CAPÍTULO 26

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       Osmar chegou a casa, incomodado por um sentimento depressivo e angustiante. Ao comparecer em um restaurante elegante para almoçar com um cliente importante, tivera o desprazer de encontra Aurélia naquele local, acompanhada pelo seu rival. Ela estava tão entretida com ele, que nem notou sua presença, apesar de Osmar tê-la olhado com insistência, tentando ser visto.
       Ele marcara esse encontro para resolver um negócio importante, mas foi-lhe difícil concentrar a atenção no assunto, porquanto não conseguia desviar o olhar dos namorados e quanto mais olhava mais nervoso ficava. Indiferente ao que acontecia, o jovem casal se entretinha em demonstrações de carinho, sem perceber que Osmar estava ao lado, sofrendo, tentando conter a raiva, desejando prestar atenção ao que seu parceiro dizia, sem nenhum interesse. Esqueceu-se de tudo o que tinha planejado para fechar aquele negócio né, por fim, o cliente despediu-se sem efetivar o projeto. Osmar foi para a empresa, irritado. Durante toda à tarde.
       Continuou sentindo uma desagradável sensação de fracasso que o deixou deprimido e inquieto.
       Ele não estava habituado a perder. Não podia aceitar que Aurélia não lhe desse atenção. Precisava fazer alguma coisa para acabar.com aquele namoro.
       Norberto não tinha conseguido nada contra o médico. Tentará de várias formas, envolvê-lo, Armando ciladas, mas o rapaz era esperto e saia-se bem de todas elas, conservando-se neutro, não entrando em situações novas.
       O Dr. Augusto Mendonça sabia o que queria e agia de maneira firme, clara, não deixando um ponto fraco que Norberto pudesse explorar.
       Osmar não continha a impaciência. Não era possível existir alguém que não tivesse um ponto fraco, ao que Norberto respondia:
       - Pois ele é assim. Escorrega de todas as situações com classe, sem se envolver. Nunca vi um cara igual a esse.
       Essa superioridade do rival deixava Osmar mais nervoso, levando-o a ter vontade de cometer uma loucura. Imaginava procurá-lo pessoalmente na calada da noite e dar-lhe um tiro. Há custo conseguia conter esse impulso.
       Nora, vendo-o entrar em casa, perguntou se podia servir o jantar. Ele não estava com fome e preferiu servir-se de uma bebida, depois, sentou na sala, pensativo.
       Não podia tirar da sua mente as cenas que presenciara no restaurante: Aurélia amável, acariciando o rosto do rival, segurando sua mão com os olhos brilhantes, e os beijos, que  o médico dava na mão dela, enquanto seus olhos se encontravam com amor. Osmar levantou-se e começou a andar nervoso pela sala. Primeira vez questionou sua paixão por Aurélia. Por que não podia tirá-la de sua cabeça? Por que se apegara a ela que nunca lhe dera valor?
       Quanto mais se questionava, mais aumentava o medo de perdê-la. Era uma loucura. Por causa desse amor envolvera-se em coisas perigosas que custará a vida de sua mãe.
       Não se sentia culpado pelo desaparecimento ou pela morte dela. Afinal, por que ela fora fazer aquela malfadada viagem sem o marido?
       Estava tão entretido em seus pensamentos que não ouviu a campainha tocar. Pouco depois, Nora, toda assustada, introduziu na sala dois homens desconhecidos e só então Osmar se deu conta e perguntou:
       - Quem são os senhores, o que querem aqui?
       Um deles exibiu as credenciais de policial e perguntou:
       - O senhor é Dr. Osmar Borges de Azevedo?
       - Sim. O que desejam?
       - O senhor está preso e deve nos acompanhar até a delegacia.     
       Osmar estremeceu:
       - Preso?! Eu? Sob que acusação?
       - Tráfico de drogas.
       - Os senhores estão enganados. Não pode ser. Sou um empresário, um homem de bem.
       - Não há nenhum engano - respondeu o outro. - Temos aqui a ordem de prisão. O senhor tem o direito de ficar calado, mas é obrigado a nos acompanhar.
       Osmar pensou em resistir, mas depois achou melhor contemporizar:
       - Está bem. Eu os acompanho. Estou certo de que logo tudo será esclarecido.
       Osmar vestiu o paletó e o policial estendeu as algemas. Ele protestou assustado:
       - Não é preciso fazer isso comigo. Não sou um bandido. Vou de boa vontade.
       - Sinto muito, mas terei de algemá-lo. É de praxe.
       Osmar ainda tentou resistir, mas foi inútil. Diante dos olhos apavorados de Nora, os policiais algemaram Osmar e o levaram para viatura.
       Assustada, Nora imediatamente ligou para Alberto em São Paulo. Vitório atendeu e ela contou o que tinha acontecido e finalizou chorando:
       - O Dr. Osmar saiu daqui algemado. Estou com medo. Você precisam voltar.
       - Acalme-se. Vou ligar para nosso advogado tratar do caso. Vou falar com papai e voltarei a ligar para você.
       Vitório desligou o telefone preocupado. Apesar de saber que isso iria acontecer, notícia o abalou. Alberto, que estava ao lado indagou:
       - Aconteceu o que temíamos?
       - Sim. Osmar foi preso. Nora pediu que fôssemos para lá, ajudá-lo. O que acha?
       - Ligue para o Dr. Nunes e lhe conte o que aconteceu. Peça-lhe para ir imediatamente ver o que pode ser feito. É melhor voltarmos para o Rio hoje mesmo.
       - Está bem. Enquanto você e Dinda arrumam à bagagem, vou ligar e conversar com Paulo.
       Ele ligou, mas Paulo não estava. Então se lembrou de que ele tinha acompanhado o delegado para surpreender e prender os traficantes.
       Desistiu de falar com ele. Tentou conseguir passagens de avião, mas não conseguiu. Apesar da vontade de Alberto de viajar o quanto antes, eles fora forçados a esperar pela manhã seguinte.
       Monteiro tinha feito todo um plano para efetuar a prisão de Gil Duarte. Há tempos seus colegas que trabalhavam na área de drogas conheciam não só a periculosidade dessa quadrilha como o mal que eles causavam, distribuindo drogas no Brasil inteiro e no exterior.
       Mas não conseguiam provas para prendê-lo, Gil Duarte mantinha uma empresa de cosméticos, intitulava-se importador e exportador de mercadorias e sua documentação era legal. Contudo, a polícia sabia que ele era um dos maiores traficantes do país.
       Monteiro unira-se aos companheiros dessa área, e analisando as provas que possuíam, conseguiram o mandato de prisão. Gil freqüentava um clube de futebol famoso onde era muito popular, e adorava teatro. Era figura constante na vida noturna de São Paulo onde comparecia ao lado da mulher e de dois seguranças. Ele morava em uma linda casa no bairro do Morumbi, cercada de muros altos, com uma guarida na frente da entrada, onde sempre ficava um dos seus homens. A polícia sabia que na casa de Gil todos os seus empregados eram homens da sua quadrilha e por esse motivo programaram prende-lo fora dali, quando saísse. Eles armaram o cerco sem despertar suspeitas no homem que vigiava a casa. Alguns polícias estavam à paisana e colocaram seus carros bem situados de modo a observarem tudo. Ficaram se comunicando pelo rádio. Monteiro, ao lado de outros policiais, esperava escondido dentro do carro com as luzes apagadas. Paulo estava com eles.
       A polícia queria evitar confronto, porquanto sabia que estavam armados e eram  homens perigosos que não hesitariam em atirar para matar.
       Em silêncio eles esperavam. A noite estava escura e a iluminação das ruas era fraca em razão das árvores que bloqueavam a luz. Passava das vinte horas quando o portão principal abriu e o carro de Gil saiu. Dois homens sentados na frente e o casal atrás. Procurando não despertar suspeitas, os carros saíram atrás, fazendo o mesmo trajeto.
       Quando chegaram ao local que tinham programado, eles bloquearam o carro de Gil, que foi forçado a parar.
       Monteiro apanhou o megafone e gritou:
       - Polícia! Desçam do carro.
       Gil abriu o vidro da janela e disse:
       - O que está acontecendo?
       Monteiro desceu acompanhado de dois policiais de uniforme e aproximou-se de Gil, enquanto mais dois desceram do carro do outro lado armados, abordando o motorista e seu acompanhante para que entregassem suas armas. Antes que Gil pudesse reagir, Monteiro abriu a porta do carro e deu voz de prisão. A operação foi muito rápida, apanhou o traficante de surpresa e ele não reagiu. A operação fora um sucesso, principalmente porque Gil não acreditava que pudesse ser preso e contava sair rapidamente daquela situação. A certeza de sua impunidade o impediu de reagir. O fator surpresa foi importante para que a operação policial obtivesse êxito.
       Em vão, Gil tentou tentou explicar a Monteiro que ele era um cidadão honesto, um empresário respeitado. Quando percebeu que não conseguiria convencê-lo, começou a exigir a presença dos seus advogados. Monteiro, porém, determinou que só, permitiria chamá-los no dia seguinte.
       Gil queria saber qual era o motivo de sua prisão e Monteiro lhe disse:
       - Você está peso por tráfico de drogas e pelo assassinato de Otávio de Oliveira e uma mulher cujo nome, ainda não pode ser revelado.
       Gil empalideceu e a partir daí decidiu não dizer mais nada e só falar depois de conversar com seus advogados.
       Monteiro começou os interrogatórios, mas todos eles se fecharam e recusavam-se a falar.
       Era madrugada quando Paulo, cansado, mas satisfeito, voltou para a casa de Marília.
       Wagner abriu a porta, Paulo entrou.
       - E então? - indagou Wagner. - Como foi?
       - Tudo bem. A operação foi um sucesso. Gil Duarte e parte de sua quadrilha está presa. Os outros, a polícia está procurando para prender.
       - Quero saber todos os detalhes. Gostaria de ter ido junto.
       - A tensão foi grande, mas não foi preciso dar nenhum tiro.
       - Vamos para a cozinha. Dorita deixou algumas coisas para comer.
       - Estou com fome, mas contente. Deu tudo certo. Osmar foi preso no Rio e já está a caminho de São Paulo.
       Os dois foram para a cozinha, estavam comendo quando Marília apareceu:
       - Acordamos você! - tomou Paulo. - Falamos alto demais.
       - Não foi isso. Eu estava nervosa e não consegui dormir.
       Paulo sorriu e abraçou-a feliz:
       - Ficou pensando em mim?
       - Sim. Estava com medo que lhe acontecesse alguma coisa. A cena daquele crime ainda não saiu da minha mente.
       - Não se deixe envolver por ela. Não vale a pena.
       - Está difícil. Sempre que estou com medo ela reaparece na minha mente.
       - Quando acontecer, procure não dar importância e lembrar-se de alguma coisa boa para que ela vá embora. As impressões foram muito fortes, mas agindo assim você acabará por apagas-las de sua lembrança.
       - Eu gostaria muito. Mas, me conte como foi? Conseguiram prende-los?
       Paulo ia falar, mas Dorita apareceu, dizendo contente:
       - Eu não consegui dormir. Ouvi que vocês chegou e desci. Que bom que estão aqui. Parece que deu tudo certo!
       - Deu mesmo. Paulo vai nos contar como foi - respondeu Marília.
       Paulo contou tudo nos mínimos detalhes. Sentia-se feliz por terem efetuado as prisões sem maiores problemas. E finalizou:
       - Penso que até agora Gil Duarte, o chefe da quadrilha, não acreditou que ficaria preso. Não esboçou nenhuma reação. Preferiu continuar representando o papel de empresário honesto, boa gente,personagem com o qual ele tem ludibriando as autoridades até hoje.
       - Mas ele tem dinheiro, bons advogados e as leis oferecem muita change de recursos que acabam levando à impunidade. Não há o risco de ele livrar-se da prisão? - indagou Marília preocupada.
       - Desta vez, não. Antes nós não tínhamos provas concretas contra ele. Agora temos. O testemunho de Elvira será muito convincente. Depois, espero que Teresa apareça. Se como eu penso ela está escondida com medo deles, quando souber da prisão vai sentir-se segura e voltar para casa. Ela também poderá testemunhar contra eles. Há também o motorista do táxi que as levou até a casa do crime.
      - Você acha mesmo que ela está viva? - perguntou Dorita. - Será que eles não mataram também?
       - É uma possibilidade. Eles mataram aquela mulher pensando que fosse Teresa. O mais provável é que ela esteja escondida com medo deles. Está noite mesmo Monteiro começou os interrogatórios, ele vai apertar e alguém vai acabar falando.
       - Quem será a mulher que foi morta no lugar de Teresa? - dessa vez foi Wagner quem fez a pergunta.
       - Ainda não sabemos. Talvez Teresa tenha a resposta. Por enquanto precisamos esperar. Mas o pior já passou. Eu sinto quando um caso está sendo concluído. Para mim, dentro de mais alguns dias tudo estará resolvido.
       Eles continuaram conversando até o dia clarear. Depois, Paulo ligou para Vitório conforme tinha prometido.
       Ele atendeu ao primeiro toque, o que mostrou que ele também não tinha conseguido dormir.
       - Está tudo bem, Vitório - disse Paulo. - Deu tudo certo, estão todos presos.
       - Como você nos avisou, eles prenderam Osmar no Rio de Janeiro. Eu e papai queremos ir para lá e saber o que está acontecendo. Só não fomos ontem porque não consegui as passagens.
       - Vocês não devem ir. Osmar está sendo trazido para São Paulo. É aqui que ele vai ter que ficar.
       - Vou informar o nosso advogado. Você compreende. Apesar do que ele fez, nós não podemos deixar de ajudá-lo nessa hora.
       - Ele vai precisar mesmo de um bom advogado. Eu conheço um ótimo criminalista aqui. Se desejarem, posso indicá-lo.
       Vitório suspirou triste e respondeu:
       - Obrigado. Falarei com papai. Ele está atrasado. Mas apesar de tudo, nosso dever é ajudar Osmar e desejar que a dura lição tenha lhe ensinado alguma coisa melhor.
       - Faço votos que seja assim. Saiba que pode contar comigo para tudo o que precisar.
      - Papai vai querer ir a delegacia e falar com Osmar. Acha que vai ser possível?
       - Não sei se eles já chegaram. Monteiro foi para casa de madrugada e deve ter deixado todos incomunicáveis. Vocês não vão conseguir conversar com Osmar. Vou descansar um pouco e logo depois do almoço, se quiserem, poderei ir até lá com vocês. Monteiro já estará na delegacia e tudo será mais fácil.
       - Está bem. Explicarei tudo a papai e ficaremos esperando que você ligue para irmos juntos. O nosso advogado é da área trabalhista e acho melhor chamar esse que você disse que é bom.
       - É o mais sensato. Anote o telefone.
       Paulo deu as indicações e desligou, prometendo encontrar-se com eles no começo da tarde para irem juntos à delegacia. Depois de colocar Marília a par do que pretendia fazer, Paulo finalmente foi para o quarto de Altair dormir.
       Assim que Osmar foi levado à delegacia, no Rio de Janeiro, ficou sabendo que deveria viajar imediatamente para São Paulo. A fisionomia indiferente dos policiais, os olhares maliciosos das pessoas presentes na delegacia, à insistência de dois repórteres em fotografá-lo, embora ele tentasse abaixar a cabeça, irritaram-no muito.
       Era humilhante ser tratado dessa forma, estar algemado, ser conduzido por dois policiais um de cada lado segurando seu braço, indiferentes aos seus sentimentos, como se tudo aquilo fosse normal. Aquilo não podia estar acontecendo com ele. Alguma coisa estava errada. Eles não podiam ter feito isso, dessa forma. Ao pensar que no dia seguinte suas fotos poderiam estar no jornal como bandido, serem vistas por seus amigos e conhecidos, inclusive por Aurélia, ficava apavorado. Isso não era justo. Ele não matara ninguém. Querer ganhar dinheiro, ser rico, não era crime.
       O mundo estava cheio de gente que enganava a justiça, enriquecia e vivia muito bem. A culpa do que estava lhe acontecendo era do pai que tinha feito à loucura de gastar o dinheiro com o qual ele contava para pagar aquela dívida.
       Sentado no banco traseiro, algemado, no meio de dois policiais, que conversavam entre si alegremente como se ele não estivesse ali, Osmar tentava encontrar uma forma de reverter à situação.
       Tinha esperança de que quando chegasse a São Paulo, o pai já o estivesse esperando com um bom advogado. Ele não poderá comunicar-se com ele para contar o que estava acontecendo, mais imaginava que Nora tivesse ligado relatando que ele foi preso!
       Certamente, o pai não o deixaria passar por esse vexame e faria tudo para libertá-lo. Ao mesmo tempo, tentava encontrar uma explicação para fazer o pai acreditar que ele era inocente. Apesar de saber que Alberto era muito exigente em questões de honestidade, contava em poder ludibriá-lo com facilidade. Afinal, era seu pai, sempre o apoiara e o amava. Isso seria suficiente para desejar que ele não ficasse preso.
      O maior receio era que Nelsinho, que fora preso no sanatório qua do levaram Elvira, desse com a língua nos dentes. Ele era covarde. Se o apertassem um pouco, não resistiria. Se ele revelasse alguma coisa que o incriminasse, poderia negar e seria sua palavra contra a dele. Claro que a sua teria maior credibilidade. Nelsinho sempre vivera à margem da Lei, enquanto ele era empresário respeitado, conceituado.
       Quando a viatura chegou a delegacia de São Paulo, eles desceram e entraram. Osmar olhou em volta, esperando ver o pai, mas não o encontrou. O dia estava amanhecendo e só dois policiais, com casa de sono, os receberam.
       Eles conversaram e Osmar pediu:
       - Tirem as algemas. Preciso telefonar.
       Um deles olhou-o como se ele estivesse pedindo alguma coisa impossível e respondeu:
       - Telefonar só quando o Dr. Monteiro chegar.
       - Eu preciso avisar meu pai e falar com o advogado.
       - Não posso fazer nada. Fale com o delegado quando ele chegar.
       Por mais que Osmar insistisse, não conseguiu ser atendido. Foi levado por um corredor, passaram por uma porta onde havia dois policiais armados montando guarda e o levaram para uma cela que estava vazia. Em frente tinha outra onde estava algumas pessoas deitadas em colchonetes e duas nas camas.
       O cheiro era muito desagradável e Osmar conteve a respiração, tentando evitar senti-lo. Quando abriram à porta e i empurraram para dentro da cela, Osmar revoltou-se e gritou:
       - Vocês não podem fazer isso comigo! Eu sou um empresário. Um homem de bem. Quero falar com meu advogado. Não quero ficar aqui!
       Os dois policiais não responderam. Limitaram-se, a sorrir e a trancar a porta. Depois, foram embora.
       Osmar olhou a cama estreita que estava coberta por um cobertor pequeno e escuro e tinha um travesseiro, cuja fronha desbotada de cor indefinível inspirou-lhe aversão. Decidiu permanecer em pé. Ele não se deitaria naquela cama grosseira e mal cheirosa. Os outros presos o olhavam com curiosidade, e Osmar encolheu-se em um canto, procurando ignorar aquele lugar horrível. Por mais que tentasse, essa era a sua realidade naquele momento.
       Ele sentia-se impotente naquela hora, mas ainda esperava que o pai aparecesse e tirasse-o dali.
     
      
     
      
      
      
    
    
     
   

Onde está Teresa?Onde histórias criam vida. Descubra agora