Two of us

24 de Maio de 1960

George POV

A turnê já acontecia há 4 dias e não era nada que imaginávamos. Tocávamos em locais quase vazios, sem muito público e quando era nossa vez as pessoas pediam por Gently o que nos fazia tristes, menos McCartney que era um cretino que via tudo como algo positivo e lindo e dizia que depois acharíamos graça de tudo isso, ah claro, vamos rir de raiva de tudo isso. Estávamos viajando pela Escócia em uma van com poucos assentos para todos, isso até me lembra o dia que eu e Stu até trocamos alguns socos para decidir quem se sentaria nos bancos e quem se sentaria na parte dura. Eu, Paul e John decidimos que Stu e Tommy se sentariam na parte dura. Estávamos sendo extremamente idiota com eles, não permitíamos que Tommy ou Stu sentassem conosco para comer e dávamos a pior cama para ele dormir. Com tudo isso, John começou a ficar mais grosso ainda com Stu e Tommy, como Tommy é mais velho que nós ele o chamava de papai ou vô e isso visivelmente o incomodava além disso, John fazia diversas pegadinhas com Tommy. Nessas viagens Paul aproveitava para perguntar tudo que podia para Gently

Flashback on

Paul POV

Todos estavam quietos em cada canto e eu pensava como iria escrever uma carta a Mari sem parecer desesperado ou morrendo de saudade. Gently estava me observando

— Escrevendo uma carta para a namorada? - ele perguntou

— Não, é uma amiga

— Você está agindo como se fosse uma namorada, pelo seu nervosismo

— Nada a ver, não é como se eu estivesse extremamente apaixonado

— É claro, vou fingir que acredito

— Gently, me diz um pouco sobre a fama, gravações em estúdios e tudo

— Calma rapaz. As fãs são malucas, correm atrás, passam a mão, pedem autógrafos, é uma loucura. Já o estúdio é um lugar legal, todos ficam juntos. Só você experimentando saberá. Já gravaram alguma vez em estúdio?

— Já, mas nada tão profissional quanto o que você já passou

— Um dia, talvez, vocês chegam lá - ele acendeu um cigarro

— Qual seu conselho para chegarmos lá? - perguntei

— Indo o mais rápido possível para Londres

— Desculpa senhor Gently, mas queremos, por enquanto, conquistar apenas Liverpool - voltei para a carta da Mari

Flashback off

George POV

Se querem saber o status da carta para Mari ela continua inexistente. Outra coisa que aconteceu durante essa turnê foi o Gently chamando eu e John para seu quarto para falar sobre uma composição que não estava finalizada

Flashback on

— Fiquem a vontade - Gently falou depois de fechar a porta do quarto

Sentamos em um sofá que havia no quarto e esperamos ele falar algo

— EU sei que não são profissionais, mas eu gostaria que ouvissem uma música que escrevi, mas não consigo finalizar. Se chama "I've Just Fallen For Someone"

Ele tocou a música e eu fiquei sem poder ajudar porque eu não sabia compor nada, por mais que gostaria ter essa oportunidade. John estava bem quieto e do nada

—  We know that, Will get by, just wait and see. Just like the song tells us, The best things in life are free

Gently olhava para John um pouco chocado, a reação de John para "finalizar" o verso sem fim foi extremamente rápida, era uma música que Gently estava travado a muito tempo e John resolveu seu problema em menos de 20 segundos.

Saímos do quarto de Gently depois de alguns minutos com ele e virei para John

— Eu acabei de compor um pedaço de uma música com Johnny Gently - John estava meio chocado - Essa eu vou contar para os meus netos

Flashback off

No momento estávamos indo para mais um show da turnê na nossa van. O motorista estava de ressaca e Gently resolveu que seria o motorista da vez já que metade de nós não sabíamos dirigir. De repente tudo saiu voando para todos os lados, uma das cases com uma das nossas guitarras dentro parou na cara do Tommy

— Está tudo bem ai atrás? - Gently perguntou

— Mas que merda foi essa? - John falou

— Eu bati a van - ele respondeu descendo da van

Saímos de dentro da van e tinha várias pessoas ajudando o homem do outro carro. Nada demais aconteceu, só Tommy provavelmente perdeu dois dentes. Uma família chamou a ambulância para levar Tommy logo ao hospital. Ficamos sentados em uma mureta esperando a ambulância chegar. Duas meninas chegaram correndo com um livro em suas mãos

— Vocês podem autografar? - elas perguntaram já entregando o livro

— Pedir autografo depois que sofre um acidente, que educação - John disse revirando os olhos e levou uma cotovelada de Paul

— Claro que podemos meninas, não há nenhum problema, não é John? - Paul falou com um olhar matador

— Mas é claro - John riu falsamente e pegou o livro das meninas

Algumas horas depois...

John POV

Entrei escondido no hospital para buscar Tommy porque precisamos dele para o show. Achei um jaleco perdido no hospital, o coloquei e fui andando até o quarto que ele estava

— Parabéns, você recebeu alta - falei entrando no quarto

— Quem é? - ele perguntou meio estranho

— Sou eu, seu amigo John Lennon

— Mas você não é doutor

— Agora eu sou o Doutor Lennon, só vamos logo. Para de me enrolar

Puxei ele para fora da cama e tive que colocar a roupa nele, que nojo. Ele estava muito tonto e mal conseguia ficar em pé, não tinha ideia onde estava e o que estava acontecendo. Estávamos quase saindo do hospital quando um doutor nos parou

— Algum problema Doutor - ele leu o que estava escrito no jaleco - Meandean? 

— Esses bêbados, ficam arrumando problemas por aqui depois que suas namoradas deram um chute na bunda, estava o medicando e já o mandando para fora daqui

— Ah isso realmente é terrível, você quer ajuda?

— Não tem necessidade, muito obrigada Doutor. Agora deixa eu levá-lo logo

Sai correndo de dentro do hospital e arrastando um corpo todo mole e o joguei para dentro de um táxi. Chegamos no local do show, estava impossível de tirá-lo de dentro do táxi até o taxista teve que ajudar a tirá-lo de dentro do carro e o deixou na calçada. Eu joguei o jaleco que peguei no hospital no lixo que tinha do lado da entrada. Eu entrei procurando por Stu e Paul para ajudar a levar Tommy para dentro. Depois de muita dificuldade conseguimos colocar ele para dentro e passar pelo público. Já estava na hora de entrar no palco, tivemos que o jogar no banco da bateria e rezar que ele pelo menos batesse algo para fingir que estava tudo como pensamos. Com certeza esse foi o melhor show da turnê.