C U R S E

Infância Perturbada - CAP 3

Eu tinha 7 anos quando minha família foi assassinada, era uma criança ainda, e claro, não conseguia me virar sozinho. Era uma luta diferente a cada dia nas ruas do Reino. As pessoas me olhavam com desprezo, e por onde eu passava a minha maldição deixava ao menos uma família morta. Até que um dia um homem me acolheu em sua casa. De alguma forma ele sabia sobre minha maldição e conseguiu criar uma forma de se comunicar comigo. Ele não era uma pessoa má, era isso que eu pensava. Aos olhos de uma criança que estava passando fome e frio, um homem que lhe oferece um lar não é uma má pessoa. Felizmente, mais tarde eu descobri quem ele realmente era e então fugi de casa mais uma vez.

De alguma forma, quando eu olho para Yuzu eu enxergo o meu eu do passado. Sem família e sem saber o que fazer pra continuar vivo.

Agora mesmo estamos indo para a casa do tal homem que cuidou de mim quando criança, porque eu suspeito que foi ele que matou aquele velho. Sim, esse homem é um assassino profissional. Eu morei 2 anos da minha vida com um assassino sem saber, até hoje eu não consigo acreditar nisso.

Apesar de não ser normal eu fazer isso, aluguei um cavalo para me locomover, normalmente eu o roubaria, mas agora tenho a Yuzu quando precisar negociar com alguém.

- Que droga, está começando a escurecer e eu não trouxe nem uma lamparina. Maldita floresta escura. - Falo fazendo o cavalo correr mais rápido. - Se segura aí Yuzu, vou apertar o passo.

Ela apenas abraça minhas costas mais forte e segue calada.

- Ei Yuzu, já ouviu falar na lenda do palhaço Jobi?

Hã? Por que estou perguntando isso? Ela perdeu as memórias.

- O palhaço que mata crianças delinquentes?

Me surpreendo com a resposta e me calo por alguns segundos.

- Sim, isso mesmo. - Olho para seu rosto que estava voltando toda sua atenção para mim e então desvio o olhar. - Tenho que te dizer uma coisa. O palhaço Jobi não é uma lenda, ele é real. Eu morei com ele por dois anos.

Como eu estava olhando para frente, não pude ver a reação dela ao escutar essa frase, mas logo pude perceber que ela estava segurando pra não rir.

- EI SUA PESTE, EU ESTOU FALANDO SÉRIO.

- Eu não tenho mais idade para acreditar nessas bobagens kk. Bom... Eu acho...

Isso prova que ela ainda consegue se lembrar de algumas coisas.

- Bom, nós já estamos chegando, você gostando ou não vai conhecer ele.

De repente ela segura a minha cintura com mais força. Seria isso medo?

[...]

Chegamos no local antes do total anoitecer. Desci do cavalo e fiquei observando os funcionários do circo trabalhando nas armações das barracas. Uma cena que trazia lembranças pra mim.

- Ei, isso é um circo? - Yuzu me pergunta com os olhos brilhando.

Ela é mesmo uma criança. Para ter uma reação dessa ao ver um circo, tem que ter uma mente bem infantil.

- Sim. Eu não te disse? Nós viemos atrás do Jobi.

- O palhaço? - De repente aquele seu sorriso vai embora.

- Não se preocupe, não vai acontecer nada com você. - Falo colocando a mão em sua cabeça.

Jobi é dono desse circo, apesar de não parecer ele é bem popular, e isso ajudar a encobrir as merdas que ele faz. Todas denúncias contra ele são totalmente ignoradas, sendo assim, não precisa ser muito inteligente pra saber que há um esquema de corrupção dele com a armada do governo.