Capítulo 23

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Bom dia, amorecos! 

Respirem fundo, peguem uma xícara de café quentinho e se preparem para a leitura. Nunca é fácil escrever essas coisas... Algumas pessoas já tinham suspeitado e, bem, bora ler.

Atenção: capítulo com conteúdo pesado que pode ativar gatilhos emocionais.

Estranha

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Estranha. Era como me sentia após mais de uma hora trancada no quarto com a senhora Greco. No entanto, também me sentia leve. Como se dividir o peso do segredo com mais alguém fosse capaz de amaciá-lo um pouco. Não era verdade, eu ainda estaria marcada para o resto da vida. Mas tinha aprendido a conviver com os sentimentos conturbados enterrados em minha mente.

No final da conversa, Giulia me levou até um quarto de hóspedes e pediu que eu ficasse à vontade. Era uma suíte com um belo banheiro e pude relaxar durante o banho, antes de me deitar na cama e encarar o teto.

Fiz o que mais temi em toda minha vida; contei tudo a alguém. Contei tudo a ela. Minha última cartada antes de ser entregue de bandeja a Lorenzo.

Ele era irmão de meu pai, sete anos mais novo que ele. Minha primeira lembrança mais marcante de sua presença em minha vida era da minha festa de aniversário de cinco anos. Estava vestida de bailarina e, depois cantar parabéns, ele me colocou sentada em seu colo e encheu meu rosto de beijos. Não lembro com precisão de toda a cena, guardava apenas alguns flashes na memória, mas dizia que eu era muito linda.

Lorenzo morava na Calábria e, por isso, visitava esporadicamente. Sempre, sempre que estava em nossa casa, fazia questão de me tocar o tempo todo. No cabelo, nas pernas, nos braços. Estava acostumada a ouvir as pessoas dizerem que eu era uma criança muito bonita, então achava normal o fato de que meu tio vivia me abraçando e me apertando quando ficávamos a sós.

A ficha caiu quando eu entrei na pré-adolescência e meu corpo começou a mudar sutilmente. Passei a achar estranho demais meu tio sentir tanta necessidade em manter as mãos em mim. Era, principalmente, pegajoso. Ele nunca foi muito além de beijos exagerados no rosto ou mãos deslizando pelos meus braços e pernas, mas eu sentia que não era certo. Passei a evitá-lo o quanto pude.

Quando papà faleceu, ele veio ficar uns dias em nossa casa, com a intenção de nos ajudar a colocar os negócios nos eixos. Foi ali que minha vida se tornou um pesadelo da noite para o dia. Durante a primeira madrugada, acordei quando minha porta abriu e senti uma sensação muito ruim ao vê-lo entrar no meu quarto. Sentei-me com pressa na cama e antes que pudesse falar, sua mão pesada tapou minha boca. Ele se sentou ao meu lado e aproximou o rosto. Disse que minha mãe correria perigo se eu contasse e, ciente de que eu estava apavorada, colocou o pênis para fora e começou a se tocar. Aquela imagem nunca sairia da minha mente. Eu mal conseguia compreender o corpo masculino muito bem e a forma como ele se tocava embrulhou meu estômago. Sabia que era muito errado.

[DEGUSTAÇÃO] Chefe da Máfia - SOPRATTUTO LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora