Na manhã seguinte, Alberto acordou cedo. Ele custara a dormir na noite anterior, fazendo planos para o futuro. Imaginando retomar seu trabalho na empresa ao lado de Teresa e Vitório. Levantou-se, arrumou-se e foi tomar café. Pouco depois, Vitório chegou. Ele também acordou cedo querendo ir logo à procura da mãe. Depois do café, eles informaram a Dinda que iam buscar Teresa. Vendo-os sair apressados, ela sorriu alegre e elevou seu pensamento a Deus, agradecendo por tudo ter terminado bem. Quanto ao caso de Osmar, ela acreditava que quando ele desse-se conta do tamanho do erro que cometera, do quanto isso o prejudicara, arrancando-o de uma situação privilegiada e atirando-o em uma cela de prisão, sem saber quando ficaria livre, pensaria melhor, e quando ganhasse a liberdade novamente, nunca mais teria coragem de voltar a fazer negócios ilícitos. Teresa também acordou cedo naquela manhã. Refletindo sobre como seria sua vida dali para frente. A atitude do delegado a fizera sentir-se valorizada e com a certeza de que agira corretamente ao enfrentar seus medos. Apesar de temer que Alberto não a perdoasse, estava disposta a enfrentar os acontecimentos como uma conseqüência de seus erros. Sentia-se forte, apesar da insegurança do seu futuro. A campainha tocou e Teresa foi abrir. Emocionada, olhou Alberto e Vitório, que imediatamente a abraçaram. - Mãe, viemos buscá-la. Vamos para a casa. Teresa olhou para Alberto que a abraçou, dizendo: - Quero que você volte para a nossa casa. As lágrimas desciam pelo rosto de Teresa, que os abraçou, sem encontrar palavras para responder. Eles entraram e ela fechou a porta. - Vamos arrumar suas coisas agora - disse Vitório. Ela fixou os olhos em Alberto e perguntou: - Tem certeza de que é isso que você quer? Ele não desviou o olhar e disse: - Absoluta. Sinto que nós ainda temos tempo de nos conhecermos melhor e recomeçarmos nossa vida. - Vamos nos sentar e conversar sobre nosso futuro - tornou Teresa, convidando-os a entrarem na sala. Alberto sentiu que ela temia os arroubos de ciúmes que ele sempre tivera e respondeu: - Ontem, depois que você saiu, recolhi-me para pensar. Sentia dor, revolta, não entendia direito as emoções que me atormentavam. No início pensei até em acabar com a vida porque eu não conseguia perdoa-la, mais sabia que não poderia viver sem você. O amor que sinto está mais vivo do que nunca. Ele fez ligeira pausa, depois continuou: - Recordei-me dos meus erros, das traições que cometi me relacionando com outras mulheres e cheguei à conclusão de que eu não tenho moral para cobrar nada. Você abriu seu coração e eu quero fazer o mesmo. Desejo que nosso relacionamento daqui para a frente seja limpo, claro e verdadeiro. Devo dizer-lhe que nunca amei outra mulher. Você me desprezava e eu corria atrás das outras para provar-lhe que era apreciado como homem. Talvez esse tenha sido o maior dos meus erros. Fazia isso por vaidade, só alimentando meu orgulho. No fim, ficava mais infeliz do que antes. - Eu sabia de tudo e imaginava que você se comportava assim para humilhar-me por eu não ser uma mulher carinhosa. Os dois se calaram e Vitório interveio: - O orgulho continua sendo nosso maior inimigo. Enquanto lhe dermos força, não encontraremos a felicidade. Teresa concordou com a cabeça e Alberto continuou: - Reconheço que eu tivesse deixado a vaidade de lado e sido carinhosa dando provas do imenso amor que sentia talvez você tivesse correspondido. - Penso que sim. - Quero que me perdoe por não ter tido essa sensibilidade. Mas agora será diferente. Nós mudamos, aprendemos. Teresa sorriu e levantou-se? - Ajudem-me a arrumar as coisas. Vamos para a casa. Contentes, eles arrumaram tudo e colocaram no carro. Ela levou as coisas de Renata e pretendia manda-las para uma casa de caridade. Foi com alegria que chegaram ao apartamento, onde Dinda, radiante, esperava-os para o almoço. Vitório, porém, não quis esperar. Tinha urgência de ver os amigos. Foi à casa de Marília, tocou a campainha, e Estela abriu a porta. Vendo-o, sorriu alegre: - Estava pensando em você! - Eu também. Ele entrou e eles logo foram cercados por Marília, Altair e Dorita. Depois dos cumprimentos ele falou da volta de Teresa e da alegria de tê-la em casa. - Ainda não vi Paulo. Pensei encontra-lo aqui. - Agora ele só vem a passeio - informou Marília. - Para namorar a dona - brincou Dorita. - Vou ligar e dizer-lhe que você está aqui. Marília ligou e Paulo disse que iria até lá para vê-lo. - Que rápido que ele resolveu me ver! - brincou Vitório. - Tem mais alguém que andava chorando pelos cantos - disse Altair. - Vale a boca, menino - pediu Estela. - Por que não diz a verdade? Estela está morrendo de medo que você vá embora para o Rio de Janeiro e não venha mais aqui. Vitório olhou-a sério e respondeu: - Nós nos reencontramos depois de tanto tempo e não quero perder essa oportunidade. Vendo que Estela estava emocionada, Dorita convidou-os a irem à cozinha, onde ela havia coado um café fresquinho. Pouco depois, Paulo chegou, abraçou Vitório, interou-se dos últimos acontecimentos e disse: - Finalmente esse drama está tendo um final feliz! - Estive na delegacia e Monteiro contou-me que depois que vocês foram embora, Osmar não falou mais com ninguém. Fechou-se num mutismo total, não responde quando falam com ele e nega-se a dormir na cama da cela. Monteiro contou que esse fato retarda a transferência dele para um presídio, onde ficaria mais bem instalado. Monteiro precisa encerrar o inquérito e deseja que ele fale, testemunhe contra o Gil. - Nós pensamos em ir visitá-lo mais tarde. - Apesar do comportamento dele, Monteiro pensa que é melhor ele não ver ninguém da família por perto. Se pensar que está abandonado, talvez resolva se abrir. - Vitório suspirou e respondeu triste: - Vou me concentrar e pedir a Analú que nos ajude. - É uma boa idéia. Vitório conversou mais um pouco, depois se despediu. Estela acompanhou-o até a porta, enquanto os outros continuaram na cozinha, tomando café. Vitório segurou a mão dela, dizendo com carinho: - Não tenha medo. Agora que nos encontramos de novo, nunca mais nos separaremos. Nós temos um caminho a percorrer juntos. Ela sorriu e seus olhos brilhavam alegres. - Eu preciso ir por causa de meu irmão, mas logo voltarei. Vitório voltou ao apartamento e encontrou Alberto no telefone, falando com o advogado. - E então? - perguntou Teresa, quando ele desligou. - O Dr. Júlio nos aconselhou a não ir hoje ver Osmar. Disse-nos que será muito bom que ele fique sozinho com seus pensamentos. - Não sei se ele está certo. Tenho vontade de vê-lo - reclamou Teresa. - O Dr. Júlio tem muita experiência. Pode estar certo. Vitório interveio: - Quando não sabemos o que fazer podemos recorrer aos nossos amigos espirituais. Eles os olharam admirados, e Vitório prosseguiu: - Vamos nos sentar, elevarmos nosso pensamento e pedirmos aos espíritos de luz que nos ajudem a encontrar o melhor caminho. Os dois concordaram, acomodaram-se. Vitório pediu: - Vamos fechar os olhos e nos concentrar, imaginando que esta sala está cheia de luz azul. Eles obedeceram e Vitório continuou: - Vamos mentalizar Osmar e imaginar que essa luz azul o que está envolvendo, levando-lhe energias de amor e paz. Vamos sentir todo o amor que temos por ele no coração e o abraçarmos com carinho. Nesse instante, Vitório viu o espírito de Analú e do jovem que estava ao lado dela. Imaginou que fosse Ronaldo que tinha auxiliado Alberto. Ronaldo envolveu-o e Vitório começou a falar: - Sou Ronaldo. Acalmem-se e entreguem o caso de Osmar nas mãos de Deus. Continuem envolvendo-o com amor, mas saibam que esta é uma grande oportunidade para que ele tenha sucumbido às tentações do orgulho, mas agora já está maduro para perceber seus erros. Seu espírito já pode construir uma vida melhor. Alegrem-se por saber que a vida está agindo, mostrando-lhe seus pontos fracos e quando ele os reconhecer, aceitar que não é tão grande como imagina nem tão pequeno como se sente, encontrará o equilíbrio do seu nível espiritual e desfrutará de momentos mais felizes. Alberto sensibilizado, disse: - Você é o anjo que me ajudou. Sei que está ajudando Osmar. - Sou um espírito que lhes quer muito bem e deseja que aprendam a valorizar as conquistas que fizeram. O orgulho excessivo de Osmar o tem infelicitado, mas quem de nós já terá vencido esse mal? A inveja é fruto do orgulho e da vaidade. E só a venceremos quando aceitarmos a nossa realidade e a vida como ela é. Portanto, vamos assumir nossa responsabilidade como pessoa, cuidar bem do nosso progresso e confiar no futuro. Nenhum de nós pode melhor, portanto a vida trabalha com segurança para nos conduzir à conquista da felicidade. - Você acha que Osmar um dia vai endenter isso? - indagou Teresa, comovida. - Esqueçam o erro que ele cometeu, mentalizem as qualidades que ele tem e tratem de trazer para fora seu lado melhor. Se fizerem isso, o que desejam acontecerá mais rápido do vocês pensam. - Você vai continuar nos ajudando? - Eu e Analú estaremos sempre tentando inspirar-lhes pensamentos elevados. Saindo daqui, iremos ter com Osmar, onde procuraremos ajuda-lo para que encontre o melhor caminho. Vitório estendeu as mãos sobre os pais e delas saíram jatos de luz que os envolveu, fazendo-os se sentirem confiantes e fortalecidos. Depois, Ronaldo afastou-se de Vitório, que, emocionado, continuava vendo-os. Ele abraçou os pais e delas saíram jatos de luz que os envolveu, fazendo-os se sentirem confiantes e fortalecidos. Depois, Ronaldo afastou-se de Vitório, que, emocionado, continuava e vendo-os. Ele abraçou os pais, sentindo vibrar o amor que tinha no peito. Nesse instante, uma luz branca e brilhante desceu do alto sobre a cabeça de todos. Analú e Ronaldo, abraçados, contemplavam a cena radiantes. Depois tudo se apagou e Analú deu a mão a Ronaldo dizendo: - Hoje conseguimos mais uma vitória. Sinto que Osmar desta vez vai se recuperar e esta família poderá viver em paz. Vitório vai se casar com Estela, Marília com Paulo e entre todos vai existir uma grande amizade. - E eu, o que acontecerá comigo? - Você voltará nos braços de Estela e Vitório. Desta vez para uma vida longa e proveitosa. A noite já havia descido sobre a terra e as luzes da cidade brilhavam lá embaixo, enquanto as estrelas faiscavam no céu. De mãos dadas Analú e Ronaldo deslizavam no espaço, sentindo o coração inundado de luz e muita confiança no futuro.
F I M
OBRIGADO A TODOS PELA LEITURA.