Pelos últimos cinco anos da minha vida, uma das palavras que mais escutei foi o nome dele. Pietro Fillipo Greco, meu futuro marido. O filho mais velho de Don Enrico Greco, o próximo na linha de sucessão, o jovem que comandaria todos nós quando o pai morresse.
Eu podia sentir o suor escorrer por minhas costas enquanto tentava lembrar de todas as regras de etiqueta durante o jantar. Era uma tradição das famílias manter os noivos sempre conectados, sem deixar que muitos anos se passassem entre um encontro e outro.
Papà e mamma* assinaram o contrato de casamento na semana seguinte ao meu nascimento. Eu já estava prometida a Pietro quando era apenas um feto, mas a tradição obrigava a assinatura somente quando ambas as crianças já tivessem nascido, como uma forma de precaução para que nenhuma família se prejudicasse em caso de deficiência física ou mental.
Foi assim que selaram meu casamento com o futuro Don** da Soprattutto. Cresci sendo doutrinada a respeitar e obedecer a um marido, principalmente sendo ele da famiglia. A pressão sobre mim seria ainda maior sendo esposa de um Don. Precisaria gerar um herdeiro para o sobrenome Greco, que manteria o status de chefe para nossa casa. E que Deus permitisse que fosse um menino!
Eu estudava num colégio frequentado pela elite siciliana e nem todas as minhas amigas eram de famílias da máfia. As que não tinham conhecimento sobre o assunto, achavam absurdo eu ser obrigada a me casar com alguém que meus pais escolheram. As que faziam parte da Soprattutto entendiam as tradições e achavam o máximo que meu noivo fosse ninguém menos que Pietro Greco.
Não que isso importasse para ele. Pela forma como olhou para mim quando chegamos, estava claro que me considerava uma fedelha. Bem, eu era. Estava no auge dos meus doze anos e, por mais que minha mãe se esforçasse em domar minha juba e me vestir adequadamente, tinha certeza de que ele me enxergava como um patinho feio.
— Pare de encarar, Giovanna — minha mãe, a matriarca da família Mancini, sussurrou ao pé do meu ouvido com uma ameaça velada.
— Mas ele não é meu noivo? — sussurrei de volta, atazanando o juízo dela. — Ele é tão bonito...
Stefania Albertini Mancini respirou fundo e colocou um sorriso no rosto, para ninguém em especial.
— Você vai envergonhar nosso nome.
Certo. Eu precisava mesmo me controlar. Só que era difícil, porque Pietro era mesmo uma pessoa muito atraente e meus olhos não conseguiam desgrudar do rosto dele. Todas as minhas amigas já tinham beijado na boca, menos eu. Algumas já tinham passado da segunda base com alguns meninos, menos eu. Quando Paola chegou no colégio mês passado, contando que Luca tinha apalpado seus seios por cima do sutiã, todas nós quase caímos para trás.
Eu sequer podia cogitar sonhar com algo assim. Se saísse por aí beijando e tocando garotos, minha mãe seria capaz de cortar minha língua e meus dedos.
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[DEGUSTAÇÃO] Chefe da Máfia - SOPRATTUTO LIVRO 1
RomanceLIVRO COMPLETO NA AMAZON. Aos sete anos, Giovanna Mancini foi apresentada ao homem com quem um dia se casaria, dezesseis anos mais velho. De uma família tradicional da Sicília, ela crescera sendo treinada para respeitar e obedecer ao futuro marido...