Capítulo Dezenove - Figuras do passado.

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- Como está se sentindo? – Ele perguntou, se aproximando dela, que estava enrolada em um lençol e abraçada a uma almofada. "Para todos os Garotos que Já Amei" passava na Netflix, e ela parecia assistir com atenção. Já havia dormido boa parte da tarde, sob a supervisão do loiro, que mesmo ela quase expulsando dali se recusava a deixa-la ali, a mercê da sua sorte e cuidados próprios.

- Estou bem, Adrien. – Ela disse, parecendo repetir pela décima vez. – É só um resfriado, não precisa ficar assim.

- Se fosse um simples resfriado, sua febre deveria ter abaixado já. – Ele murmurou, colocando a mão sobre a testa dela. Marinette revirou os olhos com tudo aquilo que, para ela, era apenas um drama do garoto. – Você tem certeza que tomou os remédios certos?

- Claro que tomei! – Ela disse, cruzando os braços. Pausou o filme apenas para lhe mandar seu melhor olhar irritado. – Adrien, eu moro sozinha fazem mais de dois anos! Pelo menos meus remédios eu sei tomar!

- Não sei. – Ele fez uma careta, e ela bufou. – Mas não vou contestar. Vou fazer uma compressa pra você, talvez isso ajudar a abaixar.

Ele se virou, e ela deu de ombros. Puxou o lençol ao sentir-se com frio, e voltou a assistir o filme. O loiro foi até a cozinha, e começou a procurar por algum pano de prato que pudesse molhar. Assim que achou um, sentiu o celular vibrar no bolso da calça. Puxou-o, atendendo sem nem mesmo checar o contato.

- Alô? – Murmurou, apoiando o celular no ombro enquanto molhava a toalha. Quase deixou a mesma cair na pia quando ouviu a voz do outro lado da linha.

- Boa noite, Adrien. – A voz de Kagami era seca, e até mesmo dura. – Você tem noção de que horas são?

- Porque eu deveria ter? – Questionou-a sem responder-lhe, algo que sabia que a irritava profundamente. Ouviu-a bufar, e ficou em silencio por alguns instantes, parecendo buscar calma para continuar a conversa.

- Porque já faz meia hora que os investidores do seu pai chegaram, e você ainda não! – Ela esbravejou, mas com cuidado para não soar alto demais. Adrien quis dar um tapa na própria face. O jantar de negócios! Como pode esquecer?! – Estão todos te esperando para dar início ao jantar!

- Merda, me esqueci totalmente. – Ele suspirou. – Eu... chego daqui a pouco. Estou ocupado no momento.

- Com o que? – Ela perguntou, curiosa e debochada. Ele revirou os olhos, mesmo sabendo que ela não veria.

- Não é da sua conta. – Murmurou. – Tchau.

Largou o celular sobre a pia de mármore e mordeu o lábio inferior. Um ótimo momento para o jantar! As coisas não poderiam piorar.

- Pode ir, eu vou ficar bem. – Ouviu a voz da mestiça, e se virou, vendo a mesma ali, parecendo uma boneca com os cabelos bagunçados e o nariz vermelho, além da camisola longa. – Eu já me sinto melhor.

- Mari, eu não te disse que é melhor ficar na sala? – Ele disse, num tom calmo, mas repreendedor. Ela revirou os olhos.

- E eu não te disse que vou fazer o que quiser? – Retrucou, com um sorriso convencido. Ele se deu por vencido.

Mas não completamente.

Intercalou o olhar entre a garota e o celular. Não poderia abandonar o jantar, mas também não poderia deixar Marinette ali. Poderia tentar ligar para alguma amiga dela, mas do jeito que Marinette parecia ser, expulsaria qualquer uma e preferiria se virar sozinha.

- Se troca. – Disse de momento, atraindo a atenção da garota. – Você vai comigo.

- O que?! – Sua voz saiu alta, confusa e surpresa. Do que ele estava falando?

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