Manuela On
Acordo assustada me sentando num sofá, ainda é noite. Olho para os lados e vejo que estou na casa de Gabriel. Um certo pavor se encontra em meu coração. Foi tudo tão rápido. Os foguetes a correira, eu nem sei que merda aconteceu.
Estava descendo pra casa da Lorena quando dois policiais chegaram e simplesmente me bateram. Sim, ELES ME DERAM UM TAPA NA CARA. E depois, Gabriel os matou. Deus, ele os matou mesmo.
Com esses pensamentos sinto meus olhos se encherem de lágrimas me fazendo abraçar meu próprio corpo. Eu olho pro lado e encontro Gabriel deitado no chão ao lado do sofá com uma almofada e um lençol. Inclino meu corpo e toco seu cabelo com a minha mão, ele resmunga algo e logo abre o olhos pequenos. Fofo. Ele sorrir pegando minha mão e levando até os lábios dando um beijo.
- Está tudo bem? - Ele questiona se sentando deitando a cabeça em minhas pernas, afundo minhas unhas em seus cabelos e faço carinho
- Dorme comigo - Peço baixo e ele apenas assente
Ele se levanta e se deita ao meu lado envolvendo meu corpo com sua mão. Ele faz carinho no meu cabelo e aos poucos pego no sono.
(...)
Abro meu olhos me sentindo plenamente protegida. A um cobertor fofinho, a chuva lá fora e a Gabriel me abraçando. Eu me viro o encontrando com a respirando leve. Parece um bebê, ninguém fala que é bandido.
Perco a noção do tempo o encarando. Me aproximo devagar e dou um selinho em seus lábios. Ele sorrir ainda de olhos fechados enquanto sinto sua mão em minha cintura.
- Bom dia morena - Fala com a voz rouca me fazendo arrepiar
- Bom dia bebê - Sussurro sorrindo
- Que gay - Diz nos fazendo rir
Nós encaramos por alguns segundos até seu rosto passar de aliviado para preocupado. Ele toca meu rosto observando algo.
- Merda Manu - Ele diz ainda olhando esse algo e eu me torno preocupada
- O que houve? - Questiono franzindo a testa
- Aquele verme te marcou - Ele diz me envolvendo em seus braços me deixando mais confusa - Ele bateu em você - Falo baixinho
Sim, eu levei um tapa na cara, e o pior, de um policial. Me deito e o encaro por alguns instantes. É muito difícil toda a situação, desde que resolvi sair do meu luto tudo tem sido intenso, eu o conheci, ele tirou minha virgindade e banca o neorotico ciumento as vezes.
- Você os matou!! - Afirmo o fitando
- Manu, olha...
- Como consegue estar aqui sem sentir o mísero se ressentimento? - Questiono um pouco rude
- Eles bateram em você - Ele resmunga desviando seus olhos dos meus. Ele se senta e logo está de pé alcançando seu celular
- Ótimo, agora me sinto culpada pela morte de dois homens - Me sento no sofá também
- Deixa de ser dramática - Ele da de ombros ligando a televisão
- Você é ridículo - Me levanto pegando meu tênis no chão enquanto ele rir debochado
- Entendi, eu sou ridículo - Ele caminha atrás de mim, só quero um copo de água e ir pra casa
- Sim você é - Falo abrindo a geladeira pegando o jarro com água gelada
- Já chega - Ele tira o jarro da minha mão e me segura pelos ombros - Entenda uma coisa Manuela, isso aqui é uma favela, uma favela enorme, se eu não mato vira zona, se não controlo vira zona. Entendeu? - Ele cerra os olhos - Eu não mato por fetiche ou prazer, mato por que não tem saída, você queria que deixasse aquele verme encostar mais em você? preste atenção nas suas próprias palavras, defendendo um cara que deixou seu rosto marcado - Ele bate forte a porta da geladeira e caminha para sair da cozinha, mais para na entrada se virando pra mim - Eu posso ser bandido, mais sou o único que não tem coragem de encostar a mão em uma mulher, e não aceito qualquer um fazer isso no meu morro - Diz me deixando sozinha em seguida
Eu coloco a mão em rosto e choro. Que droga eu tô fazendo aqui?
Eu engulo meu choro e seco minhas lágrimas. Calço meu tênis e caminho em direção a sala, meus pés travam quando o vejo sala sentado com as mãos apoiadas nos joelhos... Chorando.
- Eu já disse a você que não escolhi ser o dono desse merda - Ele me encara - Você acha mesmo que simplesmente era meu sonho de menino virar bandido? Vai se fuder, não vem me julgar porque matei, eles te bateram, da mesma forma que meu pai bateu a vida toda na minha mãe - Ele abaixa a e cabeça pensativo - Eu..... Eu queria ser professor - Ele sorrir e eu choro mais, velho, ele simplesmente está baixando a guarda pra mim - Vem cá - Bate em sua perna e eu vou igual uma criança chorona - Para de chorar - Me abraça
- Eu não sei o que estou fazendo da minha vida Gabriel - Digo - Eu quero meus pais - Soluço
- Calma morena - Faz carinho em meu cabelo
- Eu acho que estou apaixonada - O agarro e ele engasga, não estou fazendo sentido algum
- Pelo playboyda faculdade? - Me afasta olhando em meus olhos
- Por você - Solto de uma vezes
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A nova moradora do morro
Teen FictionA vida de Manuela se reconstrói quando seus pais morrem em um assalto e ela se ver obrigada a morar na Rocinha com seus parentes mais próximos. Linda, charmosa e educada , Manu não passa despercebida pelo dono do morro Gabriel. Um trilha de desafios...