Acordei com os olhos inchados de tanto que chorei na noite anterior. Sentia ódio, medo e tristeza. Nada daquilo era para acontecer, eu devia estar aproveitando minha liberdade e curtindo ao lado de Susan.
Susan, meu Deus! O que a garota estaria pensando? Tudo que ela sabia era que eu tinha sido agarrada e retirada da boate por um troglodita gostoso. Será que tinha chamado a polícia? Será que fazia alguma ideia de quem era o homem que me sequestrou? E minha bolsa, onde estaria? Eu sequer estava com meu celular para poder ligar e pedir socorro para ela.
Rolei na cama, sobre lençóis tão macios que quase faziam eu me sentir nas nuvens. O cheiro do diabo estava impregnado nos travesseiros, portanto, tinha jogado tudo para o lado e não me importei em dormir com a cabeça no colchão puro. Agora, enquanto encarava o teto, puxei um dos travesseiros e abafei meu rosto com ele. Inspirei profundamente, decorando o que não tinha certeza de ser um perfume ou apenas o cheiro natural do Don.
Deixei-o de lado e olhei em volta. O quarto era imenso, muito amplo e claro, decorado em tons que iam do branco ao bege. A parede do lado direito da cama era toda tomada por cortinas do teto ao chão e à esquerda havia um sofá que parecia muito confortável, de frente para uma enorme tela com projetor preso ao teto.
Sentei-me na cama e encarei o que devia ser a entrada do closet, mais à frente. Uma parede de vidro separava os ambientes, mas não senti vontade alguma de ir até lá. Dormir na cama dele já tinha sido a cota diária suficiente.
Pisei sobre o tapete felpudo e deixei que meus dedos absorvessem o calor dos pelos, enquanto usava o tempo para pensar em meu próximo passo. Como eu faria para fugir? O prédio era de luxo e eu sabia que um Don vivia cercado por seguranças, mas tinha que encontrar um jeito. Precisava descobrir a senha do apartamento e, principalmente, do elevador. Para conseguir isso, deveria conquistar a confiança de Pietro. O que significava ser a antiga Giovanna mais uma vez.
Fui até o banheiro e peguei a escova de dentes sobre a bancada de mármore branco. Fiz minha higiene pessoal e deixei o quarto. A casa estava em silêncio, portanto, achei que estivesse dormindo. Não sabia onde ficava o escritório, então andei por tudo até chegar à cozinha.
— Bom dia, Giovanna. — Para meu espanto, Diavolo estava passando um café.
Congelei no lugar, pelo bem da minha sanidade. Pietro estava sem camisa e com a mesma calça de moletom da noite passada. Felizmente, ele se manteve de costas e não viu quando meu queixo caiu. Ali estava a marca da Soprattutto, que somente a alta hierarquia — e apenas os homens — podiam exibir. Era o desenho de uma estrela, com um coração em seu interior e uma serpente que rodeava ambos os símbolos, enroscando-se neles. A tatuagem começava em suas escápulas e descia até seu cóccix. Conforme o Don se mexia, seus músculos davam a impressão de que a serpente estava viva.
Meu pai possuía uma idêntica, só que em menor tamanho. E aquela percepção me fez recordar minha antiga vida. Eu tinha sido feliz, até a morte dele.
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[DEGUSTAÇÃO] Chefe da Máfia - SOPRATTUTO LIVRO 1
RomanceLIVRO COMPLETO NA AMAZON. Aos sete anos, Giovanna Mancini foi apresentada ao homem com quem um dia se casaria, dezesseis anos mais velho. De uma família tradicional da Sicília, ela crescera sendo treinada para respeitar e obedecer ao futuro marido...