Capítulo 1 Aniversário

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Katy 

Parada em frente ao espelho, analiso a minha imagem. Olho o reflexo da mulher no espelho, tão diferente daquela garota sensível, aquela garota com uma certa dependência emocional. Ela não se parece em nada com a mulher de hoje. A mulher com o coração fechado para o amor. A mulher que depois de muitas terapias, não precisa recorrer a mais ninguém durante a noite enquanto dorme. Hoje, ela sabe o que sentir, como sentir, e até onde sentir. Ninguém mais fere o seu coração. E as vezes me pergunto, se me fechar assim, foi o certo a se fazer. O vestido longo verde, contrasta com meus olhos. Dou uma pequena retocada na maquiagem leve que Lucy fez. Tento dissipar alguns pensamentos que vem em minha mente. Lembranças para ser mais exata. É impossível comemorar o meu aniversário, e não ter algumas lembranças dele. Seu nome, se tornou algo proibido em minha boca. Pois quando digo e escuto o mesmo, a lembrança ainda é dolorosa. Tem um velho ditado que diz, para se ter o arco-íris, é preciso passar pela tempestade. Eu passei pela tempestade. Enfrentei muitas coisas. Chorei sentindo a falta dele. Senti a falta dele como um usuário sente de uma droga. Senti muito nos primeiros dois anos. Depois anestesiei toda essa dor. Até conseguir falar com certeza como estava bem. Não tenho todas as cores do arco íris ainda, pois como toda decepção, ele me deixou marcas. Mas hoje posso dizer que estou bem. Lembro raramente de tudo o que aconteceu. Tenho Lucy em minha vida. No meio de toda a bagunça que a minha vida virou, ela foi a luz na escuridão. Não nego que fiquei completamente surpresa com a aparição dela. Meus pais sempre foram completamente apaixonados um pelo outro. Tinham um relacionamento invejável, jamais imaginei que meu teria um caso extraconjugal. Em um momento, fiquei decepcionada, com a revelação. Imaginei como minha mãe se sentiria sabendo de tudo isso. Lucy me contou, que no dia que sua mãe revelaria para o meu pai, que estava grávida dele, ele contou a ela que minha mãe estava grávida de mim. E sua mãe, não quis contar a ele, escondeu a gravidez e batalhou sozinha para criá-la. Eu soube que ela era minha irmã. Soube desde quando a olhei. Desde quando vi nela, os olhos do meu pai. Irmandade que foi confirmada dias depois através de um exame de DNA. Eu creio que Lucy foi obra do destino, um erro do meu pai, que veio se tornar um acerto em minha vida. E Deus, como precisava de alguém como Lucy em minha vida. E somente o destino, poderia trazer alguém como ela. Lucy é uma pessoa iluminada. Onde chega, sua alegria irradia e contamina o ambiente. Tem as suas doses certas. É carinhosa, prestativa. Só vira o cão, quando está nervosa. Ou quando fica no mesmo ambiente que Steven. Steven ainda se mantem ao meu lado. Criamos um laço, que jamais imaginei um dia. Não que minha amizade e Alex, tenha sido desfeita. Mas depois de tantas magoas, acabamos nos afastando. Nos vemos de duas a três vezes no ano, e ainda sim, sinto que nossa ligação é somente por conta de Becky. A doce menina ruiva, de olhos azuis iguais aos de sua mãe. Becky é completamente doce. Tem a meiguice do pai, com a aparência da mãe. Não tive mais notícias de Hanna, soube que ela ficou internada, mas nunca questionei ninguém a respeito dela. Não falo com os Trampells, desde quando eles praticamente vetaram Steven da família. Eles o culparam por tudo que aconteceu a Hanna. Steven só tentou protegê-la. Mas segundo eles, Steven tem toda a culpa por tudo que Hanna fez, por ele ter escondido as cartas, ele piorou o seu estado mental. Vejo eles bem pouco, quase nunca. Não concordo com o que fizeram com Steven, e deixei isso claro a eles. Steven é completamente maravilhoso. Hoje, ele é um homem formado, com um caráter admirável. É meu braço direito na construtora, R&R MORGAN. Me ajuda a comandar exatamente tudo. Queria dizer que ele é completamente maduro. Mas sua maturidade, tem um certo limite, ou melhor uma certa pessoa. Lucy e Steven, desde quando se conheceram, travaram uma guerra interna entre si. É praticamente impossível, eles ficarem sem brigar, ou trocar farpas no mesmo metro quadrado. Eles me deixam completamente louca. Parecem duas crianças birrentas. Morar com eles, era completamente divertido e estressante. Até que depois de uma briga entre Steven e Lucy, Steven foi morar sozinho. Ele usou essa desculpa, mas no fundo sei que ele precisava de privacidade com seus casos amorosos. E lucy, implicava com todas. Eles são a minha família. São tudo o que tenho. E agradeço ao destino, por esses dois. Por mais que tem dias que tudo o que quero é colocá-los, em uma mala e despachar para o Japão.

Entre Consequências (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora