Sétima súplica de um ômega

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Jimin dera alguns passos para trás, todavia, fora inevitável não sentir a presença dominadora engolindo todo o espaço. O silêncio se mantinha integro, interrompido apenas pelas respirações dos dois corpos vivos naquele ambiente, a noite não parecia mais tão fria, não parecia propícia para uma emboscada ou simplesmente para um ataque inesperado de um animal selvagem. Nada poderia estar tão pacífico como aquela madrugada se não fosse pela presença completamente predatória que o general exalava, a meia luz que a fogueira ainda produzia permitia que o nobre pudesse ver a transformação nos sentidos do mais velho, as veias iam se estirando e estendendo, tornando-se aparentes, pulsando incontrolavelmente sob a pele extremamente clara.

Os lábios manchados de vermelho e a língua completamente pintada do mais rubro vinho. Ele estava diferente, estava agindo como um caçador, como se todos os séculos que se passaram haviam voltado e, com eles, trouxessem toda a covardia que eram as "caças aos ômegas" de volta. O nobre era sua presa, a única coisa que conseguia passar por sua mente. Jimin hesitava, estava receoso, completamente amedrontado com a forma com que a presença do mais velho o sufocava, fazia-o querer sucumbir às ordens de um mero general. Logo ele, um

Duque, um elemento da alta sociedade que, em hipótese alguma, deveria ser cobiçado por um mero militar, contudo, as coisas haviam mudado desde que Busan havia sido conquistada, ou melhor, tomada do controle dos cinzentos.

Com o que tentava se enganar? Isso não mudava a verdade dos fatos, havia salvado a vida do Min, ele não poderia simplesmente caçá-lo como se fosse um mero servo, não deveria olhá-lo de forma tão sensualizada, como se fosse apenas mais uma carne fina para sua degustação. O ar parecia cada vez mais rarefeito para seus pulmões, o cheiro do alfa estava começando a entorpecer seus sentidos...

O garoto estava fraco, permitindo-se submeter, todavia, não era um ômega para que isso realmente acontecesse. Os passos para trás tentavam aumentar a distância entre ele e o general, contudo, a cada passo dado pelo mais novo, os pés do militar se instigavam a diminuir ainda mais aquele espaço indesejado. O que estava acontecendo consigo afinal? Nunca havia se deixado ludibriar por um simples aroma, não era de seu feitio se comportar como um selvagem, mas nada disso era significativo quando suas pupilas encontravam a presa indefesa a sua frente, indefesa e pura.

Aaah... O cheiro de Jimin poderia matá-lo, era como se a cada gota de sangue seu fosse possuída por algo enigmático, era poderoso, avassalador. Ele não queria, mas seu corpo não obedecia aos comandos, era controlado pelo instinto, seu lobo lutava contra sua relutância e ganhava fatidicamente, era uma guerra batalhada, porém, sem chances de vitória. Seria seu fiasco, fiasco ainda maior quando o odor de medo se expandia em seus pulmões, mesclado com todo aquele doce e quente aroma. Estava no paraíso, deitado no parapeito para a morte, beirando o precipício entre o a sanidade e o pecado.

A ponta dos dedos do mais velho enroscavam em seus fios, os lábios entreabertos, os corações batiam descompassados, descontrolados... O nobre estava tremendo, seus músculos pareciam não corresponder ao desejo de correr, de apanhar o punhal em sua cintura e acertar o mais velho para que esse se afastasse de si. Parecia paralisado no tempo, impotente de suas capacidades de ação e de fuga. O rosto de Yoongi ia chegando cada vez mais perto de seu rosto, cada vez mais íngreme em seu pescoço, até que ali, naquele exato lugar e momento, as narinas do general se arrastaram pela pele dourada, arrepiando ainda mais os pelos do corpo do rapaz.

–Jimin... –um gemido fora deixado sem culpa no ar, o general já não conseguia mais se controlar. –Desculpe-me pelo que eu farei, mas você realmente está tornando as coisas mais difíceis para mim...

O suspiro não passara despercebido pelo general, era seu passe livre, não conseguiria se controlar a tamanha beleza e profundidade no olhar de um único ser. Estava condenado, condenado pelos próprios atos que ainda não havia cometido. A palma que antes acariciava tranquila e delicadamente a face do garoto, agora se tornava cruel, brutal, faminta pelo toque de pele, do calor que surgia a cada centímetro ali percorrido e apalpado. Os cabelos prateados foram puxados para trás, inclinando sua face de uma forma angulosa, rude o suficiente para arrancar um choramingo do menor.

Moonlight eyesWhere stories live. Discover now