Capítulo Vinte - Vindo a tona.

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A garota intercalou o olhar entre os dois. Tom e Sabine, ambos trajados por modelitos caros e bem feitos, estavam ali, em carne e osso, o que a deixava sem emoções aparentes. Ela se sentia confusa, e a gripe não ajudava. Só conseguiu se afastar quando a mulher ameaçou se aproximar.

- Não me toque! – Esbravejou, e viu-a fazer uma careta.

- Não aja assim, querida. – Sua voz era irônica. Soltou uma risada que fizera Marinette querer gritar de ódio. – Ainda somos seus pais.

- Pararam de ser quando mentiram para mim! Quando me trataram como um brinquedo que poderiam manipular e fazer o que quiserem com ele! – Resmungou. – Quando esconderam assuntos como se eu fosse uma criança sem opinião válida! Como se não fosse sobre a minha vida que estavam tratando!

- Foi para o seu bem, anjinho. – Tom murmurou, suspirando. – Pensávamos no seu bem-estar! Na sua qualidade de vida, não queríamos que sua vida fosse estragada!

- Vocês só pensaram em vocês! – Seu tom era acusador e ela parecia irritada. Lembranças voltavam à tona em sua mente, e ela se segurava para não falar demais ou atrair a atenção de algum outro convidado. – Em vocês, no status de vocês, e em toda essa merda que vocês passaram a dar valor! Mais valor até do que para a família de vocês!

- Não, nós sempre pensávamos em você também! Não queríamos que perdesse sua juventude com algo... fútil, inútil e desnecessário! – A comparação feita por ele fizera com que ela ficasse com ainda mais raiva, mas antes que pudesse dizer algo, ele voltou a falar. – E para te provar que não pensamos só em nós, filha, queremos que você volte a morar conosco. Você tem tudo o que precisa, não sei porque se põe em tal posição. Te daremos tudo o que você precisa, como sempre foi.

- E "ele"? – Perguntou, de forma irônica. Viu sua mãe revirar os olhos.

- "Ele" não está em discussão. – Sabine disse, com um pouco de repulsa. – Você, Marinette, ainda é o nosso bem mais precioso. Você é nossa filha, e... não vamos deixar que essa besteira que aconteceu fique entre nós... Isso já é passado.

- Essa "besteira"? – Ela disse, e cruzou os braços. – "É passado"?! Vocês me deixam enjoada! Como podem falar isso sobre ele? Ele tem o sangue de vocês! Ele... ele é da nossa família!

- Ele é um bastardo na nossa família, Marinette! – Tom esbravejou, já deveras irritado com o rumo que tal discussão estava tomando. – Ele não merece nosso sobrenome, ou estar entre nossa família. Ele não é como você.

- Se ele é um bastardo, eu também sou. – Murmurou, em um tom determinado. – Lidem com isso, e me procurem quando aceitarem-nos como um todo, e não só eu. Se o que ocorreu foi uma besteira, eu também faço parte dela.

Não os deixou dizer algo, saiu andando pela mesma rota que veio, e se surpreendeu ao encontrar Adrien procurando-a.

- O que aconteceu? – Perguntou, ao vê-la com os olhos levemente marejados. Ela fungou.

- Meu nariz está péssimo. – Mentiu, dando-lhe um sorriso falso. – Poderia me mostrar onde é o meu quarto? Estou cansada, acho que preciso dormir.

[...]

Já eram quase duas da manhã quando conseguiu ser "dispensado" das inúmeras conversas em que seu pai o colocava. Subiu correndo para os quartos, mas fora parado quando sentiu seu braço ser segurando. Revirou os olhos ao ver a Kagami.

- Nunca esperei que viesse acompanhado. Uma pena eu não ter visto a garota ainda, foi a novidade que correu pela casa. – Ela reclamou, e ele bufou. – Não acho que faz seu tipo.

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