Capítulo Treze - "Eu to aqui com você, eu não vou te deixar"

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"– Mamãe? – Sua voz saiu baixa.

Segurava uma pelúcia pequena, um gato negro. Sedoso, havia ganhado de uma tia que morava na Suécia. Era seu melhor amigo desde que ganhara, não saia para lugar nenhum sem ele.

- Mamãe? – Disse mais uma vez, enquanto andava pelo corredor da casa.

Nada, não haviam respostas, não haviam barulhos.

Acabou tropeçando, sem saber onde ou no que. Tudo ficou escuro, parecia que só ele estava ali. A pelúcia escorregou dos seus braços, caindo no lado escuro do cômodo e sumindo. Sentiu uma dor, e olhou para seu joelho, que parecia sangrar.

- Mamãe, mamãe! – Chamou, com os olhos marejados. – Eu me machuquei, mamãe!

Não ouviu resposta. Limpou os olhos e se levantou.

- Mamãe, eu preciso de você! – Gritou. – Mamãe!

Uma luz apareceu, guiando para uma enorme porta. Ele correu, correu com toda a vontade. Aquilo só poderia ser um sinal, um sinal que ela estava atrás daquela enorme porta.

Empurrou-a, e depois de muito esforço, conseguiu abrir uma fresta para que pudesse passar. Pela aparência, parecia ter cinco anos.

Arregalou os olhos. Sua mãe estava indo, puxava duas malas e ao menos olhava para trás. Embaixo de seu braço, o gato repousava.

- Mamãe! – Gritou, mas ela não virou. – Mamãe! Eu estou aqui! Mamãe! Não me deixa, por favor...

Ela não se virou, ao invés disso, entrou em um carro, que saiu em alta velocidade. Tudo ficou escuro, e ele estava sozinho de novo. Sem ninguém, completamente no escuro. Ela parecia ter levado tudo, desde seu maior companheiro, a sua maior alegria.

- Adrien..."

- Adrien! – Acordou, atordoado. Suava, e seus olhos estavam marejados. Sentia-se quente, enquanto parecia sentir dor. Uma dor emocional, psicológica. Olhou para o lado, vendo que Marinette estava ali, de joelhos sobre a cama. Em um movimento momentâneo, puxou-a e abraçou sua cintura, enterrando o rosto sobre seus seios, cobertos pela blusa do pijama que usava. As lagrimas desciam de uma maneira quase involuntária.

- Ela me deixou...e-ela.... e-ela me abandonou... – Fungou, e sentiu as mãos delicadas da garota envolvendo-o. – E-Ela...e-ela...

- Shiii... – Marinette murmurou, apertando-o contra ela. – Calma, calma... Foi um pesadelo...

- N-Não foi um pesadelo, ela me deixou... – Ele disse, mais lágrimas corriam pelas suas bochechas. – E-Ela... m-me abandonou... E-Eu sinto tanta falta dela... T-Todos me d-deixaram...

- Calma, Adrien... – Disse, levantou seu rosto. Focou os olhos nos dele. – Foi um pesadelo, eu to aqui com você. Você não tá sozinho...

- M-Mas... eu vou ficar... – Sua voz era baixa e atrapalhada pelas lagrimas e soluços. – T-Todos vão m-me deix...deixar... assim co-como ela....

- Eu to aqui com você, eu não vou te deixar, tudo bem? – Ela disse, mas ele pareceu não ligar. Seu olhar era quebrado, frio. Marinette sentiu seu coração se apertar. Crianças eram muito mais fáceis de se lidar do que adultos. – Adrien, olha pra mim!

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