Como se fosse ontem

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Eu sabia que tinha que me preparar bem antes de viajar para Califórnia. Decidi começar os preparativos avisando para o Denilson – o diretor da faculdade.
— Oi Denilson.
— Oi Anne, precisa de algo?
— Na verdade, eu preciso conversar com o senhor. Nos próximos dias, eu estarei viajando para Califórnia, e vou precisar fazer as atividades adiantadas, tem como?
— Claro, falarei com a Cátia e ela te dará o adiantamento das atividades. Mas, tem um porém, você sabe que teremos alguns estágios pela frente, portanto, você só poderá ficar no máximo, três dias fora.
— O que? Mas eu preciso de uma semana!
— Me desculpe Anne, mas assim você perderá os estágios, e poderá perder as atividades importantes. Mas se ainda assim você quiser ir, não posso fazer nada.
— Tudo bem.

Eu saí da sala do Denilson totalmente triste. Essa era a única vez que conseguir viajar por um bom tempo depois do diagnóstico, e eu nem poderia aproveitar a cidade em três dias. Mesmo assim, fiquei feliz só pelo fato de poder conhecer o sr Wilson Gley.
Voltei para casa naquele dia super triste, e fui direto para o quarto. Quando estava deitada pensando sobre a Califórnia, ouvi alguém bater na porta, e conclui que era o Ramon.
— Anne?
— Oi. Entre.
— Você está bem?
— Estou. Obrigada.
— Eu tenho algumas notícias que não serão muito boas.
— Ah, nem me fale em notícia ruim.
— Eu comprei as passagens.
— Essa é a notícia ruim?
— Mas só podemos ficar hospedados por apenas dois dias. Me desculpe.
— Ramon isso é ótimo!
— Ãn? Como assim? Anne são só dois dias! Não iremos nem aproveitar a cidade. Isso é bom?
— Ramon, acabei de conversar com o diretor da faculdade, e ele disse que eu só poderia ficar lá por no máximo três dias.
— Nossa, que dia de sorte. Você pagou promessa?
— É óbvio que não né Ramon.
— Parece. Nós iremos depois de amanhã, acho bom você ir se preparando.
— Mas já ?
— Sim ué, eu também estou ansioso. Mas não se preocupe, já está tudo preparado.
— Ramon, muito obrigada por tudo o que você está fazendo, de verdade.
— Anne, posso lhe confessar uma coisa?
— Pode.
— Eu não sou de mostrar sentimentos, mas você foi a única que conseguiu arrancar isso de mim, a única que me fez ver que eu sou cheio deles. Algo que ninguém tinha feito antes, por isso, quem deve agradecer sou eu.

Eu fiquei completamente sem reação; nessa hora, o papai entrou na sala.
— Oi Ramon.
— Oi sr Carlos.
— Como está a família?
— Está muito bem, muito obrigada.
— Já está preparado para a viagem?
— Ah, sim estou. Pelo que parece, a Anne também. Prometo para o senhor que ocorrerá tudo bem. Pode ficar tranquilo.
— Eu confio em você rapaz. E olhe que a minha confiança são poucos que tem.
— Obrigada Sr Carlos.

Eu e o Ramon nos despedimos. Um turbilhão de sentimentos passou pelo meu coração naquele dia. Ninguém nunca tinha falado algo parecido com o que o Ramon disse. Eu nunca tinha ouvido isso de ninguém. Naquele dia, eu descobri um lado de mim que eu nunca tinha visto. Aquele foi o dia em que eu vi que você percebe que está amadurecendo, quando a beleza não impacta tanto quanto o jeito que te tratam. Parecia meio sem sentido o jeito com que as coisas ocorreram na minha vida. Mas eu acredito que muitas coisas na vida, não precisam fazer sentido, Bastam valer a pena. E eu via nos olhos do Ramon, que o nosso sentimento valia a pena.