Evolução tecnológica

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Com alguns desafios a mais, outros a menos, a roda se desfez. Todos partiram em grupos ou duplas para suas casas.

Tudo estava meramente diferente do que o cotidiano, como o fato de Daichi estar envergonhado ao lado de Suga, que comentava animadamente sobre como tinha sido jogar e até mesmo falava que iria sentir falta de cada um deles. Koushi se mantinha natural, como se nada tivesse acontecido; como se estivesse recitando uma receita de bolo.

Ou até mesmo Kageyama, que ainda tentava controlar o ímpeto de olhar as nádegas de Hinata. E tinha Asahi que não conseguia falar absolutamente nada coerente, errava, trocava palavras e dava goles generosos em sua garrafa de água para ver se seus ânimos voltavam ao normal, coisa que, francamente falando, não surtia o menor dos efeitos.

Ennoshita fazia perguntas básicas, na falha tentativa de agir normalmente com o garoto de cabeça raspada, que se mantinha limitado quanto a suas palavras. Seu rosto parecia estar mais quente que o resto do corpo, sempre com as mãos enfiadas nos bolsos da calça, virava o rosto para o sentido contrário ao colega evitando olhá-lo.

Chikara lamuriava-se em pensamentos pelo fato de sentir-se mal com toda aquela situação. Pensava que se tivesse sido cauteloso desde o início, nada estaria ocorrendo. Importava-se bastante com Ryuu, e o modo como ele parecia fugir lhe magoava, embora não comentasse nada, ao menos não diretamente.

- Ah... Ta um clima estranho - ousou. Vestiu expressões incômodas, externando aquela sensação inconveniente que fervilhava em seu peito. Viu Ryuu remexer os ombros descontente com o assunto. - Olha... Foi só um selinho, sei que você gosta de mulheres.

- Sabe mesmo? - Baixou a cabeça, diminuindo a velocidade de seus passos. O sorriso que formou-se em seus lábios não passou de uma mera sombra amargurada e confusa.

- Sei ué - rebateu, cheio de censura e magoado.

- Que bom... Pois eu não.

Os olhos de Chikara dobraram de tamanho e a boca de seu estômago se contorceu.

- O-Olha, é normal ficar confuso, ainda mais quando se ta na adolescência. Tipo... Encontrar nosso lugar no mundo é meio complicado, mas... Vai ficar tudo bem - recitou alguma coisa que tinha lido numa revista de mulher. E ele julgou que os homens deveriam falar sobre sexualidade também.

Não que fosse gay ou tivesse dúvidas sobre sua opção sexual, (pode ser, talvez, que fosse exatamente este o caso), mas gostava de manter-se por dentro destes tipos de assunto. Entre seus amigos, Chikara era aquele que dava conselhos e não fazia a menor ideia do que estava fazendo da vida.

Muitas vezes, Tanaka estava alegre, você poderia vê-lo tirar a camisa e gritar pelos corredores. Ou poderia vê-lo brincando e vibrando por alguma coisa junto do seu confidente, Nishinoya. Mas ao se tratar de namoros, era um completo fiasco. Até teve uma vez que tentou mudar por uma garota no fundamental, logo descobrira que apenas se tornava uma piada ainda maior do que um dia se considerou ser.

Não tinha costume de falar sobre essas coisas, por isso, apenas abriu um sorriso genuíno antes de dar uma tapinha no ombro de Ennoshita, e fingir que nada tinha dito, ou feito. Como se toda aquela situação embaraçosa nunca tivesse acontecido.

O outro adolescente abriu e fechou a boca sem saber o que falar de verdade, como se suas reações tivessem desaparecido num passe de mágica. As palavras ficaram presas em sua garganta, como se existisse uma enorme mão pressionando sua traquéia, era agonizante querer falar e não conseguir. Querer abraçá-lo e ter medo de ser rejeitado. Dizer que se importava, e ser caçoado. Ennoshita costumava fugir quando a barra ficava embaçada, mas naquela noite, Ennoshita decidiu ficar.

Verdade ou DesafioOnde histórias criam vida. Descubra agora