Chuva De Corpos - CAP 6

68 13 9
                                    

Há 100 anos atrás, uma bruxa chamada Stella surgiu no reino. Apesar de nunca terem visto sua face, todos sabiam que ela existia por causa de seus seguidores. Seu objetivo ficou claro só depois de alguns anos, que era eliminar toda a família real. A família real tomou medidas drásticas contra isso, usaram feiticeiros para excluir da memória de todos do reino, os seus nomes, sobrenomes e rostos. E no final se trancaram no castelo real da capital. Durante 100 anos todos as pessoas do reino só sabiam o primeiro nome e o rosto de um único membro da realeza, o rei. Muitos boatos de possíveis sobrenomes surgiram, e com o tempo todos se cansaram e aceitaram a decisão do rei. Esse sistema durou por exatamente 90 anos, até que um dia toda a família real foi assassinada em uma única noite. Eu fui o único sobrevivente naquela dia. Se me perguntassem o porquê, eu não saberia responder até hoje.

Tudo aquilo ainda é um grande mistério. Ninguém sabe o que realmente aconteceu naquela noite. A única coisa a qual eu me lembro é de toda a minha família morta na sala de jantar.

- Então quer dizer que ele mentiu esse tempo todo pra nós? - Shuu pergunta furioso.

- Eu não menti, foram vocês que nunca perguntaram sobre a minha família. - Respondo calmamente.

- Ele está certo em não ter contado nada. Se a bruxa descobrir que ainda têm alguém da família real vivo, com certeza ela ira atrás. - Takese fala pensativo. - Mas o que sera que Jun pretende fazer? Vocês não têm essa dúvida também? - Sua expressão pensativa se converte em um sorriso.

- Eu não pretendo me vingar, se é o que vocês estão pensando. Eu só quero ter uma vida tranquila, só isso. É claro que eu sinto falta da minha família, mas não é só por isso que eu vou enfrentar a bruxa e sua seita. Há coisas que eu priorizo mais, tipo, beber.

Ao escutar isso, todos me encaram com olhares de reprovação.

- Mas eai, o que têm mais de importante nesse diário? - Miuna pergunta.

- Passagens secretas para dentro do castelo...

QUE? Minha irmã realmente escreveu sobre essas passagens? Que irresponsabilidade.

- Depois de ler esse diário eu bolei uma teoria que supostamente pode estar certa. Suponho que só a família real sabia dessas passagens secretas, mas por um ato de irresponsabilidade Yuzu escreveu em seu diário sobre elas, e por um acaso ele caiu em mãos erradas, facilitando assim o assassinato da Família Real.

- Essa é uma boa teoria, mas ela também nos leva a desconfiar da igreja, não? Afinal de contas é ela que estava com o diário. Você acha mesmo que a igreja católica têm alguma coisa haver com o assassinato da minha família?

- Você acha que devemos investigar isso, Takase? Não acho que a igreja tenha alguma coisa haver com isso, mas por via das dúvidas... - Shuu exclama.

- É óbvio que a igreja em sí, não tem nada haver com isso. Mas o padre... Dele sim podemos desconfiar. Afinal de contas ele não me disse como conseguiu o diário.

Apesar de não querer vingança, eu ainda quero saber o que aconteceu naquela noite e o porquê de ter acontecido aquilo. Esse padre deve saber pelo menos uma resposta de alguma dessas minhas dúvidas.

- Você ganhou essa Takase, amanhã irei com vocês até essa tal igreja. Esse será o meu último movimento como um Seven Curse (7 CURSE).

Takase apenas sorriu ao escutar isso.

[...]

Ao amanhecer preparamos os cavalos e seguimos em direção ao centro da capital do reino, onde fica a igreja católica. Ainda na floresta, Takese começa à explicar algumas coisas:

- Antes de chegarmos na cidade vamos nos separar, com esses capuzes vamos chamar muita atenção se andarmos em bando. Iremos nos reencontrar na porta da igreja, entendido?

- Sim... - Todos respondem juntos.

Pra falar a verdade eu não me lembro dessa igreja ter tanto envolvimento com a minha família. Esse é um dos outros motivos por qual eu estou indo até lá, quero confirmar essa história.

[...]

Quando chegamos perto da entrada da capital, nos separamos em duplas. Obviamente Yuzu veio comigo.

Antes de seguirmos para a igreja fui até o lugar onde havíamos alugado o cavalo e pedi para Yuzu entregar o animal ao seu respectivo dono, pois já havia se esgotado o tempo do aluguel. Depois disso começamos a seguir o resto do caminho andando. Entramos em uma rua muito movimentada e cheia de barracas.

- Você ficou com a Sayu ontem à noite, não foi? - Pergunto desacelerando o passo.

- Aah sim, aquela moça de cabelo curto né? Ela foi bem legal comigo e também aquele outro de cabelo laranja. - Ela responde sorrindo.

- Você deve estar falando do Shuu.

Com certeza ela deve ter gostado dele. Shuu é a alegria em forma humana, qualquer criança gostaria dele.

- Você deve estar com fome, naquela barraca alí deve ter algumas frutas, vai lá e compre algo pra você. - Falo colocando duas moedas de ouro em cima da cabeça dela.

- Obrigada hehe. Você vai querer algo também?

- Não, compre só para você.

Ela começa a correr em direção à barraca mas de repente para e então olha para atrás.

- Tem certeza? Sayu me contou sobre a sua maldição. Em quanto eu estiver com você posso ser sua porta voz, assim você não vai machucar ninguém. - Ela exclama com um olhar confiante.

Sayu abriu a boca primeiro? Que droga, queria ter sido eu a falar com ela sobre isso. Não quero que Yuzu sinta pena de mim.

- Está tudo bem, eu não quero nada.

De repente o céu começa a se fechar, anunciando chuva. O vento que traz as nuvens espalha um aroma de Magi pelo ar. Talvez uma chuva forçada por um feiticeiro. Isso levantou minhas suspeitas.

Yuzu comprou uma maçã e veio correndo até à mim. Me ofereceu gentilmente mas neguei, depois levantou uma exclamação um tanto quanto sincera:

- O pessoal da 7 Curse parece bem legal, m-mas pra falar a verdade eu prefiro ficar com você.

Ok, por essa eu não esperava. Quem em sã consciência iria querer ficar com um alcoólatra amaldiçoado como eu?

- É muito perigo você ficar comigo. Eles vão cuidar melhor de você. - Falo desviando o olhar.

- E quem vai cuidar de você? - Ela pergunta com a cabeça inclinada.

Sem reação, eu apenas permaneço paralisado na frente dela. De repente o céu começa a desabar sobre nossas cabeças, a chuva cai juntamente de todas as pessoas que estavam passando. Todos começam a desabar no chão como se estivessem mortos.

- Que merda é essa? - Falo olhando os arredores.

- O-o q-que é isso Jun? T-Todos estão mortos? - Yuzu pergunta assustada.

Não, isso não é possível. O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

[Continua...]

C U R S EOnde histórias criam vida. Descubra agora