Eu e o Ramon formos nos arrumar para o jantar. Enquanto o Ramon se arrumava no quarto dele, eu estava no meu quarto enfrentando o meu grande dilema: escolher o look ideal para a ocasião. Eu não estava pensando em vir para a Califórnia e participar de um jantar, não tinha me preparado pra isso. Mas de qualquer forma, eu tinha que dá um jeito. Fui vasculhar as minhas roupas na mala mas nada me convenceu. Até que me lembrei de que tinha deixado uma outra sacola de roupas na mochila do Ramon, por isso fui no quarto dele chamá-lo.
— Ramon?
— Só um minuto!
Oi, aconteceu alguma coisa?
Ele estava de toalha, tinha acabado de sair do banho.
— Não, desculpa te atrapalhar.
— Claro que não, tudo bem.
Naquele instante só me vinha na memória o primeiro dia em que fui na casa dele e ele estava sem camisa com um short moletom. A sensação era a mesma.
— Eu esqueci a minha sacolas de roupa aí.
— Pode entrar. Se você consegui achar no meio de toda essa bagunça.
Peguei a sacola que estava ao lado do guarda roupas e fui me arrumar no meu quarto.
Quando entrei senti uma forte dor de cabeça. Eu tinha esquecido de trocar o cilindro. Eu não sabia exatamente como fazer isso por que sempre era o papai que trocava o oxigênio pra mim. Mesmo assim, com muita dificuldade consegui trocar.Dentro da sacola tinha um vestido tubinho azul claro que o papai me deu antes de viajar. Eu gostava dele, mas era muito curto e tinha uma cara de vestido de prostituta, Pelo menos eu achava isso, e foi com ele que decidi ir. Pela primeira vez decidi usar maquiagem. Coloquei um batom vermelho, e uma máscara para cílios, o que já era demais pra mim.
Assim que terminei, o Ramon já estava em pé na frente da porta me esperando.
— Oi.
— Nossa.
— O que foi?
— Você está incrível.
— Segunda vez que você diz isso.
— Dessa vez é pra valer.
— obrigada.
— Por nada. Vamos?
— Sim.Descemos as escadas do hotel de mãos dadas até chegar no térreo onde ficava o restaurante Caravile. Tudo era muito nobre, cristais tomavam conta do espaço. As mesas eram decoradas com orquídeas vermelhas, e tinha uma mensagem escrita num papel dourado em cada cadeira. A mesa reservada pra mim e pro Ramon era as do fundo. Ao lado do restaurante ficava o lago do Norte, as comportas eram feitas de vidro, a vista era maravilhosa. O Ramon ficou impressionado com tudo aquilo.
— Agora eu sei porque chamam essa cidade de oitava maravilha do mundo.
— É, aqui é realmente incrível.
— Sem duvidas.
— Ramon, o que são esses bilhetes?
— São mensagens pra vida. São feitas por um monge, isso é costume daqui. Dizem que as palavras lidas pelos convidados se tornam reais na vida deles.
— Que incrível.
— Anne o que está escrito no seu?
— " Se o amor deu, ele mesmo é propício a tirar"
— Nossa, que épico.
— E a sua?
— "A vida sabe o que queremos, e mesmo assim ela se faz de difícil"
— Uma metáfora.
— É exatamente o que eu penso.
— Por que?
— Não gosto de ficar reclamando da vida Anne. Olha onde nós estamos agora, não tem porque reclamar, mas não consigo deixar de pensar que a vida só é dolorida pra mim.
— Isso não é verdade. Olha pra mim. Uma garota de 16 anos com leucemia morrendo aos poucos.
— Esse é o problema, queria está na sua situação. Queria poder sentir uma dor que não fosse emocional.
— Não diga isso Ramon.
— É a verdade. Não somos nada além do quê dizemos que somos Anne, quem te disser o contrário é mais digno de pena do que qualquer outra pessoa.
— Eu nunca vou descordar de você, mas você nunca perderá nada em ser positivo, ao contrário isso fará com que mais portas se abram e atrairá a felicidade pra sua vida. Além disso, você vai está dando pro seu coração o que ele merece.
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Como se fosse ontem
RomanceAnne Clinton é uma jovem com uma doença terminal que sonha em se formar em medicina. A vida de Anne muda de uma hora pra outra quando ela encontra o amor da sua vida.