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     Além da Ketellyn, eu também tinha outra amiga chamada Carol. Ela era a minha amiga de infância, eu tinha uma enorme consideração por ela, ela sabia praticamente tudo sobre mim e eu sabia tudo sobre ela. A dois anos, a Carol se mudou para Amsterdã, por isso diminuímos um pouco o contato mas não deixamos de nos falar. Foi ela quem me deu todo o apoio pra que eu não desistisse da faculdade de medicina enquanto todos achavam um absurdo. Por causa da ida da Carol pra Amsterdã eu acabava passando muito mais tempo com a Ketellyn. A amizade que eu tinha com a Ketellyn não chegava nem perto da minha amizade com a Carol, até porque eu só vim conhecer a Ketellyn na faculdade, mas isso não quer dizer que eu gostasse menos dela, nós nos respeitamos e confiamos umas nas outras. A minha amizade com a Ketellyn começou porque ela também era amiga da Carol.

       Nós três temos personalidades tortamente diferentes. A Ketellyn, como eu já disse, é um pouco espevitada, todos os garotos davam  cima dela. Diferente da Carol que é mais reservada, mas isso não quer dizer que ela também não namore com com alguns garotos. Enfim, eu sou a 'diferentona', mas elas nunca me trataram de modo diferente por causa disso. Eu tinha falado com a Carol da minha ida para Califórnia, desde então, sempre nos falávamos por telefone. Mas eu acabei esquecendo de contar pra ela sobre o Ramon, até que na última ligação eu falei.

   — Oi Carol!
   — Olá querida! Tudo bem? Como estão indo os preparativos para a viajem?
   — Estão indo bem, a mamãe até que está aceitando.
  — Que ótimo! Esqueci de perguntar, você irá com os seus pais né?
   — Dessa vez não.
  — O quê? Como assim menina? Eles deixaram você ir só? Você não pode Anne.
   — Não Carol, não se preocupe, eu vou acompanhada.
   — Pera aí, me deixe respirar. Anne você está namorando?
   — Não exatamente, estamos nos conhecendo aos poucos, mas quem sabe...
   — Ai meu Deus, eu não acredito nisso! Minha amiga namorando! Isso é algo muito inusitado. Eu estou muito feliz!
   — Amiga, não estamos namorando, estamos apenas nos conhecendo, até porque eu ainda acho que é demais pra mim.
   — Ah, não fala assim, você é muito especial Anne.
   — Obrigada.
   — Qual o nome dele mesmo?
   — É Ramon.
   — Meu deus! Não é o Ramon do clube de Miami é?
  — Sim, é ele mesmo.
  — Filha da puta, que sorte! Ele é lindo. Ah, vocês fazem um excelente casal. Estou pronta pra ver o casório.
   — Não seja exagerada né Carol, não vamos casar. Ele me trata muito bem, acho que podemos dar certo, sei lá.
   — Claro que sim! Anne eu estou feliz por você amiga, eu quero muito ver você com alguém que te faça feliz. Vocês transaram?
   — Claro que não Carol!
   — Tá parei, Tô feliz sério.
   — Muito obrigada amiga. Quando você virá aqui de novo?
   — Talvez nos próximos meses, mas assim que confirmar eu te ligo, tudo bem?
   — Tudo bem.

     Eu e a Carol confiávamos muito uma na outra. Às vezes ela sabia o que eu estava sentindo sem eu precisar dizer uma palavra. Isso me fazia sentir que eu não estava totalmente só. Ela sempre me ajudou quando eu precisei, eu me sentia motivada a fazer o mesmo por ela mesmo estando longe.

Como se fosse ontem Onde histórias criam vida. Descubra agora