13 de julho de 1957

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Uma semana que tudo aquilo havia acontecido. John não tinha dito nada sobre Paul entrar na banda, eu pensava que eles estavam perdendo alguém realmente bom para a banda. Paul parecia ser alguém completamente diferente do resto da banda, tentava falar como alguém da classe média, sem os sotaques que quase todos de Liverpool tinham, se vestia bem e tinha ótimos modos, Paul era o oposto de John, era como se estivesse entre o bem e o mal.

O telefone de casa tocou e Margareth o atendeu

— Residência dos Campbell – Margareth deu uma pausa para escutar a voz do outro lado — vou dar o recado, obrigada

Margareth me viu fingindo que estava mexendo nas plantas

— Era o Senhor Lennon dizendo que quer ver você na casa dele agora

Assenti a cabeça e sai correndo para a casa de John, peguei um ônibus, que minha mãe não saiba disso, entrei e vi um rosto conhecido, era Paul. Ele acenou para mim e sentou no banco do lado para me dar espaço para sentar, e fui até seu lado e sentei

— Nunca imaginei que pessoas de alta sociedade andavam de ônibus — foi a primeira coisa que Paul disse

— Não andam, mas quem disse que ligo? — disse o desafiando

— Já vi que você é bem diferente do pessoal da alta sociedade, anda de ônibus, anda com Teddy Boys que o certo é ter medo. Acho que você gosta de viver em perigo

— Ter medo do John? John é um amor, mas com quem quer, no caso comigo — disse dando de ombros

— Deixa eu adivinhar, você está indo para a casa de John, certo?

— Acertou, mas como sabe? — fiquei confusa, pois Paul não estava na banda

— Porque estou indo para o mesmo lugar

— Então... quer dizer que você entrou na banda?

— Eu não sei ainda, mas fui chamado para uma reunião é porque estou na banda – Paul deu uma pausa — E isso quer dizer que você vai poder tirar fotos a vontade de mim — fiquei vermelha, mas mesmo assim respondi

— Acredito que sim, isso é ótimo Paul – sorri para ele e ele sorriu de volta — É aqui que devemos descer

Descemos do ônibus e do outro lado da rua vimos John parado na porta batendo o pé rapidamente no chão como se estivesse nervoso com algo. Atravessamos a rua e chagamos no portão da casa da tia Mimi

— Eu diria que vocês estão atrasados, mas foram os primeiros a aparecer, sorte de vocês

John chegou perto do portão e abriu o mesmo já me puxando para longe de Paul e me levando para dentro da casa de Mimi

— Venha McCarthy

— É McCartney

— Não faz diferença

Entramos na casa e tia Mimi estava na sala ouvindo música clássica

— Ah, tia Mimi, hoje tem ensaio então vaza daqui — John sempre muito amoroso com tia Mimi

— Vocês que ensaiem do lado de fora porque eu que mando nessa casa – deu uma pausa e olhou para trás de John – Olá Mariana, como vai a sua mãe? Não sei como ela deixa você andar com John e esse garoto estranho — veio se aproximando de nós

— Olá, eu sou Paul McCartney — entregou a mão para tia Mimi que apenas ficou olhando para sua mão

— Você me traz cada coisa John — tia Mimi subiu para o seu quarto e nos deixou sozinhos

— Não liga, ela é assim mesmo – John falou, iria falar mais coisas, mas os garotos chegaram gritando

Sentamos nos sofás e John ficou em pé

— Hoje começamos o dia com um novo integrante, Paul tanto faz — eles começaram a aplaudir e Paul ficou com vergonha — continuando, amanhã temos um show

— O QUE? — Paul gritou e eu me assustei, ele virou e pediu desculpas para mim

— Bem-Vindo ao The Quarrymen

Passaram a tarde toda ensaiando para a apresentação em um pequeno Club não tão importante, John ainda estava com o pé atrás por causa de Paul

— Então Mari, quer que eu te leve em casa? — Olhei para cima e vi que era Paul, antes de responder John apareceu do nada

— Eu vou levar ela, pode ir embora McCarthy

— É McCartney, tá tudo bem Mari? — Paul me chamou pelo apelido, nem sabia como ele sabia o meu nome, já que John me chamava de docinho quase sempre e o único momento que falou meu nome o Paul não estava dentro da igreja, em nenhum momento ele perguntou o meu nome

— Você é famosa Mariana, a princesa das fábricas de tecido Campbell, quem em Liverpool não conhece?

— Ah, para com essa cantada ruim, vamos logo Mari – John me puxou pelo braço para fora de casa e ficou o caminho inteiro calado. Estava pensando no que Paul tinha dito, todos de Liverpool nos conheciam não tinha como não conhecer a fábrica de tecidos Campbell, era como não conhecer a maior loja de música, a NEMS, os Epstein's eram bastante conhecidos como nós, todos esperavam que eu desse continuidade a fábrica ou que criasse uma linha de roupas, já que todas as garotas queriam ser eu e depois que comecei a andar com John queriam mais ainda e eu só queria ser uma menina qualquer que tira fotos de uma banda e é isso. Quando vi já estava na frente da minha casa e John me encarando

— Tá tudo bem?

— Tá, só estava pensando em coisas

— Hm, pronto está entregue — John saiu andando com as mãos no bolso

— John, esperaí — sai correndo — posso te perguntar algo?

— Já perguntou — saiu andando mas virou e riu — É claro que pode meu docinho

— Parece que você não gosta do Paul

— Não gosto mesmo

— Mas porque?

— Ele se acha demais Mari, ele quer te seduzir, vai que ele quer se aproveitar de você? Não posso deixar isso acontecer

— Mas você faz o mesmo com garotas John

— Com você é diferente, eu quero te proteger

— John — peguei seu rosto em minhas mãos — Não preciso de você para me cuidar, posso fazer isso sozinha

John acabou concordando com isso, mas sabia que iria me proteger de qualquer maneira

— Posso te pedir algo? — falei para John

— Depende mas, eu deixo

— Vira amigo do Paul

— MAS NEM PENSAR

— Vocês vão se dar bem, tenho certeza

— Só por você, ok?

— Obrigada John — dei um abraço nele e sai correndo para casa 

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