu filho Osmar.
        Teresa sobressaltou-se:
        - Por isso você nos seqüestrou? Para pedir dinheiro a meu filho?
        Os olhos dele brilharam rancorosos quando respondeu:
        - Eu não sou um chantagista. Sou um homem de negócios que seu filho passou para trás. Ele me deve muito dinheiro e precisa pagar.
        Teresa abriu a boca e fechou-a, sem encontrar palavras para responder. Ela tinha o filho em conta de uma pessoa equilibrada, bem-comportada, sem grandes arroubos. Como ele poderia dever muito dinheiro a alguém?
        Quando se recuperou um pouco do susto ela tornou:
        - Se meu filho está lhe devendo, por que não nos procurou de maneira civilizada? Meu marido é um homem de bem, tenho certeza de que ele não sabe dessa dívida porque se soubesse não deixaria Osmar passar por uma coisa dessas.
        - Há muitas coisas que tanto a senhora como seu marido ignoram sobre seu filho. Os negócios que nós temos não podem ser declarados oficialmente. São feitos sob palavra. Nós somos homens de palavra. Quando um não cumpre, temos nossos próprios modos de fazer a cobrança.
        Teresa empalideceu. A descoberta de que Osmar se dedicava a negócios ilícitos feriu fundo seus princípios de honestidade e de bom comportamento.
        De pronto ela não encontrou nada para responder. O homem entregou-lhe uma caneta, um bloco e disse:
        - Escreva o que vou lhe ditar.
        Com a mão trêmula, ela segurou a caneta e percebeu que não lhe restava alternativa, senão obedecer.
        - Escreva:
        "Osmar,
        Fui seqüestrada. Se você não mandar o dinheiro que deve, eles vão me matar com Elvira. Estou com muito medo.
        Teresa".

Onde está Teresa?Onde histórias criam vida. Descubra agora