Capítulo bônus, parte II - Quem é você, Anita?

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No capítulo anterior:

"Senti uma dor incrível e automaticamente levei a mão à cabeça. A água ao meu redor ficou vermelha. Desesperada, tentei voltar à superfície, mas meu corpo simplesmente não obedecia. Senti meus pulmões sem ar, e o gosto de sangue tomar minha boca enquanto afundava mais e mais. Era estranho, mas a única coisa que me veio à cabeça foi a pergunta que o Luan me fez: Afinal, quem eu era de verdade? Naquele momento, senti como se parte cada de mim estivesse em conflito e o resultado dessa guerra era a escuridão total e o frio da água tomando conta de tudo."

Ponto de vista do Luan

- Anitaaaa! - Gritei como um louco, o medo tomando conta de mim. Eu não sabia como, mas a Divinha e o Faísca haviam fugido do canil e vindo correndo em direção ao jardim como um trem desgovernado. Ao ver a dona, a nossa cadela pulou com tudo nas costas dela, fazendo a Ní perder o equilíbrio, bater a cabeça na borda da piscina e cair dentro da água com tudo.

Assim que me aproximei e vi a água tingida de vermelho, eu não perdi tempo. Mergulhei e a trouxe de volta à superfície. Ela estava desmaiada e coberta de sangue que brotava de um corte na testa.

Coloquei seu corpo na beirada da piscina e fiquei olhando para ela completamente desesperado. Eu queria acordá-la, queria abraçá-la e aquecê-la da água gelada, queria protegê-la de qualquer jeito, mas não conseguia. Parecia que meu coração estava sangrando junto com ela, ou que minha mente também estava desmaiada. Ao longe eu ouvia o grito e os comentários dos convidados, e via o movimento das pessoas, mas nada era capaz de me tirar daquele estado de torpor.

- Papai, papai, o que aconteceu com a mamusca? - a Nicole correu em minha direção, jogando os braços ao redor do meu pescoço, as lágrimas caindo pelo rosto. Ali do lado, a Divinha me encarava com cara de "a culpa não foi a minha", como se quisesse se desculpar pelo acidente.

- Ela caiu e se machucou, Nica. Mas não é nada demais, a gente vai cuidar de tudo e ela vai ficar boa logo - minha filha me puxou de volta para a realidade. Não era hora para vacilar. Eu precisava ser forte e cumprir o meu papel de pai e de marido. Usando forças que eu nem sabia que tinha, saí da piscina e a peguei no colo, segurando-a firme entre meus braços.

Nessa hora, a Rafa apareceu ao meu lado com algumas toalhas para estancar o sangramento. O Neymar também veio ao nosso auxílio, batendo no rosto da Anita na tentativa de acordá-la enquanto o André gritava a plenos pulmões "a curica está DES-MAI-A-DA! CHAMEM O SAMU!"

Graça a Deus, um dos convidados da festa era médico e veio nos ajudar - Os sinais vitais estão bons e não há fraturas. O corte é superficial, mas vai precisar levar alguns pontos. Acho melhor levá-la para dentro, assim ela vai ficar mais protegida e não vai chamar atenção das pessoas - o doutor deu as ordens depois de cutucar minha esposa em um monte de lugares enquanto a examinava.

- Tá certo, vamos fazer isso - disse - Neymar e André, vocês podem cuidar dos convidados? Avisar que a Anita está bem mas que precisa repousar e dar um jeito de tocar esse povo daqui? - Pedi.

- Opa! Deixa comigo, parça! - o jogador disse, solícito.

- A-DO-RO expulsar pessoas! Vou botar esse bando de curicas pra correr! - André se empolgou com a missão.

- Nica, vou precisar que você fique com a tia Malú, por enquanto - pedi, colocando minha filha no chão. Depois acenei para que a Maria Luiza se aproximasse de mim.

- Mas eu quero ficar com a mamusca! Ela precisa de mim! - a Nica respondeu, demonstrando que teimosia era algo de família.

- Claro que ela vai precisar, meu amor. Então vamos combinar o seguinte: você vai fazer um desenho bem bonito. Aí, quando a mamãe acordar, você vai entregar para ela. Pensa em como ela vai ficar feliz com a surpresa! Vai até se recuperar mais rápido desse tombo - precisei improvisar.

A Granfina e o CaipiraOnde histórias criam vida. Descubra agora